terça-feira, setembro 18, 2012

IN GOD WE TRUST


Quando compro alguma coisa, gosto de me livrar das moedas que ficam pesando nos meus bolsos.  São moedas que vou recebendo de troco e que, sempre que posso, livro-me delas repassando-as no comércio.
Dia desses, surpreendi-me ao encontrar, no meio das outras, uma moeda estampando o perfil de algum antigo, de rabo de cavalo, no valor de “Five cents”, com, entre outros escritos, a frase “IN GOD WE TRUST”. Simplesmente, uma moeda dos Estados Unidos. Ora, não estive por lá recentemente. Aliás, nunca estive. Como é que uma moeda americana apareceu no meu bolso?

Acredito que algum operador de caixa, em algum supermercado ou outro lugar, deve ter recebido a moeda de algum “espertinho” e tratou de livrar-se dela repassando-a a algum cliente que não costuma verificar o troco recebido em moedas. Eu, por exemplo. E foi assim que fiquei “no prejuízo”. Preju? Bom, considerando o câmbio atual, até que acabei ficando “no lucro”, desde que, algum dia, eu possa repassar essa moeda lá nos Estados Unidos.

Mas, não estou aqui para falar de meus sucessos econômicos e sim para contar mais uma aventura do Ferdinando, aquele que não gosta de lavar o carro, da postagem anterior.

“TUDO POR R$1,99 CADA”

Ferdinando gosta de morangos. Como já disse na postagem anterior, não sou o Ferdinando, apesar de também gostar de morangos. Mas,vai daí que, dia desses,  ele passa, na rua, por um vendedor que vendia... sabem o quê? Morangos! Um real e noventa e nove centavos a caixinha.

Hummm!!! Morangos com creme de leite... Ferdinando parou o carro e foi comprar uma caixinha de morangos. Deu ao vendedor uma nota de R$2,00 e recebeu sua caixinha de morangos. E ficou lá olhando para a cara do vendedor. Este, sem entender nada, perguntou se Ferdinando precisava de mais alguma coisa.

“Meu troco! Eu lhe dei uma cédula de dois reais e estou esperando meu um centavo de troco.”

“Mas... Não existem mais moedas de um centavo.”

“Então, por que o senhor vende os morangos por um real e noventa e nove se não consegue as moedas necessárias para dar de troco?”

O vendedor, já vendo que tinha um criador de casos pela frente, respondeu:

“Isso é só um recurso de marketing, para parecer que a mercadoria é mais barata. É melhor que anunciar que custa dois reais.”

“Não quero saber. Quero meu troco!”

O vendedor, já nervoso, retirou a caixinha de morangos das mãos de Ferdinando e lhe devolveu a nota de dois reais. Mas, esperto, já foi dizendo:

“Pronto! Estou devolvendo dois reais pela sua mercadoria de um real e noventa e nove centavos. O senhor me deve um centavo, que sei que o senhor não tem e por isso eu abrirei mão dele.”

Ferdinando, sem entender direito o que estava acontecendo, e sem saber se ganhara ou perdera um centavo, foi embora.

Dia seguinte, Ferdinando passa pelo mesmo vendedor e lá estava anunciado: “Morangos – 1,99 a caixa”. É hoje, pensou Ferdinando. É a minha hora da desforra.

“Quero cinco caixinhas de morangos.” Deu ao vendedor uma cédula de dez reais e ficou olhando, com um sorriso maroto nos lábios.

O vendedor pegou uma nota de dois reais e entregou-a a Ferdinando.

“Opa, o senhor está me devolvendo troco a mais.”

“Não! A promoção é cinco caixinhas de morango por oito reais.”

“Que oito reais? Não me venha com enrolação. Se o preço de uma caixinha é R$1,99, cinco caixinhas custam R$9,95. Quero minha moeda de cinco centavos de troco e tome de volta sua nota de dois reais.” 
Pois não é que o vendedor tinha uma moeda de R$0,05? Pegou a nota de R$2,00 e entregou os cinco centavos ao Ferdinando.

E lá se foi o nosso amigo, todo feliz, para sua casa. Fizera valer seus direitos e obtivera o troco certinho.

O vendedor também ficou feliz, depois de vender as cinco caixinhas de morango por um preço maior do que estava programado.

Mas a Nina, a mulher do Ferdinando (não confundam com a minha Nina, pois é apenas coincidência de nomes), é que não ficou nada feliz. Cinco caixinhas de morangos a serem lavados convenientemente para eliminar os agrotóxicos;  a serem escolhidos convenientemente, pois sempre vem um ou outro estragado;  a serem limpos convenientemente  –  vocês sabem que devem ser extraídas, uma a uma, aquelas partes verdes que vem agregadas à fruta. Além desse trabalhão, precisará ir até o supermercado buscar as caixinhas de creme de leite; precisará preparar o creme de leite. Tudo isso para quê, se o Ferdinando é o único na casa que gosta de frutas? Para ele comer um pouquinho e esquecer a maior parte dentro da geladeira. Parte essa que, depois de algum tempo, será jogada fora porque estragou.

Oh, vida!!!

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Abração a todos, até à próxima.