Não. Não é o Papai Noel que vocês pensam. Esta é a história do
Papai Paulo Noel.
Tudo se iniciou
ainda no início dos anos setenta, quando as crianças eram bem pequenas. Naquela
época, ainda na casa velha, Paulo, meu cunhado, resolveu vestir-se de Papai
Noel e fazer a distribuição dos presentes, na passagem do dia 24 para o dia 25
de dezembro. Não esqueço a expressão das crianças ao verem chegar o bom
velhinho. Foi uma emoção tão grande, para todos, que acabou virando uma
tradição, aqui no sítio. Todos os anos o Paulo veste-se de Papai Noel, para
alegria das crianças, agora os netos, dos adultos que eram as crianças da
época, e dos adultos que já o eram então.
Neste ano, pela primeira vez, minha
mãe não mais estará fisicamente se divertindo com a brincadeira. Mas, lá do
céu, com muita ternura, certamente ela estará acompanhando e abençoando tudo e
todos.
No início, o Paulo
precisava de travesseiros dentro da roupa, imitando a barriga do Papai Noel.
Mas, nem sempre foi assim, Anos houve em que o travesseiro tornou-se
dispensável. Com ou sem travesseiro, entretanto, é o mais perfeito e alegre
Papai Noel que se possa imaginar.
Mas, vamos ao
primeiro Natal do Papai Paulo Noel.
Como eu disse,
ainda era nos tempos da casa velha. Hoje, está tudo muito diferente, tudo
calçado em volta dessa e das outras casas que se construíram no sítio. Mas,
naquele tempo, era tudo terra. Não tínhamos os caminhos calçados, como hoje. E
como chovia, naquele tempo! E, com a chuva, ao redor
da casa, formava-se um lamaçal.
Lá pelas onze da
noite, família toda reunida na sala à espera do Papai Noel, o nosso Noel
tupiniquim sai pela porta dos fundos, às escondidas, para dar a volta e chegar
de forma triunfal e inesperada, ao menos para as crianças, pela porta da frente
da casa.
Mas, chovia. E
como chovia! Papai Paulo Noel precisou sair de casa segurando um guarda-chuva
com uma mão, enquanto a outra mão segurava o saco de presentes pousado em suas
costas.
Além da chuva,
ainda havia o problema de precisar andar no meio da lama. Nada que um bom par
de botas não resolvesse, embora elas ficassem imundas.
E lá se foi Papai
Paulo Noel, intrépida e garbosamente, sob chuva e em meio à lama, a caminho da
porta da frente da casa.
Porém, um perigo
esperava o bom velhinho, do lado de fora da casa. Os cães ladradores: o Toy e o
Perigo. Nomes bem sugestivos para dois autênticos "vira-latas", não é
mesmo? O Paulo bem que havia lembrado deles, mas eram dois cães mansos e não
iriam representar qualquer problema. Assim deveria ser se os cachorros
soubessem que não deveriam representar nenhum problema! Mas, não sabiam. E que
reação vocês imaginam que podem ter dois cachorros, numa noite de chuva,
escura, ao se depararem com um estranho balão vermelho amassando barro e
avançando em meio à chuva? Lógico! É isso aí. Apesar de não serem touros,
avançaram latindo para cima do atônito Papai Noel carmesim que, nessas alturas,
não sabia se saia correndo largando o saco de presentes no meio da lama, se
voltava para dentro de casa pela porta dos fundos, se chamava a polícia... Por
sorte, o pavor infundido aos cães foi maior que a coragem deles. Chegaram perto
mas não avançaram o sinal. Com isso, Papai Paulo Noel, todo molhado e
enlameado, pode fazer sua triunfal entrada na sala, para alegria geral.
Depois da entrega
dos presentes, tempo suficiente para que a chuva praticamente parasse de cair,
e presos os cachorros "devoradores" de papais noeis, Papai Paulo Noel
foi até à casa dos caseiros entregar seus presentes. Logicamente, eles não
estavam sabendo daquela inesperada visita, à meia noite da noite de Natal.
A casa estava
fechada, mas havia luzes na sala. O Paulo bateu. Depois de alguns instantes,
uma voz vinda do lado de dentro perguntou:
"Quem
é?"
Ora, quem poderia
ser? O Paulo respondeu:
"É o Papai
Noel!"
O caseiro, ao que
parece, duvidou. Mas abriu para conferir.
Gente do céu! O
caseiro já havia, digamos assim, tomado todas as que tinha direito e mais as
que não tinha direito, também. Melhor explicando: estava completamente "de fogo". E
vocês sabem que pessoas nesse estado demoram muito a compreender o que está
acontecendo. Muitas vezes, não chegam a compreender nunca. O espanto dele ao
abrir a porta e dar de cara com Papai Noel foi uma coisa inenarrável. Com
certeza, se não acreditava, a partir daquele momento passou a acreditar na
existência do bom velhinho.
Algum tempo depois,
ele saiu do sítio e nunca mais tivemos notícias dele. Mesmo assim, estou para
dizer que ele acredita em Papai Noel até hoje. E, nas rodas de botequim, entre
uma pinga e outra, ele deve dizer aos amigos:
"Papai Noel
existe. Eu juro! Meninos, eu vi com estes olhos que a terra há de comer."
(republicação de texto original de 26/12/2007, neste blogue)
(republicação de texto original de 26/12/2007, neste blogue)
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A bicharada que aparece aqui no sítio, como se diria antigamente, "não está no gibi". Seguindo o conselho de minha amiga Apolônia, lá de Alta Floresta/MT, a máquina fotográfica está sempre a postos. E, assim como ela, vou fotografando o que aparece. Verdade que não tenho, como ela, jacarés na porta da cozinha. E nem jiboias soltas fazendo o papel de cães de guarda. Mas, me contento com o que temos por aqui e, algumas vezes, acontecem supresas. Como esse sagui albino que consegui fotografar em uma árvore bem aqui na frente da janela do meu escritório. O bichinho tem dificuldade de visão. Assim, às vezes, ao pular de um galho para outro acaba caindo no chão. E foi essa dificuldade que fez com que eu conseguisse me aproximar bem e fotografá-lo.
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Feliz Natal a todos os amigos e seus familiares. E um 2013 com muita paz, saúde, realizações. E que vocês consigam ganhar a megasena acumulada. São os nossos votos.
Nina e JF. E mais a Lu, o Vagner, a Juliana e a Vanessa, o Adriano e a Fabi. E o Eddie Wood (Ed para os íntimos), lógico.
Atá à próxima.
9 comentários:
Lógico que visualizei o Papai Noel correndo pela lama e com os cachorros atrás!! Pena (piadinha interna) que quando chegaram perto sentiram o cheiro do Paulo (rs*).
Dei muita gargalhada com essa história e coitado do caseiro, o que devem pensar dele quando diz que papai Noel existe!!
J.F., espero que seu dia de natal esteja sendo alegre e afetuoso.
Que a luz da estrelinha de Belém ilumine o seu caminho e de toda a sua família!!
Beijuzinhos especiais para a Nina, Lu e Ed Wood!
Oi amigo, Feliz Natal e Boas Festas para você!Muitas saudades!Bjs.
Que lembrança mais gostosa partilhou conosco! Além da emoção do Papai Noel pras crianças, senti o susto do caseiro com o bom velhinho, rsrsrsrs... Que este Natal tenha deixado novas boas lembranças à sua família, e que 2013 venha repleto de surpresas agradáveis!
Oi, Luma.
Essa foi uma das muitas histórias acontecidas no sítio. Teve outra, com o mesmo caseiro, que já não era mais nosso caseiro, réu em uma ação penal e que, ao entrar na sala de audiências, deu de cara comigo e com meu pai sentados um de cada lado do juiz... Mas, isto já é outra história, para outra ocasião.
Luma, tenho certeza que você e sua família tiveram um ótimo Natal. E desejo um ótimo 2013 para vocês.
Abraçlão.
Oi, Mazé.
Mais uma vez, parabéns pela excelente colocação por você obtida no concurso de poemas sobre o Natal. Um poema muito lindo.
Obrigado pelos votos de feliz Natal e torço para que você também tenha tido um excelente Natal. Um feliz 2013 para você, minha amiga.
Abração.
Oi, Ana. É sempre muito gostoso poder compartilhar essas histórias que tanto nos marcaram. O Natal deste ano também foi excelente e, mais uma vez, contou com a presença de Papai Paulo Noel. Faço votos que você também tenha tido um excelente Natal e lhe desejo um 2013 muito feliz.
Abração.
Oi, J.F.!
Fico feliz que pelo menos tu não me abandonas...opa..não abandonas meu blog, como o fiz com todo o mundo, mas meu tempo na internet diminuiu consideravelmente.
Como sempre amei teu post! Fiquei imaginando o pobre do Papai Paulo Noel embarrado e correndo dos cachorros e o susto do caseiro. Tu contas um caso como ninguém!
Que 2013 encontre toda a família no maior aconchego e felicidade e que assim seja todo o ano.
Bjim pra todos e pro Ed também.
Oi, Rosa.
Obrigado pela presença e pelo carinho. Feliz 2013 para você e toda sua família.
Abração.
De todos os nossos Natais, este foi o mais marcante, pois marcou o início de uma tradição familiar.Além disso, como não poderia deixar de ser em nossa família, foi marcado por fatos humorísticos.
Não preciso dizer o quanto amo estar com você e nossa família.
Beijos
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