domingo, junho 09, 2013

QUEBRA CABEÇA


Eu já contei, aqui, como meus pais me deram o nome de José Francisco, em homenagem aos meus avós paternos, Giuseppina e Francesco, e como quase ganhei o nome de Catacisco. Pois meus avós Chico e Giuseppina moravam na casa ao lado da nossa, no bairro do Brás, na São Paulo ainda quase bucólica dos anos quarenta.

Meus avós eram sensacionais. Meu avô Chico, com seu cabelo branco “à escovinha”, apesar de falecido em 1959, continua presente na minha memória.

Lembro-me muito bem do muro muito alto que havia entre as duas casas. Só que, agora, vendo fotos, percebo como a visão das crianças é diferente da visão dos adultos. O muro não era tão alto como então nos parecia.

Lembro-me de encostar uma cadeira junto ao muro para poder ver meu avô manejar um tubo cilíndrico com uns dez a quinze centímetros de diâmetro e com um enorme eixo terminando em manivela. Dentro do tubo ele colocava o café em grãos e passava horas, pacientemente, rodando aquela engenhoca num fogo montado no quintal, torrando o café.

Junto ao muro, meu avô cultivava uma goiabeira, não muito grande, pois o quintal não permitia. Assim que percebia flores, ele acompanhava todo o seu desenvolvimento até que elas se transformassem em belas e gostosas frutas. Não muito numerosas, mas todas reservadas aos netos Zé Carlos e Toninho, que moravam algumas casas adiante, e Meméia e Zezinho (eu). Às vezes, não havia tanta goiaba assim. Então, as que houvessem, eram matematicamente cortadas e divididas entre os quatro. Meu avô e minha avó nem pensavam em saber se as goiabas eram boas ou não. Simplesmente, eram as goiabas dos netos. Que saudades desses avôs!

Mas, havia o tal muro muito alto. Meu primo Zé Carlos e eu tínhamos uma brincadeira. Eu na minha casa e o Zé Carlos na casa de meu avô. Um jogava uma bola para o outro e berrava: “Cabeceia!” O outro cabeceava a bola e devolvia: “Cabeceia!” E, de cabeceio em cabeceio, éramos capazes de passar uma tarde inteira. Essa brincadeira parou no dia em que eu berrei, do meu lado: “Cabeceia!” E o Zé Carlos, do outro lado, cabeceou... Terminou aí a brincadeira e nunca mais os dois primos tornaram a fazer esse jogo. Até hoje, quando nos lembramos disso, rimos muito da cicatriz que ele ostenta na testa por ter cabeceado meio tijolo. Crianças! KKKKKKKKK

Bons tempos!

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Continuando com a série de animais vistos aqui no sítio, aí vai a capivara.

Junto ao lago, montei meu orquidário. Porém, estava tendo muitos problemas com o Tentechoris, um inseto que suga a seiva das folhas das orquídeas, deixando marcas que não mais saem. Fica parecendo que a planta foi atacada de catapora. Foi quando me disseram para plantar citronela em volta do orquidário. O cheiro dessa erva espanta esse inseto. É possível! Mas não tive como comprovar. Fui ao CEASA-Campinas e comprei umas cinquenta mudas da erva. Depois de devidamente plantadas à volta do orquidário... as capivaras vieram e comeram toda a citronela. Pode uma coisa dessas? A foto, foi feita de dentro do orquidário em direção ao lago, já em final de tarde e com pouca luz.

Abração e até à próxima postagem.

JF