domingo, dezembro 22, 2013

PROCURA-SE : BRANCA DE NEVE

Meu amigo Alfredo Francisco Martinelli, que foi presidente da CAO, depois CAOB (*), tinha no jardim de sua casa, em Santo André, estátuas da Branca de Neve e dos sete anões. Provavelmente, dos tempos em que sua filha Magda era criança.

Bons tempos aqueles, nos anos 70, em que as pessoas saiam para viajar sem medo de deixar a casa sozinha. E, para a rua, um simples e baixo murinho era a única segurança.

Pois, num domingo à noite, ao voltar de uma exposição de orquídeas, o Al Capone (apelido que lhe fora dado pelo Heitor Gloeden) constatou o sumiço da Branca de Neve. É lógico que uma estátua não sairia sozinha de casa. Tampouco não saíra com nenhum dos anões de 50 cm. Eles estavam todos em suas devidas posições. Saíra acompanhando alguém de grande porte.

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- Dotor, tá aí um cidadão que veio dar parte do rapto de uma mocinha. Mas a história tá muito esquisita.

O delegado de plantão olhou para o escrivão, considerou que estava tudo tão calmo naquela noite de domingo e que seria ótimo que assim continuasse, e mandou entrar o queixoso.

- Pode falar, cidadão.

- Doutor, sumiu minha Branca de Neve.

- Como sumiu? Saiu com o namorado e não voltou?

- Ela não tem namorado e não anda sozinha, Foi levada.

- Entendo! Descreva...

- Bom, ela tem 80 centímetros de altura...

- Sua neta?

- Não! É uma estátua de jardim e desapareceu enquanto eu estava fora.

O delegado olhou fixamente o queixoso e chamou o escrivão.

- Oh, Tavares! O cidadão aqui tomou umas cervejas a mais e está “cansado”. Acomoda ele em uma cela que amanhã cedo ele vai estar mais calmo e poderá ir prá casa. Cada um que me aparece por aqui!!
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Lógico que o diálogo acima é só hipotético. O Martinelli não iria cair no ridículo de prestar essa queixa, já que ele tinha certeza de que aquilo era obra de algum orquidófilo gozador. Só que ele não podia entrar no jogo e ficou calado. Não contou para ninguém. Mas, a história correu e todos sabiam que ele estava atento para ver se descobria o autor da gracinha. Não descobriu. Nem a grande maioria de orquidoidos descobriu. Eu mesmo não sei, até hoje, quem foi.

E, um mês depois, num domingo à noite, ao voltar de outra exposição de orquídeas, encontrou Branca de Neve serenamente postada, no meio do jardim, ladeada pelos sete anões.
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Lembrei-me dessa história porque ainda existem pessoas que costumam ter estátuas no meio de seus jardins. Eu mesmo, em frente de casa, no sítio, tenho duas garças. São peças que foram ali colocadas por meu pai e eu respeito a vontade dele. Fiquem, garças!

(*) Coordenadoria das Associações Orquidófilas do Brasil

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Seria o FBI? A CIA? O MOSSAD? A KGB? Algum outro órgão de espionagem estrangeiro?

Gentes, vocês já tiveram dia assim, em que vocês sentem que estão sendo vigiados?

Era como estava me sentindo em meu escritório, no sítio, enquanto navegava na internet. Alguém estava "de olho" em mim. E eu que sou um cidadão tranqüilo, não me meto em política, nem em mensalões, compro tudo com nota fiscal, pago os impostos... 

De repente, levanto os olhos e lá estava ele:
um sagui me espionando pela janela. Como é que pode? Eu não fiz nada. Ou será que ele estava esperando eu desocupar meu computador para ver seu Facebook?
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Amigos,

A todos vocês e aos seus familiares, um feliz Natal e um excelente 2014.

Abração e até à próxima,
JF