De tardezinha, a Amelia, mocinha ainda muito novinha, ia depositar o dinheiro da féria do armazém de meu avô lá no Banco de São Paulo S/A, na Avenida São Carlos. Se o italiano soubesse o que se passava no banco... Mamma mia!!!...
No banco, tinha um caixa, novinho, mas bem jeitosinho, que logo botou os olhos na Amélia. E a Amélia, lógico, bem que gostou da história. E a paquera muda continuou por muito tempo. Naquela época não era como hoje. Hoje, na hora, o rapaz chega na garota, nem pergunta o nome, e já vai dizendo: "E aí, mina! Van'ficá?" Isso, se "mina" já não for gíria de passado muito remoto, pois eu não consigo mais acompanhar o desenvolvimento da juventude. Agora, logo ao primeiro olhar, se o rapaz não fala nada, é a própria garota que o convida para "ficar". E ela, também, se esquece de perguntar o nome dele. Hoje em dia, entretanto, esse detalhe parece não ser muito importante.
Mas, naquela época diferente, a troca de olhares lânguidos durava meses! Um dia, ele se encheu de coragem e foi falar com ela. Mas a coragem só dava para isso: falar com ela! Para começar a namorar precisava de muita, muita coragem a mais! Mas a coisa toda estava bem encaminhada. E eu sou uma das provas de que, no final, deu tudo deu certo! Eu nasci, não é mesmo?
Porém, quando os dois se apresentaram, ela
entendeu o nome dele errado: Américo. A partir disso, era Amélia e Américo. Até
o dia em que ele se armou de coragem, mais uma vez, e disse a ela que não era
Américo. O nome dele era Amélio! Aí, ela se espantou: "Mas eu achava que
eu era a única pessoa com esse nome!" Não deu outra: casaram-se, em 1939,
depois de vários anos de namoro e noivado, também costume, na época.
O primeiro filho, eu, demorou um pouco. Eu nasci na virada do ano, em 1º de janeiro de 1942. Existem algumas tentativas de explicação para essa data. Alguns dizem que minha mãe tomou um susto com o estouro de fogos de artifício que comemoravam o novo ano, e... eu nasci. Às seis e cinco do dia primeiro.
Outros já tem uma versão diferente, minha preferida. Naquela época, começando às 23,45 horas, nós tínhamos, aqui em São Paulo, a famosa Corrida Internacional de São Silvestre. Vinham atletas do mundo todo disputar a prova, que se prolongava até os primeiros minutos do novo ano. Era uma coisa tradicional (que a Rede Globo sepultou, transferindo a corrida para o dia 31, à tarde, em benefício de seus programas de finais de ano, com suas Xuxas e Faustões da vida!). Todos comemoravam a entrada do ano novo, acompanhando, pelo rádio, a corrida de São Silvestre. Lógico que todos torciam pelos atletas brasileiros, mas estes... só foram ganhar, pela primeira vez, já nos anos setenta. E, na virada de ano 1941/1942, mais uma vez, o Brasil perdeu a prova. Aí, para compensar, dando uma imensa alegria a todo o povo brasileiro, eu nasci. Modéstia à parte!
Naquela época (quanta diferença!), só se sabia se era menino ou menina quando a criança nascia. Quando muito, faziam a tal simpatia da agulha para tentar saber o sexo. Mas, a agulha também não entendia muito do assunto. E eu nasci menino! Não tenho nada contra as mulheres! Muito pelo contrário! Mas, não me arrependo de ter nascido menino. A Nina também é favorável ao fato de eu ter nascido menino.
Depois do nascimento, começavam os palpites: "Vai chamar-se Antonio", "Eu prefiro Alfredo!", "Vocês estão doidos? O nome é AMÉLIO! AMÉLIO Junior!". Eu, lá no meu bercinho, vendo toda aquela discussão entre tios, tias, avós, comadres... E já imaginando horrorizado: "Vou ficar conhecido como Amelinho!!! Essa não!" Me dava tal desespero que logo começava a chorar. Aí, minha mãe terminava com a discussão: "Todo mundo prá fora! Ele está com fome e precisa mamar!" E, para sorte minha, meus pais decidiram que eu teria um nome diferente.
Eu escapei do Amélio. Minha irmã, não! Ela pegou o nome Amélia. Só que, como era costume na época, acrescido de um Maria: Maria Amélia! Até que ficou bonito. Eu acho!
Mas, a história nada tem a ver com minha irmã. Voltemos, pois, a dois anos e alguns meses antes de ela nascer. O meu nome! E meus pais resolveram, para o primeiro filho, homenagear meus avós paternos: Francesco e Giuseppina Catharina. Porém, de forma aportuguesada, lógico: Francisco e Catarina.
O primeiro filho, eu, demorou um pouco. Eu nasci na virada do ano, em 1º de janeiro de 1942. Existem algumas tentativas de explicação para essa data. Alguns dizem que minha mãe tomou um susto com o estouro de fogos de artifício que comemoravam o novo ano, e... eu nasci. Às seis e cinco do dia primeiro.
Outros já tem uma versão diferente, minha preferida. Naquela época, começando às 23,45 horas, nós tínhamos, aqui em São Paulo, a famosa Corrida Internacional de São Silvestre. Vinham atletas do mundo todo disputar a prova, que se prolongava até os primeiros minutos do novo ano. Era uma coisa tradicional (que a Rede Globo sepultou, transferindo a corrida para o dia 31, à tarde, em benefício de seus programas de finais de ano, com suas Xuxas e Faustões da vida!). Todos comemoravam a entrada do ano novo, acompanhando, pelo rádio, a corrida de São Silvestre. Lógico que todos torciam pelos atletas brasileiros, mas estes... só foram ganhar, pela primeira vez, já nos anos setenta. E, na virada de ano 1941/1942, mais uma vez, o Brasil perdeu a prova. Aí, para compensar, dando uma imensa alegria a todo o povo brasileiro, eu nasci. Modéstia à parte!
Naquela época (quanta diferença!), só se sabia se era menino ou menina quando a criança nascia. Quando muito, faziam a tal simpatia da agulha para tentar saber o sexo. Mas, a agulha também não entendia muito do assunto. E eu nasci menino! Não tenho nada contra as mulheres! Muito pelo contrário! Mas, não me arrependo de ter nascido menino. A Nina também é favorável ao fato de eu ter nascido menino.
Depois do nascimento, começavam os palpites: "Vai chamar-se Antonio", "Eu prefiro Alfredo!", "Vocês estão doidos? O nome é AMÉLIO! AMÉLIO Junior!". Eu, lá no meu bercinho, vendo toda aquela discussão entre tios, tias, avós, comadres... E já imaginando horrorizado: "Vou ficar conhecido como Amelinho!!! Essa não!" Me dava tal desespero que logo começava a chorar. Aí, minha mãe terminava com a discussão: "Todo mundo prá fora! Ele está com fome e precisa mamar!" E, para sorte minha, meus pais decidiram que eu teria um nome diferente.
Eu escapei do Amélio. Minha irmã, não! Ela pegou o nome Amélia. Só que, como era costume na época, acrescido de um Maria: Maria Amélia! Até que ficou bonito. Eu acho!
Mas, a história nada tem a ver com minha irmã. Voltemos, pois, a dois anos e alguns meses antes de ela nascer. O meu nome! E meus pais resolveram, para o primeiro filho, homenagear meus avós paternos: Francesco e Giuseppina Catharina. Porém, de forma aportuguesada, lógico: Francisco e Catarina.
Novamente, fiquei apavorado com aquela
conversa de nomes: "Como irão me chamar?" E, na minha imaginação
muito nova, pós-parto, pensei em uma combinação de nomes que me apavorou. Só
não fiquei de cabelos em pé, porque nasci careca (acho!). No meu raciocínio, eu
não percebia como iriam homenagear minha avó, que só tinha nomes femininos:
Josefina Catarina. Eles não seriam tão doidos de darem a mim, um legítimo
homenzinho, o nome de Catarina! Ou Josefina! Pensando bem, meu nome nem poderia
terminar com a letra "a". O que meus coleguinhas iriam comentar de
mim, na escola, embora isso ainda fosse um problema longínquo? E continuei
matutando: Francisco Josefina? Nem pensar! Francisco Catarina? Nem sei qual o
pior! Aí, no meu raciocínio de recém nascido, pensei: e se eles pegam uma parte do nome do meu
avo e outra parte do nome de minha avó e formam um nome novo? Poderia dar
certo, desde que a parte do nome de minha avó viesse primeiro, para evitar a
terminação em "a" do nome novo. E eu pensei: pega-se uma parte do
nome de minha avó: Cata, de Catarina. E, uma parte do nome de meu avô: Cisco,
de Francisco. Juntando-se as duas partes, deve ficar original e bonito:
Catacisco! Catacisco??? Não!!! Pode esquecer.
Nessa altura, virei para o outro lado e adormeci.
Enquanto dormia, sem minha participação, meus pais resolveram meu nome:
masculinizaram o nome de minha avó e acrescentaram o nome de meu avô. E foi
assim que eu fiquei José Francisco. Muito prazer!
(publicado na lista NESO, de discussão pelo Yahoo, aos 04/06/2005 e, neste blogue aos 08/07/2007)
(publicado na lista NESO, de discussão pelo Yahoo, aos 04/06/2005 e, neste blogue aos 08/07/2007)
Na foto de 1935, os Amélios namorando na praça, em São Carlos/SP.
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A BICHARADA, NO SÍTIO
Como vocês já devem ter notado, gosto muito orquídeas. Além
delas, também gosto de cultivar bromélias, cactos, árvores... plantas em geral.
Lógico que também gosto muito de animais. Tenho o maior respeito por eles.
Desde que não sejam ratos! E nem carrapatos! E nem pernilongos! E nem... esses
insetos todos que perturbam a gente. Admiro os urubus, os morcegos, as corujas,
e todos esses animais que, injustamente, por falta de maior conhecimento,
algumas pessoas lhes atribuem qualidades negativas, agourentas. E respeito as
cobras. Só que fico longe delas. Na foto
de hoje, apresento para vocês uma jararaca toda enrolada, em um vaso de uma
cactácea, à espera de algum passarinho que ali fosse atrás de insetos. É por
isso que tomo muito cuidado quando mexo em meus vasos.
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É isso, pessoal.
A todos vocês e às suas famílias, desejo um 2013 muito feliz.
Até o próximo ano e um abração.
JF