domingo, dezembro 22, 2013

PROCURA-SE : BRANCA DE NEVE

Meu amigo Alfredo Francisco Martinelli, que foi presidente da CAO, depois CAOB (*), tinha no jardim de sua casa, em Santo André, estátuas da Branca de Neve e dos sete anões. Provavelmente, dos tempos em que sua filha Magda era criança.

Bons tempos aqueles, nos anos 70, em que as pessoas saiam para viajar sem medo de deixar a casa sozinha. E, para a rua, um simples e baixo murinho era a única segurança.

Pois, num domingo à noite, ao voltar de uma exposição de orquídeas, o Al Capone (apelido que lhe fora dado pelo Heitor Gloeden) constatou o sumiço da Branca de Neve. É lógico que uma estátua não sairia sozinha de casa. Tampouco não saíra com nenhum dos anões de 50 cm. Eles estavam todos em suas devidas posições. Saíra acompanhando alguém de grande porte.

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- Dotor, tá aí um cidadão que veio dar parte do rapto de uma mocinha. Mas a história tá muito esquisita.

O delegado de plantão olhou para o escrivão, considerou que estava tudo tão calmo naquela noite de domingo e que seria ótimo que assim continuasse, e mandou entrar o queixoso.

- Pode falar, cidadão.

- Doutor, sumiu minha Branca de Neve.

- Como sumiu? Saiu com o namorado e não voltou?

- Ela não tem namorado e não anda sozinha, Foi levada.

- Entendo! Descreva...

- Bom, ela tem 80 centímetros de altura...

- Sua neta?

- Não! É uma estátua de jardim e desapareceu enquanto eu estava fora.

O delegado olhou fixamente o queixoso e chamou o escrivão.

- Oh, Tavares! O cidadão aqui tomou umas cervejas a mais e está “cansado”. Acomoda ele em uma cela que amanhã cedo ele vai estar mais calmo e poderá ir prá casa. Cada um que me aparece por aqui!!
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Lógico que o diálogo acima é só hipotético. O Martinelli não iria cair no ridículo de prestar essa queixa, já que ele tinha certeza de que aquilo era obra de algum orquidófilo gozador. Só que ele não podia entrar no jogo e ficou calado. Não contou para ninguém. Mas, a história correu e todos sabiam que ele estava atento para ver se descobria o autor da gracinha. Não descobriu. Nem a grande maioria de orquidoidos descobriu. Eu mesmo não sei, até hoje, quem foi.

E, um mês depois, num domingo à noite, ao voltar de outra exposição de orquídeas, encontrou Branca de Neve serenamente postada, no meio do jardim, ladeada pelos sete anões.
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Lembrei-me dessa história porque ainda existem pessoas que costumam ter estátuas no meio de seus jardins. Eu mesmo, em frente de casa, no sítio, tenho duas garças. São peças que foram ali colocadas por meu pai e eu respeito a vontade dele. Fiquem, garças!

(*) Coordenadoria das Associações Orquidófilas do Brasil

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Seria o FBI? A CIA? O MOSSAD? A KGB? Algum outro órgão de espionagem estrangeiro?

Gentes, vocês já tiveram dia assim, em que vocês sentem que estão sendo vigiados?

Era como estava me sentindo em meu escritório, no sítio, enquanto navegava na internet. Alguém estava "de olho" em mim. E eu que sou um cidadão tranqüilo, não me meto em política, nem em mensalões, compro tudo com nota fiscal, pago os impostos... 

De repente, levanto os olhos e lá estava ele:
um sagui me espionando pela janela. Como é que pode? Eu não fiz nada. Ou será que ele estava esperando eu desocupar meu computador para ver seu Facebook?
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Amigos,

A todos vocês e aos seus familiares, um feliz Natal e um excelente 2014.

Abração e até à próxima,
JF

quinta-feira, novembro 21, 2013

QUANTO MAIS SE VIVE, MAIS SE APRENDE

Gentes, em matéria de compras... Não sei se sou tão bom assim como sou bom em todas as demais coisas, inclusive na modéstia.

No supermercado, por exemplo, sou ótimo quando se trata de comprar bebidas, principalmente cerveja. Também compro muito bem aquelas besteiras engordativas, ótimas para comer com uma cervejinha do lado, tais como salaminho, azeitonas, tremoços e quejandos.  Ah! Também sou bom para comprar milho de pipoca (por sinal, elas também são ótimas na companhia de uma cervejinha), já que pipoca é minha única especialidade culinária. Verdade! Quando a Nina vai a São Paulo, se não é a boa vontade da caseira, passo dois dias só comendo pipocas. Logicamente, acompanhadas de cerveja, pois o calor é demais.

Bom, vai daí que a Nina me pede, logo após o almoço, para comprar um pacote de sabão em pó. E lá fui eu para o supermercado. É óbvio que eu não sabia onde ficava o setor de sabão em pó. Mas, com muita paciência e perspicácia (duas das minhas muitas qualidades), cheguei a uma gôndola que deveria ser a fiel depositária do produto. Muitas marcas, coloridos diferentes, perfumes diferentes, preços exorbitantemente diferentes, detergentes em pó, lava roupas... Mas, sabão em pó, que é bom, nada! Devem estar disfarçados, pensei. E resolvi usar a lógica. Escolhi um pacote e dirigi-me a um dos caixas. O caixa dessa Caixa, por sinal, era uma mulher.

“CPF na nota?” Foi logo perguntando.

“Ainda não sei. Você me permite uma pergunta de homem?”

Ela arregalou os olhos e ficou esperando.

“Minha mulher me mandou comprar sabão em pó, mas não encontrei. Por acaso, esse detergente em pó é a mesma coisa que sabão em pó?”

Ela me olhou aliviada.

“Sim! Detergente em pó é sabão em pó.” E aí, ela riu de minha pergunta. Na minha cara!

Gentes, onde já se viu rir de alguém que tem uma justa dúvida desse tipo? Quase que eu já ia dando, como resposta à altura, a clássica piada do “eu sempre achei que “deter gente” fosse anticoncepcional!” Só que ela era capaz de me acusar por assédio e, assim, limitei-me a rir amarelo e informei o CPF para a nota fiscal.

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OS BICHOS QUE AQUI VIVEM

E aí vai mais um animalzinho daqui. No meio de tantos saguis que por aqui aparecem, este "albino" tranquilamente comia as cabeludinhas, uma frutinha meio sem graça, bem ao lado da casa. Muito lindo, branco com umas manchas cinza claro no dorso e listas no rabo, já foi visto várias vezes, só ou com seu bando, zanzando por aqui. Não sei se por enxergar mal, permitiu que eu chegasse a um metro de distância para poder fotografá-lo. É o segundo "albino" que nos aparece. O primeiro era totalmente branco. Depois de uma série de aparições, nunca mais foi visto. Só espero que não tenha sido aprisionado.  É para flagrantes desse tipo que a máquina fotográfica está sempre a postos.
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MINHAS ORQUÍDEAS


Apresento a vocês o Dendrobium fimbriatum 'oculatum'. É uma entre as centenas de orquídeas que instalei em árvores do sítio nos últimos quarenta anos. Esse exemplar da foto já deve ter uns 30 anos de idade e tenho mais algumas dezenas de plantas da mesma espécie instaladas em outras árvores. Planta de origem asiática que se aclimatou muito bem no Brasil, especialmente na região do planalto além da Serra do Mar, floresce sempre por volta do mês de outubro. Por ser espécie exótica (estrangeira!), não existe inseto polinizador. Consequentemente, apesar das florações abundantes, não são vistas cápsulas de sementes. Assim, a planta não é invasiva e restringe sua localização à planta hospedeira. Entretanto, em laboratório, facilmente pode-se fecundar uma flor e obter sementes na quantidade que se quiser. Mas, para amadores, como é meu caso, a forma mais fácil de reproduzi-la é através de mudas feitas de hastes destacadas da planta.
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É isso aí, pessoal.
Abração e até à próxima.
JF

terça-feira, agosto 20, 2013

INSENSATEZ

O assunto principal, hoje, será diferente. Um pouco de nostalgia e de revolta.

A planta das duas fotos, exposta e premiada na exposição de orquídeas de Pouso Alegre/MG, dias atrás, é a Sacoila lanceolata, antiga Stenorryhchus australis. É uma orquídea terrestre encontrada no continente americano, desde a Flórida até diversas regiões do Brasil. Seus bulbos ficam enterrados. Aqui no Brasil, ali por julho/agosto, uma haste floral surge da terra, com um pouco de folhas verdes na base da planta, para logo desenvolver suas flores. Fica aberta por uns quinze/vinte dias e, em seguida, seca a haste. A planta seca aparenta estar morta. Entretanto, sob a camada de terra que cobre seus bulbos, ela permanece viva, ressurgindo à mesma época do ano seguinte e repetindo o seu ciclo.


Aqui em Itatiba/SP, encontrei uma colônia dessas plantas no sítio vizinho, na beira da estrada, no meio de um pasto.

Todos os anos, ali por junho/julho, época prolongada de falta de chuvas, alguém colocava fogo no capim seco da beira da estrada. As chamas entravam pelo meio do pasto e queimavam tudo. Inclusive as Sacoila lanceolata que, nessa altura, apresentavam-se totalmente secas. 

Quando chegava o período de agosto/setembro e o verde retornava ao local, lá ia eu para admirar aquela enorme quantidade de hastes coloridas saindo da terra, no meio do capim rasteiro. Voltava para casa feliz de ver aquele capricho da natureza. Infelizmente, nunca tive a idéia de fotografar. E nem precisava, já que aquilo repetia-se todos os anos.

Durou até à hora em que alguém resolveu arar todo o pedaço e plantar “capim de qualidade” para o pasto. Com o revolvimento da terra, acabaram com os bulbos enterrados e a planta, simplesmente, desapareceu do local. E a área foi utilizada como “pasto de qualidade” por apenas um ano. Um único ano! Nunca mais, e já vão uns vinte anos, o gado passou por ali. E nunca mais, também, uma Sacoila lanceolata floriu por ali.

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LÓGICA INFANTIL

A Bárbara é uma encantadora mini-orquidófila de uns 8 anos de idade, que conhecemos em uma das últimas exposições de orquídeas. Muito falante, já foi nos contando que, como o pai, será dentista.
"Mas vou ser uma dentista diferente. Vou ser dentista de cachorros."
"Dentista de cachorros, Bárbara? Que bom! E por que de cachorros?"
"Dentista de cachorros ganha mais dinheiro que dentista de gente!"
Ahhh! Muito bem pensado!

Abração a todos e até à próxima.

JF

terça-feira, agosto 06, 2013

SER OU NÃO SER MAGRO, EIS A QUESTÃO!


Vocês já comeram pizza de alface? Não recomendo! Até a garçonete ri da minha cara.

Quando me casei, eu pesava 60 quilos. Era tão magro que meu pijama listrado tinha uma única cor, ou seja uma listra. Isso não era tão importante, já que, no começo do casamento, quem é que vai se preocupar com a cor ou as listras do pijama? Nem com o uso do dito cujo.

O tempo foi passando, a Nina me tratando bem, e eu fui engordando. Um quilo por ano. Tanto que, com 5 anos de casado, pesava 65 quilos. Nas bodas de prata, não comemorei os 25 anos de casamento. Comemorei foi o ganho de 25 quilos. A coisa toda era tão regular que eu já não contava mais o tempo de casamento em anos. Contava em quilos.  Eu não dizia, por exemplo, “há trinta anos atrás, quando casei...” Eu já falava “há trinta quilos atrás, quando casei...”

De repente, não sei o que aconteceu, se foi a Nina que passou a me dar mais comida ou sei lá o quê, desembestei a aumentar meu peso mais de um quilo por ano, até chegar à casa dos 105 quilos. E, dessa vez, os 45 quilos a mais não correspondiam ao tempo de casamento.  A coisa toda ficou tão feia que precisei voltar a falar em “anos” de casamento. Até o dia em que alguém tirou uma foto minha, de perfil. Gente, que coisa horrível! Quem não me conhecesse, seria capaz de jurar que eu esperava gêmeos. Foi aí que resolvi fazer um regime, por minha conta, sem sacrifícios, sem remédios, sem médicos, em segredo até para a Nina. Reeducação alimentar por minha conta! E foi o que fiz. O peso começou a cair à incrível marca de 1 quilo por mês. Um ano após iniciado o regime, eu já pesava 12 quilos a menos.

Um dia, numa farmácia, ouvi uma senhora, preocupada e espantada ao descer da balança, comentar com outra:

“Nossa! Cheguei à casa dos oitenta!”

Pois foi nesse tempo que eu, no silencia de meu banheiro, subi na balança e, alegre, comentei comigo mesmo e depois com a Nina:

“Nossa! Cheguei à casa dos oitenta!”

De repente, não sei o que aconteceu, se foi a Nina que passou a me dar ainda menos comida ou sei lá o quê, a balança do meu banheiro começou a diminuir meu peso de forma ainda mais rápida e dramática que a velocidade de 1 quilo por mês e cheguei à casa dos 86 quilos. Isso me deixou bem preocupado, pois escapava aos meus planos de regularidade mensal, e resolvi investigar o que estava errado no meu regime. Fui pesar-me na balança da farmácia: 92 quilos. Lógico que eu estava vestido, né? Não sou besta de me pesar nu numa balança de farmácia. E se chega a polícia? Chegando em casa, tranquei-me no banheiro. Com roupas, 88 quilos. Sem roupas, 86 quilos. Não! Não estava certo! Isso merecia uma “sherloquisação” em regra. E descobri! Era a pilha da minha balança que estava descarregando e me roubando alguns quilos. 

Pode, uma coisa dessas? Tipo do apoio besta que não pedi!

Bom, trocada a pilha, depois de alguns dias, realmente, cheguei aos 89 quilos. Só que uma preocupação chegou. E aí? Agora que me acostumei a comer muitas verduras e legumes, a não exagerar em carboidratos, a não mais “picnicar”, à noite, enquanto fico na internet, a fazer um pouco de exercício, como vai acabar tudo isso? Se eu paro com o meu regime, sou capaz de voltar ao peso máximo, como já aconteceu uma vez. Se continuo, continuarei perdendo um quilo ao mês. Até chegar aos meus 60 quilos do “dia do meu casório”. E continuarei perdendo um quilo/mês até chegar ao peso de minha adolescência. E continuarei perdendo um quilo/mês até chegar ao peso de minha infância. E continuarei perdendo um quilo/mês até chegar ao peso de...

Aí a Nina resolveu intervir:

“Pode parar por aí! Já troquei fralda de nenê o suficiente. Não vou trocar fralda de nenhum nenê a mais. Nem que seja você!”  


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OS BICHOS, NO SÍTIO

O macaco, aí ao lado, vinha passeando pelos fios de eletricidade (desencapados) e tomou um baita choque. E caiu! O caseiro o pegou e o trouxe para que víssemos. Depois das fotos, o bichinho foi colocado sob as árvores do jardim. Aos poucos foi recuperando as forças e a agilidade, subiu em uma das árvores, dali pulou para outra, e desapareceu no mundo. Felizmente, totalmente recuperado. Foi só um susto.



EXPOSIÇÕES DE ORQUÍDEAS

Alguns amigos internautas, principalmente do Facebook e das listas de discussões sobre plantas, especialmente as de orquídeas, me perguntam por onde andarei para que possamos nos conhecer pessoalmente. Assim, tendo aí ao lado a foto de uma Lycaste de minha coleção, deixo a lista das exposições em que estarei coordenando os julgamentos, nos meses de agosto e setembro: 02 a 04/08 Pirassununga/SP - essa já foi; 09 a 11/08 Pouso Alegre/MG; 16 a 18/08 Piracicaba/SP; 22 a 25/08 Várzea Paulista/SP; 30/08 a 01/09 Mogi das Cruzes/SP; 06 a 08/09 Jarinu/SP; 13 a 15/09 Alfenas/MG. Em princípio, essas são as exposições para as quais fui escalado pela Coordenadoria das Associações Orquidófilas do Brasil. Pode acontecer de, uma ou outra, ser substituída por outra cidade, já que, para esse período, estão previstas 26 exposições em SP, MG, MS e PR. Além dessas em que estarei dirigindo os julgamentos das plantas, ainda estarei (27/09) em Sorocaba, mas apenas levando as plantas de minha associação e fazendo parte do corpo de juizes da exposição. Mais para a frente passo a lista de por onde andarei nos meses de outubro a dezembro. 

Abração a todos e até à próxima.
JF

sábado, julho 20, 2013

ESTÁ CHEGANDO AOS CEM!

Meu pai, o Amélio, nunca foi, por assim dizer, um “ás do volante”. E, com o avanço da idade, uma espécie de medo passou a influir em seu modo de dirigir. Assim, cada vez mais dirigia com menos velocidade. Minha mãe, a Amélia, ao contrário, sempre foi excelente motorista e gostava de “voar baixo”. Assim, enquanto tiveram suas carteiras de habilitação de motoristas renovadas, quando estavam os dois juntos, minha mãe não deixava meu pai dirigir. “Ele guia muito devagar”, reclamava ela.

Um dia, ambos já quase chegando à casa dos oitenta anos de idade, o policial rodoviário mandou parar o carro. Minha mãe, ao volante, obedeceu.

O policial examinou os documentos do carro, a carteira de habilitação dela, e começou o sermão:

“Dona Amélia, a senhora vinha dirigindo a uma velocidade muito superior ao limite permitido.”

E ela, sorrindo;

“Verdade, seu guarda? É que eu estava conversando com meu “queridinho” e me distrai.”

O policial, que, acredito, nunca ouvira uma desculpa como aquela, olhou para o “queridinho” (o meu pai, que também sorria para o policial), tornou a olhar para minha mãe. Em seguida, olhou, desconsolado, para os documentos em suas mãos. Devolveu tudo para ela e completou o sermão:

“Dona Amélia, desta vez eu vou deixar passar. Trate de não se distrair mais, pois, na próxima eu vou multá-la!”

E, assim, os Amélios prosseguiram viagem. Sem multa, procurando não se distrair, mas continuando a “voar baixo”.
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Em anexo, foto de meus pais, no início do namoro, em 1935, na então pacata São Carlos-SP.
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Minha mãe faleceu na terça feira de carnaval, em 2007, poucos dias antes de completar 90 anos. Meu pai, que vive comigo e a Nina, lúcido, apesar da saúde precária, completará 98 anos de idade, no próximo dia 24 de julho.
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VOCABULÁRIO INFANTIL

(sério)mamã = mamãe
(sereno)mamã mamã mamã = me ajuda aqui
(gritando) mamãããããã = me deixa! / para! / me dá isso!

Gentes, minha amiga Bela,  http://cobertorsoboqueixo.blogspot.com.br/  , mãe de um menino de onze anos, de uma menina de 6, e de um mini-menino de um ano e pouco, tem um lindo e alegre blogue onde relata frases e aventuras do dia a dia de seus filhos. Foi do seu "Pequeno Léxico Atualizado do Mini-menino", lá no seu blogue "ajeitando o cobertor sob o queixo", que eu retirei as três locuções acima e seus significados. O endereço está aí e na minha lista de blogues amigos. Vale a pena ler esse blogue. Não deixem de visitar. Afinal, quem não gosta de ouvir/ler sobre crianças?

MEIO AMBIENTE

Pessoal, se há blogue que eu gosto é blogue inteligente, com propósito definido. Todos os blogues relacionados no meu "Blogues Amigos" são assim. Sei que existem muitos outros que não estão relacionados. Mas, fazer o quê? Não dá para conhecer tudo. Mas, aos poucos, vamos acrescentando. Entre os blogues recentemente adicionados está o Mimirabolantes, de minha amiga Monique. O endereço: http://mimirabolantes.blogspot.com.br/  Em seu blogue, Monique fala de meio ambiente, de reciclagem (com dicas), e do que se relacioona. Vale conhecer o "Mimirabolantes", da Monique.

INCANSÁVEIS

Minha amiga Denise também tem um blogue inteligente: "Incansáveis". No seu blogue, Denise nos fala das espécies existentes na Mata Atlântica, tanto animais como vegetais, mas também trata de outros assuntos, como Agricultura Familiar e música. Na última blogagem, "Roda de Samba", fala sobre o grupo "Casuarina", com direito a vídeo e músicas. Aquele tipo de música brasileira de grande qualidade e que, parece que por isso mesmo, esquecida da grande mídia. Deem uma espiada no "Incansáveis". Vale a pena. Ahhhh!!! O endereço:  http://incansaveis.blogspot.com.br/ 

Abração e até à próxima (já está escrita) blogagem.
JF    

domingo, junho 09, 2013

QUEBRA CABEÇA


Eu já contei, aqui, como meus pais me deram o nome de José Francisco, em homenagem aos meus avós paternos, Giuseppina e Francesco, e como quase ganhei o nome de Catacisco. Pois meus avós Chico e Giuseppina moravam na casa ao lado da nossa, no bairro do Brás, na São Paulo ainda quase bucólica dos anos quarenta.

Meus avós eram sensacionais. Meu avô Chico, com seu cabelo branco “à escovinha”, apesar de falecido em 1959, continua presente na minha memória.

Lembro-me muito bem do muro muito alto que havia entre as duas casas. Só que, agora, vendo fotos, percebo como a visão das crianças é diferente da visão dos adultos. O muro não era tão alto como então nos parecia.

Lembro-me de encostar uma cadeira junto ao muro para poder ver meu avô manejar um tubo cilíndrico com uns dez a quinze centímetros de diâmetro e com um enorme eixo terminando em manivela. Dentro do tubo ele colocava o café em grãos e passava horas, pacientemente, rodando aquela engenhoca num fogo montado no quintal, torrando o café.

Junto ao muro, meu avô cultivava uma goiabeira, não muito grande, pois o quintal não permitia. Assim que percebia flores, ele acompanhava todo o seu desenvolvimento até que elas se transformassem em belas e gostosas frutas. Não muito numerosas, mas todas reservadas aos netos Zé Carlos e Toninho, que moravam algumas casas adiante, e Meméia e Zezinho (eu). Às vezes, não havia tanta goiaba assim. Então, as que houvessem, eram matematicamente cortadas e divididas entre os quatro. Meu avô e minha avó nem pensavam em saber se as goiabas eram boas ou não. Simplesmente, eram as goiabas dos netos. Que saudades desses avôs!

Mas, havia o tal muro muito alto. Meu primo Zé Carlos e eu tínhamos uma brincadeira. Eu na minha casa e o Zé Carlos na casa de meu avô. Um jogava uma bola para o outro e berrava: “Cabeceia!” O outro cabeceava a bola e devolvia: “Cabeceia!” E, de cabeceio em cabeceio, éramos capazes de passar uma tarde inteira. Essa brincadeira parou no dia em que eu berrei, do meu lado: “Cabeceia!” E o Zé Carlos, do outro lado, cabeceou... Terminou aí a brincadeira e nunca mais os dois primos tornaram a fazer esse jogo. Até hoje, quando nos lembramos disso, rimos muito da cicatriz que ele ostenta na testa por ter cabeceado meio tijolo. Crianças! KKKKKKKKK

Bons tempos!

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Continuando com a série de animais vistos aqui no sítio, aí vai a capivara.

Junto ao lago, montei meu orquidário. Porém, estava tendo muitos problemas com o Tentechoris, um inseto que suga a seiva das folhas das orquídeas, deixando marcas que não mais saem. Fica parecendo que a planta foi atacada de catapora. Foi quando me disseram para plantar citronela em volta do orquidário. O cheiro dessa erva espanta esse inseto. É possível! Mas não tive como comprovar. Fui ao CEASA-Campinas e comprei umas cinquenta mudas da erva. Depois de devidamente plantadas à volta do orquidário... as capivaras vieram e comeram toda a citronela. Pode uma coisa dessas? A foto, foi feita de dentro do orquidário em direção ao lago, já em final de tarde e com pouca luz.

Abração e até à próxima postagem.

JF

sexta-feira, maio 17, 2013

DE PATO A PERU, QUÁ-QUÁ E GLU-GLU



Sempre ganhei muitas garrafas de bebidas. Até hoje, clientes, amigos, parentes, me presenteiam com garrafas de whisky, conhaque, saquê, vodka, vinhos os mais diversos. Gosto muito de bebericar uma boa bebida, embora não seja propriamente um alcoólatra, apesar de já ter pego um ou outro "fogo homérico", o primeiro com menos de dez anos (mas, isto é história para outra hora). No domingo, na hora do almoço, acompanhando a macarronada, sempre vai bem um copo de um bom vinho tinto e seco.  O único problema é que eu não gosto de beber se não tiver companhia. E a Nina, em matéria de bebidas, só acompanha se for Guaraná “Zero”.

Nada como uma boa dose de whisky, em final de tarde, sendo bebido aos golinhos, ao longo de um bom bate papo. O problema é que, em dias de “Lei Seca”, ninguém quer arriscar-se a enfrentar um bafômetro, mesmo que só com um golinho de bebida. Incrível! Meus amigos aderiram à Coca Cola. Nem ao menos uma cervejinha. Vão de Coca Cola. E “Light”, ainda por cima! Vai daí que, aqui em casa, entra muito mais bebida do que sai. E o estoque ficou grande. Para o vinho, tudo bem. Todos os dias, no almoço, meu pai toma vinho tinto. Apenas 3/4 de copo, mas o suficiente para consumir as garrafas que ganho e manter o equilíbrio do estoque. E ele consome sem nenhum medo do bafômetro, já que, com 97 anos de idade, nenhum guarda de trânsito irá pará-lo. Mesmo porque já não dirige mais.

Uma saída para as demais bebidas é ir dando de presente a amigos, em seus aniversários. Só que, assim como eu consigo me desfazer de algumas garrafas de bebidas dessa forma, estou desconfiado que alguns amigos fazem a mesma coisa. Ganham e dão de presente. É possível até que alguma garrafa, depois de ser presenteada várias vezes, tenha retornado à minha casa. Inclusive, estou pensando em inovar, estatisticamente, nesses presentes com bebidas. Na próxima vez em que presentear alguém dessa forma, vou colar um papel na parte traseira da garrafa, com os dizeres: “Ao presentear alguém com esta garrafa, anote a data e o nome do presenteado”. Assim, poderei ver todo o caminho que a garrafa seguiu, por quais mãos passou, e quanto tempo levou até retornar a mim sob a forma de um presente de amigo.

Antigamente, lá pelos anos cinqüenta do século passado, até que as pessoas davam bebidas de presente. Não para mim, lógico, mas para o meu pai. Eram aquelas garrafas de bases ovaladas e revestidas de palhinha, do italianíssimo Chianti Ruffino. Só fui entender que era um vinho muito bom muitos anos mais tarde. Mas, os presentes sob a forma de bebidas não eram tão comuns como hoje. Lembro que meu pai, contador, ganhava presentes de seus clientes agradecidos, em cada final de ano. Perus! Isso mesmo! Perus!!! Aquele bicho que, com complexo de pavão, abre o rabo em forma de leque e canta “glu-glu-glu-glu-glu”. Pelo menos não eram cacarejantes. Eram legítimos perus glugluglusantes. Todos vivos. E como glugluglusavam! Em 1952, apesar de pequeno lembro bem do ano, pois foi quando nos mudamos do Brás para a Aclimação, meu pai ganhou, de seus clientes, nada menos que oito perus. Todos cantores e vivinhos da silva! Todos soltos no quintal, pois ainda não havia dado tempo de meu pai fazer um galinheiro. Ou um peruzeiro, sei lá! Não sei como a vizinhança não expulsou do bairro aqueles recém chegados folgados, donos de um coral barulhento e formado só de perus. No Natal daquele ano, meu pai deu peru vivo e glugluglulejante para a família toda. Que cada um o ajudasse a resolver seu problema.

Mas, teve o pato. Pois é! Ainda morávamos no Brás quando, num final de ano, meu pai ganhou um pato. Vivo, lógico, que pato morto e limpo, no supermercado, só existe agora. O pato, enquanto aguardava o momento de ser devidamente defenestrado e deglutido, foi solto no quintal. Quem, parece, não gostou muito da história foram as galinhas. Pudera! Todas presas no galinheiro enquanto aquele bicho passeava pelo quintal (perdoem-me as más palavras, senhoras) rebolando sua bunda de um lado para o outro.

Pato nada? Diziam que sim. Como não tínhamos uma lagoa, no quintal, a Meméia (se minha irmã Maria Amélia descobre que eu revelei, aqui, o seu apelido de infância, é capaz de me esganar) e eu resolvemos colaborar com o pato e construir um lago inteirinho só para ele. Cavamos um enorme buraco, de uns 50 centímetros de diâmetro e, no máximo, dez centímetros de profundidade (não esqueçam que éramos pequenos e não tínhamos condições físicas de fazer um lago maior) e o enchemos de água. Só que a terra absorvia a água. E nós jogávamos mais água. Até que tudo aquilo virou uma enorme poça de lama. Mas, já estava muito bom. Lama ainda era melhor que nada, para nadar. Só que o pato não apreciou nosso trabalho e não quis entrar no lago. E tratava de fugir. E nós o pegávamos e o jogávamos na lama.

“Nada, pato!”, ordenávamos. 

E o pato, nada de nadar. E fugia novamente. Ora, se não queria nadar por bem, nadaria por mal. Meméia e eu nos munimos de vassouras para impedir que o pato fugisse do lago. Ele teria que nadar, nem que fosse na base da pancada. Foi nessa hora que minha mãe veio ao quintal ver o que fazíamos. Pois não é que ela ficou do lado do pato? Apoio total ao palmípede, confiscando-nos as vassouras e nos pondo para dentro de casa.

E foi assim que o pato, que não gostou da lagoa, não precisou nadar. E surgiu o provérbio: “Pato, em lagoa estranha, estranha!”
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Ontem, 16 de maio, no final da tarde, Nina comentou:

"Há 44 anos, neste horário, eu estava esperando por você, na porta da igreja. Você não fica envergonhado, não? Ainda bem que eu já estava acostumada com seus atrasos, né?" 

Pois é! Completamos 44 anos de casados e até hoje rimos do fato de eu ter chegado à igreja meia hora depois dela. O importante é que continuamos nos amando como se sempre fosse o primeiro dia.
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Ah, sim! Na foto, Meméia e Zezinho na charrete puxada a bode, em São Lourenço/MG, em 1947.

Abração e até à próxima.
JF

quarta-feira, maio 08, 2013

ZEZINHO E OS FRANGOS E OS OVOS E AS GALINHAS


Houve um tempo, acreditem, em que não se compravam frangos em supermercados. Supermercados, minha senhora, mal estavam começando a existir. Isso lá pelos anos cinqüenta e sessenta do século passado. Naquela época, as coisas eram compradas nos armazéns de secos e molhados. Menos os frangos. Esses, nem nos armazéns.

Quem quisesse um franguinho assado, no almoço, tinha três opções: ganhava um frango vivo de presente, criava frangos, no galinheiro do fundo do quintal, ou comprava um frango vivo no frangueiro, o comerciante especializado, que tinha sua loja ou, então, que ia batendo de porta em porta e oferecendo os frangos que trazia nas costas, em um enorme jacá. 

Havia, ainda, a forma um tanto menos ortodoxa que consistia em furtar os frangos em algum galinheiro de quintal, à noite. Mas, o espertinho que fizesse isso arriscava-se a tomar um tiro de garrucha. E foi dessa modalidade que surgiram os famosos “ladrões de galinhas”. Mas, esta forma não consideraremos como válida.

Sempre que se adquiria um frango, ele vinha inteiro e, pasmem, vivo. E o interessado que o matasse. Lá em casa, o matador  oficial de frangos era meu pai. Pegava o bichinho com uma das mãos, pelas pernas, e, com a outra mão, torcia-lhe o pescoço. Depois, dava-lhe um banho de água fervendo e arrancava todas as penas, guardadas para encher travesseiros.

Frango normal era aquele que tinha duas pernas, com duas coxas, duas asas, um peito, uma cabeça, um... Enfim... Todas essas coisas de que a natureza dota um frango normal. Nada do que essas modas atuais apresentam à venda no supermercado: uma bandejinha com meia dúzia de coxas, outra com meia dúzia de sobrecoxas, dois peitos, etc. Alguém aí, por acaso, já viu alguma penosa de seis pernas e nada mais? E de dois peitos, sem pernas, sem asas, sem cabeça?

Enfim, era tudo assim. Bem diferente dos dias de hoje em que a grande maioria das crianças nunca viu um galo ou uma galinha. Ao contrário, as crianças de antes, todas, sabiam o que era uma galinha. Era difícil a casa que não tivesse um galinheiro no fundo do quintal. Verdade que, hoje em dia, as crianças nem ao menos sabem o que é quintal.

Em casa, como não poderia deixar de ser, também havia o galinheiro no fundo do quintal. E recolhiam-se ovos nos ninhos. Mas, isso faz muito tempo! Tanto tempo que minha memória mal consegue vislumbrar algum fato da época. Entretanto, alguma coisa ainda lembro.

Certo dia, sei lá o que eu havia aprontado, minha mãe sentenciou:

“Hoje, você vai dormir com as galinhas!”

O dia passou, meu pai chegou do escritório, jantamos, e eu sumi. Procuraram por mim pela casa toda, que era pequena, e nada. Os vizinhos entraram em polvorosa. Vocês não fazem idéia do que era a vizinhança, no italianíssimo bairro paulistano do Brás, ainda no final dos anos quarenta, quando não existia televisão. Todos gesticulando e falando alto, ao mesmo tempo, querendo chamar a polícia. Foi quando minha mãe lembrou-se: “Não é possível!”

Era possível, sim. Tanto que, quando ela chegou no fundo do quintal, no galinheiro, lá estava o Zezinho empoleirado, no meio de um bando de galinhas também empoleiradas à sua volta, todos prontos para dormir.

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Na foto de 29-08-44, no galinheiro do fundo do quintal, papai Amélio ensina Zezinho a dar milho para as galinhas.

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Pessoal, a 14ª Exposição de Orquídeas de Vinhedo/SP foi um sucesso absoluto. 1.300 plantas de colecionadores de 33 cidades de SP e MG expostas. Público visitante estimado em 10.000 pessoas. Na próxima postagem colocarei algumas fotos.

Abração a todos e até à próxima.
JF

domingo, abril 14, 2013

14ª EXPOSIÇÃSO NACIONAL DE ORQUÍDEAS DE VINHEDO/SP



Oi, pessoal.

Hoje é para falar da14ª Exposição Nacional de Orquídeas que nós, do Clube Amigos da Orquídea de Vinhedo - CAO-Viva, com o apoio da Prefeitura Municipal de Vinhedo e da CAOB-Coordenadoria das Associações Orquidófilas do Brasil, estaremos realizando no final de semana de 19 a 21 de abril próximos.

O local da exposição é o Parque Municipal Jayme Ferragut (Parque da Festa da Uva), na entrada da cidade de Vinhedo/SP, e esperam-se cerca de 1.300 plantas expostas, de colecionadores amadores de várias cidades e estados. A entrada é gratuita e o estacionamento estará liberado dentro do próprio parque.

Vinhedo/SP situa-se no Km 75 da Rodovia Anhanguera, entre Campinas e Jundiaí.

Na 6ª feira, pela manhã, haverá o recebimento das plantas. A partir das 13 horas, julgamento das melhores plantas por juízes credenciados pela CAOB. Inauguração às 20 horas.

A exposição estará aberta ao público no sábado (20), das 9 às 20 horas, e domingo (21), das 9 às 17 horas. No sábado e no domingo, aulas gratuitas sobre cultivo de orquídeas.

Estarão presentes, vendendo uma enorme variedade de orquídeas, seis orquidários profissionais. Apenas poderão ser comercializadas plantas produzidas em laboratório. A CAO-Viva, como forma de preservação do meio ambiente, não admite vendedores de plantas retiradas das matas. Também foram convidados vendedores de insumos para cultivo de orquídeas, de livros e revistas especializados, e até de camisetas com o motivo "orquídeas".

Será um prazer muito grande receber os amigos leitores do blogue. Todos estão convidados. Estarei lá nos três dias de exposição e sou facilmente reconhecível pelo meu boné preto bordado com minhas iniciais JF (só não me chamem de Zé do Boné).

Abração a todos,
JF

segunda-feira, março 04, 2013

QUE LOUCURA!!!...


Dizem que colecionar é um hábito saudável. Vocês colecionam alguma coisa? Tem gente que coleciona selos. Tem quem colecione moedas. Há os que colecionam orquídeas. E cactos. E vários tipos de plantas.

Quando eu era criança, existiam as coleções de figurinhas. Em geral, eram pequenas estampas com a foto de jogadores de futebol e vinham envolvendo balas que comprávamos no armazém. Depois, as figurinhas passaram a vir em envelopes que eram comprados nos jornaleiros. Muito antes disso, existiram as famosas estampas Eucalol, que acompanhavam os sabonetes dessa marca e que, até hoje, ainda são objeto de trocas entre colecionadores.

Porém, selos, moedas, plantas, figurinhas, tudo isso sempre esteve dentro das coleções normais e previsíveis. Assim como, em certa época, eram previsíveis as coleções de carteirinhas de fósforos, de lápis de propaganda, de chaveiros, de discos 78 ou 33 rpm, de bonecas Barbie. Hoje, existem até, imaginem, os que colecionam ferraris. 

Mas, tem gente com umas coleções esquisitas. Conheço duas pessoas que colecionam as latinhas de alumínio de refrigerantes e cervejas. Um deles tem mais de 1.500 latinhas nacionais e estrangeiras dispostas em vários armários envidraçados. E, pasmem, todas elas cheias com seus respectivos conteúdos. Nunca foram abertas e latinha vazia é desprezada. Juro! Porém, uma coleção que entendo ainda mais estranha é uma que se deriva desta coleção de latinhas de refrigerantes e cervejas. É a coleção de garrafas PET do meu filho. Qualquer garrafa PET? Não! A coleção dele é especializada em PETs de 2 litros, de refrigerantes! Umas trezentas PETs. É óbvio que essa coleção não cabe no apartamento dele, já completamente atulhado com coleções de revistas, gibis, mangás, e congêneres. Sem falar que, felizmente, ele se convenceu que nunca mais iria conseguir reler sua coleção de recortes de jornal e jogou fora esse paciente trabalho de tesoura, de muitos anos.

Voltando às PETs. Quando ele se convenceu que elas não cabiam em seu apartamento (eram elas ou a namorada), apelou para a solução mais simples: a casa do pai. Só que o pai, em determinado momento, resolveu mudar de São Paulo para o sítio, em Itatiba. Vocês precisavam ver a cara de incredulidade do pessoal da Granero colocando aquele monte de garrafas plásticas dentro daquelas caixas enormes de papelão e, depois, colocando essas caixas enormes dentro do caminhão. Devem ter pensado que eu era louco. Afinal, eu não expliquei a eles que a coleção era do meu filho, que teve sua imagem preservada, e não minha. No sítio, minha primeira providência foi esvaziar uma porção de garrafas que ainda continham seus devidos produtos.

E passaram-se cinco anos, desde nossa mudança. E foram cinco anos reclamando com ele para que desse um fim a tudo aquilo. Ou que, ao menos, me permitisse construir uma jangada com elas, para que eu brincasse de Simbad, o marujo, no lago do sítio. Uma amiga até se prontificou a me dar a cola que uniria as trezentas garrafas, já pensando em uma publicidade gratuita para sua empresa. Só não fiz a jangada por considerar essa amiga uma cientista louca e por não saber nadar. Sei lá se a cola não era solúvel em água? E foi nessa altura dos cinco anos que vieram os cupins e se encarregaram de apressar as coisas. Atacaram as PETs? Antes fosse isso! Atacaram o madeiramento do telhado do depósito onde elas estavam guardadas juntamente com uma enorme quantidade de tranqueiras, daquelas que a gente vai guardando para utilizar na ocasião propícia, sendo que essa ocasião propícia não chegará nunca, nem na terceira geração de nossos pósteros. E eu precisei esvaziar o depósito. Meu filho foi compreensível e permitiu, finalmente, que eu me desfizesse das PETs, para alegria de algum reciclador daqui de Itatiba. Porém, com uma condição. Ou duas! Primeiramente, eu deverei fotografar as PETs. Todas elas. Segundamente, como diria o Coronel Odorico Paraguaçu, deverei remover os rótulos, de cada PET, para entregar a ele como "memórias" de sua coleção.

E foi dessa forma que, de uma hora para outra, transformei-me em fotógrafo de PETs. O que um pai não faz por seu filho? É nessas horas que lembro do poema de Coelho Neto: “Ser pai é padecer num paraíso”. Ou algo mais ou menos assim.
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OS BICHOS, NO SÍTIO

E aí vai mais um dos animaizinhos quem andam por aqui: o caxinguelê. Também conhecido, por aí, como serelepe, esquilo, caxixê, etc.

Muito ágeis, muito rápidos. É lindo ver um caxinguelê carregando um filhote. O filho se enrola feito uma bola e o caxinguelê (não sei se a mãe ou o pai) o pega com a boca e o leva embora.

Entre outras coisas que comem, gostam muito dos coquinhos das palmeiras. Conseguem, roendo, fazer um pequeno orifício na casca dura para comer a polpa.
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EXPOSIÇÃO NACIONAL DE ORQUÍDEAS

Nos dias 19 a 21 de abril, na cidade de Vinhedo/SP, no Parque Municipal Jaime Ferragutti, bem na entrada da cidade, nós do Clube Amigos da Orquídea-Viva, de Vinhedo, com o apoio da Prefeitura Municipal, estaremos realizando nossa 14ª Exposição Nacional de Orquídeas. Aberta ao público nos dias 20 e 21, com entrada franca, estacionamento dentro do Parque, cursos gratuitos de cultivo, vendas de plantas, insumos, livros e revistas, e até camisetas. A exposição vem crescendo a cada ano. Em 2012, foram expostas 1.205 plantas floridas. Para este ano, esperamos uma quantidade ainda maior.

Na foto, uma parcial de minha Vanda tricolor 'suavis' instalada em árvore a quase 40 anos. Na floração de 2012 foram mais de 600 flores abertas ao mesmo tempo (setembro/outubro).
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Abração a todos e até à próxima postagem.

JF





segunda-feira, janeiro 14, 2013

DIÁRIO DE UMA NOVA VIDA


Morar no campo! Fugir da cidade!

Os cupins atacaram o madeiramento da casa dos nossos caseiros. O pedreiro me deu a relação e as medidas da madeira necessária. Obviamente, ficou faltando e eu precisei encomendar mais. Eles não conseguem pedir tudo de uma vez. Com a retirada do telhado, foi visto que a parte elétrica está deficiente. Vou providenciar toda a fiação nova.

O motor da bomba da piscina queimou! Antes do dia 31. Está até agora no conserto e nem ao menos me ligaram para dar o orçamento. Quando ficará pronto? Sabe-se, lá!

As chuvas muito fortes estão acabando com a estradinha de acesso...

Gentes, revendo umas postagens antigas, encontrei a abaixo, publicada no blog aos 20/12/07, mas bem a propósito, apesar dos cinco anos já passados.

Vejam (melhor dizendo: leiam):

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Oi, pessoal.

Finalmente o sonho se realiza. A Nina e eu, depois de 38 anos de casados, saímos de São Paulo e nos mudamos para o sítio, em Itatiba/SP.

Dentro de minhas veleidades literárias, resolvi que, de agora para a frente, escreverei um livro Diário desta nova vida.

DIÁRIO DE UMA NOVA VIDA

1º dia – Hoje, ao acordar, não ouvi as freadas dos ônibus junto ao ponto de parada, em frente de casa. Também não senti, durante o dia todo, as buzinadas malucas do trânsito congestionado. Nada daquele ar mau-cheiroso de São Paulo. Somente o ar puro de Itatiba. Logo cedo, fui acordado com um barulho bem diferente: a gritaria de um bando de macacos-prego passeando pelas árvores da beira do lago bem próximo. Fiquei ouvindo, com imensa felicidade, aquele som diferente. Música! Está certo que eu os ouvia quando passava os finais de semana no sítio, mas hoje foi diferente. Hoje, foi a certeza de que poderei ouvi-los todos os dias. Como pude viver tanto tempo longe disto?

2º dia – Hoje, fui acordado por um bando de saracuras. Vocês conhecem saracuras? São uma aves de perninhas compridas, andam em bandos e possuem um canto bem estridente, mas muito engraçado e alegre. Muito bom acordar desse jeito. Mais tarde, a caseira veio prevenir-me de que acabara o milho para os patos. Ué! E como os patos eram abastecidos antes? O caseiro do sítio vizinho fazia o favor de comprar e era reembolsado, com uma pequena gorjeta. Morando no sítio, devo assumir todas essas responsabilidades. E, afinal, qual é o trabalho de ir buscar milho para os patos? Peguei o carro e fui à cidade comprar milho. Descobri que o preço do milho caiu pela metade, desde a última vez que o vizinho o comprou. Sem falar na gorjeta. Mas, e o prazer de ver aquele bando de patos vindo ao meu encontro em busca do milho? Gentes, que coisa maravilhosa viver em um sítio.

3º dia – Hoje, não passaram nem os macacos-prego e nem as saracuras para me acordar. Fiquei na cama esperando por eles até depois das nove horas. Não dá para confiar nos animais para acordarem a gente. A Nina entra no quarto reclamando que a casa está sem água. Minha nossa! Ontem, com a história dos patos, esqueci-me de ligar a bomba que joga a água na caixa. É lógico que não é um simples incidente desses que vai me aborrecer. Dou um beijo na bochecha dela, que continua de cara amarrada, e vou ligar a bomba. São pequeninas coisas que não chegam a tirar o prazer da gente. Amanhã começarei a trabalhar no jardim da casa. Estou com excelentes idéias para a remodelação. Viva a vida no campo!

4º dia – Hoje, o barulho para acordar foi o barulho da chuva. Levantei-me e fui olhar. Algumas telhas quebradas, no alpendre, deixam passar água. Muita água! Anoto mentalmente: mandar revisar todo o telhado da casa e mandar trocar as telhas quebradas. Adeus início de trabalhos de remodelação do jardim. Com essa chuvarada, não dá. Vida no campo tem dessas coisas. Quando se quer chuva, ela não vem. Em compensação, quando não se quer... Lembro do provérbio inventado pela Vanessa, minha neta de oito anos (vide blog da Lu: http://eeepa.blogspot.com/ ): "Quando a gente não quer, tudo ganha." Sábia Vanessa!

5º dia – Hoje, acordei com o barulho de um bando de sagüis. É um tipo de macaco bem menor que os macacos-prego, mas também muito barulhentos. Dessa vez não foi engraçado. Ainda estou me lembrando dos gastos com o conserto do telhado e não há coisa alguma que me alegre. A caseira veio me dizer que as duas capivaras que apareceram no lago estão fazendo estragos na horta. Conseguiram rebentar o alambrado muito velho e enferrujado. Fui lá verificar o estrago e as possibilidades de conserto. Realmente, o estrago foi feio. O alambrado está imprestável e precisa ser totalmente trocado. Fiz um cálculo rápido do custo: pelo menos uns sessenta metros de alambrado, bem reforçado. Fora a mão-de-obra. Pessoal, é bom morar no campo, mas não é tão barato quanto estavam me dizendo.

6º dia – Hoje, tornei a ouvir o barulho dos macacos-prego. Lembrei-me, então, que há muito tempo não como bananas das bananeiras do sítio. E olhem que eu tenho sete variedades diferentes de bananas. Aquilo deixou-me perplexo pelo resto da manhã. Após o almoço, fui ver as diversas plantações de bananas. Diversos cachos em formação lá estavam. Mas, cachos de bananas prestes a amadurecer, no ponto de colher, nada! Mas encontrei muitos indícios de colheita de bananas: diversas bananeiras derrubadas para a retirada dos respectivos cachos de bananas. Fiquei uma fera e fui tirar satisfações com a caseira:

"Quem está colhendo as bananas, que eu não vejo nenhuma por aqui?"

"Eu também não vejo", respondeu-me ela. "É o pessoal aí das Nações (um bairro popular da cidade) que entra e leva tudo."

De tanta raiva, fui dormir sem jantar.

7º dia – Hoje, domingo, acordei tarde e com dor de cabeça. Fiquei louco de raiva com um bando de maritacas barulhentas que por ali passou, nessa hora. A família toda vem para o almoço. Fui até à cozinha e encontrei a Nina ocupada com uma grande quantidade de coisas.

"Cadê o cafezinho que o meu amorzinho fez para o maridinho queridinho dela?"

"Na garrafa térmica! Onde mais poderia estar? Abra a geladeira, pegue frios e prepare um sanduíche você mesmo. Estou muito ocupada fazendo o almoço. Esqueceu que hoje é folga da caseira?"

Com esse "alegre" bom dia, silenciosamente, preparei e comi meu sanduíche, acompanhado de um café morno e a explicação: "Já falei quinhentas vezes pra você que essa garrafa térmica está com defeito!"

Como não chove há alguns dias, fui molhar meus vasos de orquídeas. "Cadê a mangueira que estava aqui?" A caseira, que hoje está de folga e desaparecida, sumiu com ela.

O pessoal está demorando para chegar. Vou à geladeira pegar uma cervejinha.

"Não tem cerveja na geladeira."

"Como? Sabendo que vinha tanta gente e você não cuidou das bebidas? Será que eu sempre tenho que lembrar de tudo?"

Saí correndo para providenciar.

Quase três da tarde. O pessoal chega para o almoço. Eu estou "varado" de fome e doido por uma cerveja gelada.

Termino de almoçar e me preparo para ir tirar uma soneca.

"Pai, não vá se esconder que daqui a pouco vamos embora."

"Mas vocês acabaram de chegar!"

8º dia – Hoje, acordei com um sabiá cantando bem junto à janela do quarto. Levantei-me correndo e abri a janela.

"Sabiá f.d.p! Ta gozando da minha cara? O que é que tem aqui no campo para ficar alegre? Estou estressado com essa droga de mato. Quero voltar para São Paulo!"

Atirei meus chinelos nele. O bicho é muito vivo e conseguiu fugir.

9º dia – Hoje, eu estou pondo fogo nesta porcaria de Diário.

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OS BICHOS, NO SÍTIO

Este é o Raul, me espiando pela janela do escritório.

Também tem a Mimi. E quando se juntam um gato e uma gata, vocês sabem o que acontece, não é mesmo? É isso daí: a cantoria noturna. E, como resultado da cantoria, agora também temos o Romeu, a Julieta, o Ranulfo. Alguém aí está querendo um gatinho de presente?

Bom, a vantagem de ter gatos, em sítio, é que desaparecem os ratos. E, desaparecendo os ratos, as cobras vão embora. Cobra adora comer rato, mas não gosta de comer gato.

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Bom, pessoal. É isso aí. Um abração a todos e até à próxima.

JF