quarta-feira, dezembro 26, 2007

O PRIMEIRO NATAL DO PAPAI NOEL

Não. Não é o Papai Noel que vocês pensam. Esta é a história do Papai Paulo Noel.

Tudo se iniciou ainda no início dos anos setenta, quando as crianças eram bem pequenas. Naquela época, ainda na casa velha, Paulo, meu cunhado, resolveu vestir-se de Papai Noel e fazer a distribuição dos presentes, na passagem do dia 24 para o dia 25 de dezembro. Não esqueço a expressão das crianças ao verem chegar o bom velhinho. Foi uma emoção tão grande, para todos, que acabou virando uma tradição, aqui no sítio. Todos os anos o Paulo veste-se de Papai Noel, para alegria das crianças, agora os netos, dos adultos que eram as crianças da época, e dos adultos que já o eram então. Neste ano, pela primeira vez, minha mãe não mais estará fisicamente se divertindo com a brincadeira. Mas, lá do céu, com muita ternura, certamente ela estará acompanhando e abençoando tudo e todos.

No início, o Paulo precisava de travesseiros dentro da roupa, imitando a barriga do Papai Noel. Mas, nem sempre foi assim, Anos houve em que o travesseiro tornou-se dispensável. Com ou sem travesseiro, entretanto, é o mais perfeito e alegre Papai Noel que se possa imaginar.

Mas, vamos ao primeiro Natal do Papai Paulo Noel.

Como eu disse, ainda era nos tempos da casa velha. Hoje, está tudo muito diferente, tudo calçado em volta dessa e das outras casas que se construíram no sítio. Mas, naquele tempo, era tudo terra. Não tínhamos os caminhos calçados, como hoje. E como chovia, naquele tempo! E, com
a chuva, ao redor da casa, formava-se um lamaçal.

Lá pelas onze da noite, família toda reunida na sala à espera do Papai Noel, o nosso Noel tupiniquim sai pela porta dos fundos, às escondidas, para dar a volta e chegar de forma triunfal e inesperada, ao menos para as crianças, pela porta da frente da casa.

Mas, chovia. E como chovia! Papai Paulo Noel precisou sair de casa segurando um guarda-chuva com uma mão, enquanto a outra mão segurava o saco de presentes pousado em suas costas.

Além da chuva, ainda havia o problema de precisar andar no meio da lama. Nada que um bom par de botas não resolvesse, embora elas ficassem imundas.

E lá se foi Papai Paulo Noel, intrépida e garbosamente, sob chuva e em meio à lama, a caminho da porta da frente da casa.

Porém, um perigo esperava o bom velhinho, do lado de fora da casa. Os cães ladradores: o Toy e o Perigo. Nomes bem sugestivos para dois autênticos "vira-latas", não é mesmo? O Paulo bem que havia lembrado deles, mas eram dois cães mansos e não iriam representar qualquer problema. Assim deveria ser se os cachorros soubessem que não deveriam representar nenhum problema! Mas, não sabiam. E que reação vocês imaginam que podem ter dois cachorros, numa
noite de chuva, escura, ao se depararem com um estranho balão vermelho amassando barro e avançando em meio à chuva? Lógico! É isso aí. Apesar de não serem touros, avançaram latindo para cima do atônito Papai Noel carmesim que, nessas alturas, não sabia se saia correndo largando o saco de presentes no meio da lama, se voltava para dentro de casa pela porta dos fundos, se chamava a polícia... Por sorte, o pavor infundido aos cães foi maior que a coragem deles. Chegaram perto mas não avançaram o sinal. Com isso, Papai Paulo Noel, todo molhado e enlameado, pode fazer sua triunfal entrada na sala, para alegria geral.

Depois da entrega dos presentes, tempo suficiente para que a chuva praticamente parasse de cair, e presos os cachorros "devoradores" de Papais Noeis, Papai Paulo Noel foi até à casa dos caseiros entregar seus presentes. Logicamente, eles não estavam sabendo daquela inesperada visita, à meia noite da noite de Natal.

A casa estava fechada, mas havia luzes na sala. O Paulo bateu. Depois de alguns instantes, uma voz vinda do lado de dentro perguntou:

"Quem é?"

Ora, quem poderia ser? O Paulo respondeu:

"É o Papai Noel!"

O caseiro, ao que parece, duvidou. Mas abriu para conferir.

Gente do céu! O caseiro já havia, digamos assim, tomado todas as que tinha direito e mais as que não tinha direito, também. Melhor explicando: estava "de fogo". E vocês sabem que pessoas nesse estado demoram muito a compreender o que está acontecendo. Muitas vezes, não
chegam a compreender nunca. O espanto dele ao abrir a porta e dar de cara com Papai Noel foi uma coisa indescritível. Com certeza, se não acreditava, a partir daquele momento passou a acreditar na existência do bom velhinho.

Algum tempo depois, ele saiu do sítio e nunca mais tivemos notícias dele. Mesmo assim, estou para dizer que ele acredita em Papai Noel até hoje. E, nas rodas de botequim, entre uma pinga e outra, ele deve dizer aos amigos:

"Papai Noel existe. Eu juro! Meninos, eu vi com estes olhos que a terra há de comer."

JF
Itatiba/SP

quinta-feira, dezembro 20, 2007

DIÁRIO DE UMA NOVA VIDA

Oi, pessoal.

Finalmente o sonho se realiza. A Nina e eu, depois de 38 anos de casados, saímos de São Paulo e nos mudamos para o sítio, em Itatiba/SP.

Dentro de minhas veleidades literárias, resolvi que, de agora para a frente, escreverei um livro Diário desta nova vida.

DIÁRIO DE UMA NOVA VIDA

1º dia – Hoje, ao acordar, não ouvi as freadas dos ônibus junto ao ponto de parada, em frente de casa. Também não senti, durante o dia todo, as buzinadas malucas do trânsito congestionado. Nada daquele ar mau-cheiroso de São Paulo. Somente o ar puro de Itatiba. Logo cedo, fui acordado com um barulho bem diferente: a gritaria de um bando de macacos-prego passeando pelas árvores da beira do lago bem próximo. Fiquei ouvindo, com imensa felicidade, aquele som diferente. Música! Está certo que eu os ouvia quando passava os finais de semana no sítio, mas hoje foi diferente. Hoje, foi a certeza de que poderei ouvi-los todos os dias. Como pude viver tanto tempo longe disto?

2º dia – Hoje, fui acordado por um bando de saracuras. Vocês conhecem saracuras? São uma aves de perninhas compridas, andam em bandos e possuem um canto bem estridente, mas muito engraçado e alegre. Muito bom acordar desse jeito. Mais tarde, a caseira veio prevenir-me de que acabara o milho para os patos. Ué! E como os patos eram abastecidos antes? O caseiro do sítio vizinho fazia o favor de comprar e era reembolsado, com uma pequena gorjeta. Morando no sítio, devo assumir todas essas responsabilidades. E, afinal, qual é o trabalho de ir buscar milho para os patos? Peguei o carro e fui à cidade comprar milho. Descobri que o preço do milho caiu pela metade, desde a última vez que o vizinho o comprou. Sem falar na gorjeta. Mas, e o prazer de ver aquele bando de patos vindo ao meu encontro em busca do milho? Gentes, que coisa maravilhosa viver em um sítio.

3º dia – Hoje, não passaram nem os macacos-prego e nem as saracuras para me acordar. Fiquei na cama esperando por eles até depois das nove horas. Não dá para confiar nos animais para acordarem a gente. A Nina entra no quarto reclamando que a casa está sem água. Minha nossa! Ontem, com a história dos patos, esqueci-me de ligar a bomba que joga a água na caixa. É lógico que não é um simples incidente desses que vai me aborrecer. Dou um beijo na bochecha dela, que continua de cara amarrada, e vou ligar a bomba. São pequeninas coisas que não chegam a tirar o prazer da gente. Amanhã começarei a trabalhar no jardim da casa. Estou com excelentes idéias para a remodelação. Viva a vida no campo!

4º dia – Hoje, o barulho para acordar foi o barulho da chuva. Levantei-me e fui olhar. Algumas telhas quebradas, no alpendre, deixam passar água. Muita água! Anoto mentalmente: mandar revisar todo o telhado da casa e mandar trocar as telhas quebradas. Adeus início de trabalhos de remodelação do jardim. Com essa chuvarada, não dá. Vida no campo tem dessas coisas. Quando se quer chuva, ela não vem. Em compensação, quando não se quer... Lembro do provérbio inventado pela Vanessa, minha neta de oito anos (vide blog da Lu: http://eeepa.blogspot.com/ ): "Quando a gente não quer, tudo ganha." Sábia Vanessa!

5º dia – Hoje, acordei com o barulho de um bando de sagüis. É um tipo de macaco bem menor que os macacos-prego, mas também muito barulhentos. Dessa vez não foi engraçado. Ainda estou me lembrando dos gastos com o conserto do telhado e não há coisa alguma que me alegre. A caseira veio me dizer que as duas capivaras que apareceram no lago estão fazendo estragos na horta. Conseguiram rebentar o alambrado muito velho e enferrujado. Fui lá verificar o estrago e as possibilidades de conserto. Realmente, o estrago foi feio. O alambrado está imprestável e precisa ser totalmente trocado. Fiz um cálculo rápido do custo: pelo menos uns sessenta metros de alambrado, bem reforçado. Fora a mão-de-obra. Pessoal, é bom morar no campo, mas não é tão barato quanto estavam me dizendo.

6º dia – Hoje, tornei a ouvir o barulho dos macacos-prego. Lembrei-me, então, que há muito tempo não como bananas das bananeiras do sítio. E olhem que eu tenho sete variedades diferentes de bananas. Aquilo deixou-me perplexo pelo resto da manhã. Após o almoço, fui ver as diversas plantações de bananas. Diversos cachos em formação lá estavam. Mas, cachos de bananas prestes a amadurecer, no ponto de colher, nada! Mas encontrei muitos indícios de colheita de bananas: diversas bananeiras derrubadas para a retirada dos respectivos cachos de bananas. Fiquei uma fera e fui tirar satisfações com a caseira:

"Quem está colhendo as bananas, que eu não vejo nenhuma por aqui?"

"Eu também não vejo", respondeu-me ela. "É o pessoal aí das Nações (um bairro popular da cidade) que entra e leva tudo."

Fiquei uma fera. De tanta raiva, fui dormir sem jantar.



7º dia – Hoje, domingo, acordei tarde e com dor de cabeça. Fiquei louco de raiva com um bando de maritacas barulhentas que por ali passou, nessa hora. A família toda vem para o almoço. Fui até à cozinha e encontrei a Nina ocupada com uma grande quantidade de coisas.

"Cadê o cafezinho que o meu amorzinho fez para o maridinho queridinho dela?"

"Na garrafa térmica! Onde mais poderia estar? Abra a geladeira, pegue frios e prepare um sanduíche você mesmo. Estou muito ocupada fazendo o almoço. Esqueceu que hoje é folga da caseira?"

Com esse "alegre" bom dia, silenciosamente, preparei e comi meu sanduíche, acompanhado de um café morno e a explicação: "Já falei quinhentas vezes pra você que essa garrafa térmica está com defeito!"

Como não chove há alguns dias, fui molhar meus vasos de orquídeas. "Cadê a mangueira que estava aqui?" A caseira, que hoje está de folga e desaparecida, sumiu com ela.

O pessoal está demorando para chegar. Vou à geladeira pegar uma cervejinha.

"Não tem cerveja na geladeira."

"Como? Sabendo que vinha tanta gente e você não cuidou das bebidas? Será que eu sempre tenho que lembrar de tudo?"

Saí correndo para providenciar.

Quase três da tarde. O pessoal chega para o almoço. Eu estou "varado" de fome e doido por uma cerveja gelada.

Termino de almoçar e me preparo para ir tirar uma soneca.

"Pai, não vá se esconder que daqui a pouco vamos embora."

"Mas vocês acabaram de chegar!"

8º dia – Hoje, acordei com um sabiá cantando bem junto à janela do quarto. Levantei-me correndo e abri a janela.

"Sabiá f.d.p! Ta gozando da minha cara? O que é que tem aqui no campo para ficar alegre? Estou estressado com essa droga de mato. Quero voltar para São Paulo!"

Atirei meus chinelos nele. O bicho é muito vivo e conseguiu fugir.

9º dia – Hoje, eu estou pondo fogo nesta porcaria de Diário.

JF (direto de Itatiba/SP)


sexta-feira, dezembro 14, 2007

MENSAGEM PARA MIM



---------- Forwarded message ----------
From: Nina Maria <nm@...
Date: 16/05/2007 11:07
Subject: 16 de maio
To: josefvannucchi@gmail.com

Dia 16 de maio de 1969 . Às 10:00 hs, iniciam-se os preparativos para o "grande dia" : cabelereira, maquiadora, a conversa com as primas queridas que vieram do interior (minha querida Catanduva) para partilhar aquele momento tão especial!

Chegou uma encomenda da Floricultura : Uma orquídea com um cartão : "Muitas felicidades para nós".

O coração batendo emocionado, os olhos sorrindo, eu via chegar o dia esperado com tanto carinho, desde a adolescência.

As fotografias tiradas em casa, antes de ir para a Igreja; a conversa com meu pai durante o trajeto para a cerimônia (Filha, você promete que vai ser feliz?) .

A espera pelo noivo . A noiva chegou antes do horário e o noivo atrasado (rs!rs!). A entrada na Igreja : mãos dadas com meu pai, vi lá no altar, no lado esquerdo, minha mãe, meu irmão, meus padrinhos e, logo, o meu olhar se fixou "nele", o meu amor; o homem que meu coração escolheu para partilhar toda a minha vida. Tão sério, emocionado, tão querido!

Hoje, 38 anos passados, este dia continua tão presente, com todo o seu significado, com toda a emoção, o amor tão forte!

Meu bem, eu te amo, por você ser exatamente o que é, com todas as suas imensas qualidades, com os pequenos defeitos ( que realçam as qualidades), por todos estes anos de cultivo do amor, pela amizade, cumplicidade, pelas horas de silêncio a dois, pelos risos, pelas horas de luta, pelo cantar em família. Eu te amo, também, ao amar nossos filhos, nossas netas. Amo o teu olhar de manhã, o som da sua voz; até o som do teclado do computador, quando você está "conversando" com os nossos amigos, tão queridos!

Voltando à pergunta do meu pai, no dia do nosso casamento, a resposta foi "Eu prometo" e esta promessa está sempre sendo cumprida. Deus nos abençoe para que possamos estar juntos mais anos ainda.

Você é meu amor, minha vida!

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O e-mail acima, eu recebi no dia 16 de maio último, dia em que a Nina e eu completamos 38 anos de casados. Nem preciso dizer para vocês que chorei de emoção, não é mesmo? Obviamente, abraçado nela.

Hoje é outra data muito importante para nós: 43 anos de uma conversa telefônica:

Eu: "Você quer namorar comigo?"

Ela: "Si quero!!"

E foi assim que, no dia 14 de dezembro de 1964, depois de um bom tempo de paquera, começamos a namorar. E namoramos até hoje!

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Gentes, estou escrevendo diretamente do sítio, em Itatiba/SP. Acabo de por para fora do escritório (para o gramado) uma pequenina rã que por aqui passeava, vinda sei lá de onde e como. Foi um baile! Como esse bichinho pula! Lógico que eu não ia pegá-la com a mão. Com um jornal, com o máximo cuidado para não machucá-la, eu a empurrava para fora. Ela não entendia nada, pulava, pulava e voltava para dentro. Finalmente, consegui.

Passado o episódio "rã", voltemos ao texto.

Como eu dizia, estou escrevendo do sítio. O cumputador é bem velhinho. Acho que nem é movido a eletricidade. É um computador "a vela". Aqui no cantinho do teclado, o antigo dono escreveu seu nome. Nossa! Que forma arcaica de desenhar as letras! Deixem-me ver se consigo entender: Peeeroo... Iso mesmo: Pero! E depois? Esse dá para ler bem: Vaz. Em seguida... de Caaa... de Caaminnnnha. Pero Vaz de Caminha? O antigo dono do micro? Será possível? Gentes, acho que foi neste computador que ele escreveu a famosa carta para Dom Manuel, o Venturoso, El-Rei de Portugal!

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Gentes, vou precisar levantar às cinco e meia, pois preciso voltar para São Paulo e chegar em casa antes das oito da madrugada. Hoje, o pessoal da transportadora passou o dia embalando as coisas: louças, vidros, cristais, equipamentos vários, cadeiras, mesas, sofás, tudo. O objetivo é embalar tudo. Haja papelão, caixas de papelão, e... plástico-bolha. Amanhã, depois das oito da madrugada, eles lá estarão para continuar embalando o que ainda falta. O caminhão só pode encostar à uma hora da tarde. Até esse horário, é estacionamento proibido. Aí, carregam o caminhão e voltam para o depósito. A mudança só chega ao sítio na segunda-feira.

E o que eu vim fazer no sítio, à noite, se tenho de estar de volta bem cedo? Vim trazer a Nina e o Eddie Wood. O Ed é o meu beagle (cada dono tem o cachorro que merece!). A recomendação da transportadora é para que não fiquem animais (cachorros malucos, principalmente) no local, por ocasião da retirada das coisas.

Em casa, quando chega alguém, é para visitar o Ed. Ao menos é como ele pensa! As pessoas têm de dar atenção integral a ele. Vocêm não imaginam o que foi hoje, durante o dia, com o pessoal da transportadora "tentando" embalar as coisas e o danado querendo "chamar a atenção".

Pior foi quando chegou a equipe de reportagem da TV Band, às duas da tarde. Não contei? Pois é! Está previsto para o Jornal da Band de 2ª feira (19,20hs - horário de São Paulo). Não deixem de assistir! Não vou falar o que era a matéria para não estragar a surpresa.

Mas, quando chegou o pessoal da Band, quem mais queria aparecer era o Eddie Wood! Foi filmado subindo na mesa do computador. Só não sei se ele irá "ao ar"! A família toda estava lá, para a reportagem. O operador da câmera foi bem claro: "Em oito anos de trabalho, nunca fiz uma matéria com uma família tão doida." rsrsrsrsrs

Ou seja: o Ed não estará em casa, na hora de carregarem o caminhão. E nem a Nina, pois alguém precisa tomar conta dele para que não destrua toda a ordem e paz do sítio.

Por isso sempre digo: pensem muito bem antes de comprar um filhotinho de beagle! Precisa ter vocação para possuir um cachorro desses. (O Eddie Wood, com cinco anos de idade, é nosso segundo beagle. Antes dele, tivemos a Belle Fruitcake, que viveu quatorze anos. Sem contar com o Sir Lancelot - Lance, para o íntimos - do sítio, que viveu dezesseis anos. Um mais trapalhão que o outro)

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Gentes, estava escrevendo e pensando. Comecei a namorar com a Nina num dia 14 de dezembro. Devia ter começado a namorar depois do Natal, não é mesmo? Teria economizado um presente! (se ela lê isto, me joga no lago - rsrsrsrsrsrsrsrsrs)

Pensando melhor, até que foi um bom negócio! Eu dei um presente a ela e ela deu um presente para mim. Um a um! Jogo empatado! Uma semana depois, no dia 1º de janeiro, meu aniversário, ganhei outro presente. Ótimo: Dois a um para mim. Ganhei! hehehehehehehehehehehehehe!

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Gentes, em novembro, em Fortaleza, fui entrevistado pela TV Verdes Mares. Ilustrando a matéria, inclusive, apareceu no jornal local um pouco da palestra que fiz sobre as "normas para julgamentos em exposições de orquídeas".

Agora, entrevista na Band que, ao que parece, vai para o jornal nacional da emissora.

Com tanta "evidência", será que a Globo não "repara" em mim e não me coloca no lugar da Xuxa, agora que estão tirando o programa dela "do ar"? Modéstia à parte, acho que seria um ótimo negócio para eles! E para mim, também! Acho que vou comprar uma peruca loira e já começar a ensaiar

I la ri la ri la ri ê
Ôôô
I la ri la ri la ri ê
Ôôô

Abração
JF





quinta-feira, dezembro 13, 2007




CONVOCAÇÃO:

FAMÍLIA JACARÉ!!!

Ensaio marcado para o próximo domingo, na nova sede, no sítio, em Itatiba/SP.



FELIZ É A TARTARUGA. QUANDO MUDA, CARREGA A CASA NAS COSTAS E NÃO PRECISA PAGAR EMPRESA DE MUDANÇAS!

Gentes, na outra encarnação vou montar uma empresa de transportes especializada em mudanças residenciais. Juro! Vocês já andaram pedindo orçamento para uma mudança, ultimamente? Tentem! Mesmo que não estejam com intenção de mudar-se, telefonem para alguma delas e peçam um orçamento. Com vistoria prévia e sem compromisso. Mas, digam que vão mudar-se para um sítio, em um município qualquer, a uns 80 ou 90 quilômetros de São Paulo. No dia seguinte, vocês estarão sendo visitados por um sujeito muito falante, contador de piadas, uma “simpatia”. Aí, quando chegar o orçamento, vocês vão reparar que as piadas do sujeito eram sem graça. Mas aí já é tarde!

Ah, sim! Tudo bem! Vocês pediram um orçamento mas sem intenção de mudança. Ainda bem! Vocês vão ver que loucura que é. Depois, vocês me contam.

CARREGANDO O PIANO

A única vez em que me mudei e não levei meu piano, foi quando casei. O piano ficou na casa de meus pais. Porém, depois de alguns anos, levei o piano para o apartamento. Naturalmente, contratei uma empresa especializada.

Para tirar o piano da casa dos meus pais foi fácil. Era casa térrea. Mas, quando chegaram com o piano lá no prédio em que eu morava... Décimo andar de um edifício antigo, daqueles que têm o “pé direito” lá nas alturas! É mais que óbvio que o piano não cabia no elevador. Tinha que ser levado pela escada por quatro peões. Cada um deles muniu-se de um... de um... como direi? De um “pescoçorão”... Como? O que é um pescoçorão? Bem, é uma correia muito grossa, de couro, que as pessoas passam em volta do pescoço e que vai até o chão. A parte de baixo é colocada sob o piano e, assim, com base na força de pescoço, ombros, coluna, braços, os quatro peões mantém o piano elevado uns dez centímetros do solo e o levam de um lado para outro. Inclusive, sobem as escadarias de um edifício... Pescoçorão? Vocês não conhecem esse termo? Na verdade, os dicionários ainda não registram. Acabei de inventar. E foi pura analogia. Se a uma correia grossa em volta da cintura denominamos cinturão, por analogia, em volta do pescoço será pescoçorão! Isto é lógica pura!

Os “carinhas” levaram uma meia hora para chegar ao meu apartamento. Quando puseram o piano no chão, os quatro estavam em petição de miséria, mais molhados de suor que cachorro que ficou trancado do lado de fora da porta, em dia de temporal! Imediatamente, peguei copos e água para eles. Eles olharam bem para a água, mas ninguém se animou. Aí, um deles, que parecia ser o chefe, virou-se para mim e falou:

“Água, doutor? O senhor não tem aí uma garrafa de conhaque?”

Fui buscar o conhaque e eles puderam matar a sede.

NEM TUDO QUE VEM DO CÉU É AVIÃO OU PASSARINHO

Houve uma grande evolução no transporte de pianos, desde aquela vez em que o meu piano foi levado para o meu apartamento, há mais de trinta anos.

Quando eu mudei desse meu primeiro apartamento, o piano não foi mais pela escada. Foi levado ao terraço e, dali, desceu pelo lado de fora do edifício, preso por cabos. Literalmente, um “mais pesado que o ar” sendo transportado de forma aérea.

No novo prédio, foram colocadas vigas em um apartamento acima do meu. Com cabos e roldanas, o piano foi içado até o terraço do apartamento e, por ali, entrou. De nota, o susto da Belle Fruitcake, nossa cadelinha Beagle, antecessora do Eddie Wood, quando viu aquele baita piano aparecendo no ar e entrando no apartamento pela murada do terraço.

Igualmente, neste meu atual terceiro apartamento, do qual já estou de mudança, o piano foi içado. Porém, diferentemente das mudanças anteriores, desta vez, não haverá piano para ser transportado. Eu o vendi e já foi retirado. O comprador, uma loja que compra e vende pianos, contratou gente especializada nesse tipo de transporte. Vieram três pessoas. Imaginei que iriam colocar toda a tralha para descer o piano por cabos. Puro engano! O piano foi pela escada mesmo, só que, agora, descendo de um 13º andar.

A primeira providência foi a de retirarem todas as partes de madeira da frente, de cima, de fora, de dentro... Ou seja: tiraram o “armário”. Depois, tiraram todo o conjunto do teclado e mais algumas coisas que davam para serem tiradas. Com isso tudo, diminuíram, no possível, o peso do piano. Depois, enquanto um deles descia, pelo elevador, levando as partes removidas, os outros dois colocaram os seus “pescoçorões” e lá se foram pela escadaria do prédio, felizes como gatos que acabaram de pegar um rato!

A CAMINHO DO PARAISO

Mas, nada como um dia depois do outro, pois o mundo gira, a “Lusitana” roda, e, no próximo sábado, quando tocarem a campainha, em casa, vou imitar a voz da menininha do comercial da TV e berrar pra Nina:

“Manhêêêêê!!! O caminhão da “Granero” já chegouuuuuu!!!”

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NOTAS E... MAIS NOTAS

Novidades nos links de blogs amigos. Agora, separados dos demais, os blogs especializados em música. Não deixem de ver. Muita música de qualidade.

Quero agradecer ao pessoal que tem visitado o blog. Tanto aos que o visitam de forma incógnita como aos amigos que assinalam a presença. Percebo, pelo "contador de visitantes", que a audiência vem aumentando, embora os tímidos não deixem suas mensagens.

E uma nova amiga. A Alê Barros, com seu blog Caraminholas já devidamente registrado e "linkado" na minha relação de blogs amigos. Não deixem de ver. Ela se diz "Taurina, Teimosa, Geniosa, Estressada, Dorminhoca e Pavio Curto". Depois de lê-la, eu digo: Descontração e Emoção andando lado a lado! Podem conferir.

Abração
JF

segunda-feira, dezembro 10, 2007

NOTÍCIAS E "CAUSO"

ALTA ANSIEDADE


Gentes, estamos a SEIS dias da mudança para Itatiba.

A ansiedade é enorme. A Nina não para de chorar no meu ombro! Tenho que trocar de camisa a cada 23 minutos. Quanto a mim, meu analista me recomendou ficar estourando aquelas bolhas do plástico-bolha. De oito em oito horas pego um lençol de 12 m2 de plástico-bolha e estouro todas as bolhas. Uma por uma! Gasto oito horas para estourar todas as bolhas do lençol de 12 m2! Dessa forma, não me sobra tempo para ficar pensando na mudança. Só penso em bolha de plástico-bolha! Verdade que não estou com tempo nem para dormir. Estou escrevendo este e-mail com os pés, pois as mãos estão ocupadas estourando o plástico-bolha.

Abração
JF

(em tempo: na verdade, quem me recomendou estourar as bolhas do plástico-bolha fui eu mesmo. Sou meu auto-analista. Eu me auto-analiso. Fica bem mais barato e não preciso sair de casa. Me sobra mais tempo para estourar bolhas de plástico-bolha.)


A PROPÓSITO DOS CHAPÉUS FEDIDOS



Gentes, vocês estão lembrados dos chapéus de vaqueiros que eu trouxe de Fortaleza? Aqueles de couro cru, mal-cheirosos? Estão no terraço do apartamento por todo esse tempo, desde que chegaram. Já tomaram chuva, sol, vento. Já sumiu um pouco do mal cheiro. O Vagner e eu (Rodapé e Trovão) até já tentamos usar (vejam a foto, fazendo uma percussão com pandeiro e triângulo), mas ainda leva algum tempo para o cheiro passar despercebido.


MÁQUINA FOTOGRÁFICA DIGITAL

Gosto muito de recolher "causos" que, depois, são narrados nas apresentações no nosso grupo musical, o "Família Jacaré". Consegui uma "história de pescador" muita boa, lá em Fortaleza, no passeio pela fóz do Rio Mundau. A história (na verdade: estória) já está devidamente adaptada e incorporada ao repertório. Quem quiser ouvir, basta comparecer à nossa próxima audição!

Recentemente, na Internet, recolhi a historinha a seguir, já adaptada em "causo" do repertório do "Família Jacaré". É o seguinte:


A máquina di tirá retratu

Trudia eu sai du sítio i fui lá em Sumpaulo. Eita, cidade graaannndeeee! Eu tava abestalhado cum as coisa que se vê pur lá.

De repente, numa vitrine de uma loja, tinha uma porção de umas maquininha queu nunca vi coisa iguar! Fiquei lá dimirando, dimirando... todo abestalhado.

Aí, saiu lá de dentro da loja um moço e me perguntou:

"Ô moço, quer comprar uma máquina fotográfica?"

"Maquina fotográfica? Qui qui é isso?"

Ele me olhou espantado e perguntou:

"Não conhece? É uma máquina que pode pegar sua imagem e reproduzí-la em um papel."

"Ahhhh!!! Máquina de tirá retrato!!! Agora intindi o qui qui é isso daí. Mas na minha terra é muito deferente! De dumingu, quando a gente vai na missa lá na vila, lá na pracinha tem o Bastião Lambe-Lambe qui tem uma máquina di tirá retrato. Mais a máquina é enorme. Ele infilera toda a famia, manda todo mundo ficá queto, depois infia a cabeça pru baixo dum pano preto, grita prá todo mundo oiá u passarinho ( agente até óia, mais num tem passarinho ninhum!). Dispois, ele dá prá nóis u retrato da famia e cobra cinco merréis."

"Ah! Mas essa é uma máquina muito antiga. Esta é moderna. Quer ver como funciona?"

O moço pegô uma maquininha daquelas, apontô prá mim e saiu um clarão que me deixô cego. Aí ele me disse:

"Pronto! Está tirada a foto. Olhe aqui na parte de trás da máquina."

Eu oiei e, sem brincadêra, lá na bundinha da máquina, tava meu retrato agrudadu. Coisa do ôtro mundo! Até parecia coisa do Demo! Ele viu que eu gostei e já começou a me contá das vantage da máquina. Eu num intindia nada: quatro mir pixéus, lente bejetiva, sei lá mais quê! I us retrato, era só baixâ eles nu computadô!

Aí eu já num gostei. Achei que ele estava sendo disrespeitoso cumigo.

"Óia aqui! Mi arrespeite! Nem cum dor i nem sem dor! Num vô mi abaxá na frente di ninguém!"

Ele mi oiô ispantado e cuntinuô ispricando as vantage da máquina.

Agora, o qui eu gostei memo foi quando ele me disse que a máquina pudia batê a foto suzinha! Com um tar de disparadô otomatis! Era só eu ajustá a máquina, apertá um botão, corrê pra minha posição, e a máquina batia a foto suzinha, suzinha!

Aí mi intusiasmei! Imagina só a cara daquele povo todo lá da roça, que só conhece a máquina de tirá retrato do Bastião Lambe-Lambe, se eu apareço cum essa máquina muderna pur lá! Hêhê! Eles num vão nem sabê u qui é!!! Cumprei a máquina e lá mi fui eu pro sítio.

Chegando lá, chamei toda a famiage prá vê a novidade e tirá um retrato. Ninguém quiria criditá qui aquela maquininha, daquele tamanhiquinho, fosse di tirá retrato!

"Ué! Num teim pano preto prá infiá a cabeça? I cumé qui ocê vai falá prá nóis oiá us passarinhu?""

Eita capiaus qui num intendi di coisa muderna!!!

Fiz tudu eles se juntá perto da cerca di arame farpado e preparei prá tirá a foto Coloquei a máquina im cima de uns morão de cerca, vi qui tava tudu mundo nu seu lugar fazendo pose de retrato. Carculei um lugar prá mim entrá i sair na foto, bem du ladu da minha véia, a Nhá Nina. Só qui eu num falei nada prá eles du disparadô otomatis. I falá prá quê? Eles num ia intendê memo! Até iam achá qui otomatis era coisa di botá na salada! Mais qui eles ia ficá espantado di vê a máquina tirá retrato suzinha, lá isso ia! Hêhêhê! Qui surpresa qui ia sê!

Carculei tudu direitinho, mandei tudo mundo ficá queto i pará di si mexê, dei mais uma cunfirida na máquina prá vê que tava tudu mundo no lugar, apertei u disparadô (pru dentro di mim eu dava rizada suzinho só di pensá nu ispanto deles quando vissi a máquina tirá retrato suzinha!!!) e saí correndo pru meu lugar no retrato.

Ni qui qui eu sai correndo, tudo mundo saiu correndo tambeim. Cada um prum lado. Nhá Nina, que num é muitu alta (ocêis conhece minha véia, né?) quis pulá a cerca de arame farpado, tropeçô i ficô estatelada no meio dus arame. Um escândalo! Deu um trabaião prá tirá ela di lá e ponhá nu chão otra veiz.

Aí, num guentei mais i recramei:

"Mais u qui deu im oceis? Ceis istragaro u retratu. Prá mó di quê qui oceis sairu tudu correndo?"

Nhá Nina intão falô:

"Ara! Nóis é caipira mais num é besta! Si ocê que conhece a máquina ficô cum medo i saiu correndu, ocê quiria qui a gente ficasse lá parada? Saimu tudo correndo tambeim!"

Nhô JF

sexta-feira, novembro 23, 2007

O "Forró de Bodocó" e o chapéu infernal.

Gentes,

Lá no mercado de artesanatos de Fortaleza, entre outras coisas, comprei um chapéu para mim. Aliás, dois. Um para mim e outro pro Vagner, para usarmos nas apresentações do Família Jacaré, quando cantamos a música "Forró de Bodocó".

Os chapéus são simples. Daqueles usados pelos vaqueiros da caatinga, feitos de couro cru.

Pessoal, como eles fedem! Até parece cheiro de suvaco de carregador do porto, de antes de inventarem o desodorante! Minha nossa!

Não deu para guardar nas malas, pois não queríamos que amassassem. Além de não ter mais espaço nas malas... além de não querermos que as roupas ficassem impregnadas com aquele cheiro incrível. Assim, vieram dentro de uma sacola plástica.

No "checkin" do aeroporto, depois que eu disse à atendente da Gol o conteúdo da sacola, ela até colocou uma etiqueta da companhia. Devia ser para que todos soubessem que a sacola havia sido revisada mas se constituía em um grande perigo.

Quando a Nina e eu entramos no avião, tive a nítida impressão que as duas aeromoças me olharam com desconfiança. Chegando às nossas poltronas, tratei de colocar a sacola no bagageiro e fechar, para que os demais passageiros não soubessem de onde vinha o cheiro e nem imaginassem que aquilo me pertencia. Meu medo era que o cheiro provocasse uma rebelião entre os passageiros e eu não queria ser acusado como o causador do tumulto. Mas, não deu outra. O cheiro tomou conta do avião.

Depois de levantarmos vôo, o comandante, desconfiado, abandonou o comando nas mãos do piloto automático, saiu da cabine, e veio revisar as solas dos sapatos de todos os passageiros, para ver se algum havia pisado na... Não tenho muita certeza, mas me pareceu que um passageiro comentava com outro sobre a necessidade de evacuação da aeronave. Inclusive, parece que o comandante já havia autorizado a abertura da porta para que os mais desesperados saltassem de paraquedas. Cheguei mesmo a ver uma velhinha bem velhinha brandindo sua bengala e berrando "os idosos têm preferência!".

O comandante, nordestino, diante da situação inusitada, quis voltar para Fortaleza. Vejam o diálogo dele com a torre de controle.

“Alô, torre. Alô, torre... “Airbus” da Gol arrétornando! Tem algum cabra safado a bordo qui tá cum xulé arrétado. O pessoal tá todo apérreado, bichinho! Peço autorização prá descê e deixá o cabra puraí! Ele qui vá pra Sumpaulo di jegue.”

E o controlador:

“Autorizo, não, meu rei! Se desce aqui eu risco ele tudinho com minha péxeira! Arre, égua! Coitado du jégue!”

Num determinado momento, o avião estremeceu e ficou dando uns pinotes. O comandante avisou que estávamos passando por uma zona de turbulência e mandou todo mundo colocar os cintos de segurança. Para mim, eram os chapéus de couro fermentando e provocando "pressão interna" na aeronave. Uma outra velhinha berrava, lá no fundo: "Rezem que o mundo vai explodir! Já estou sentindo o cheiro de enxofre do inferno!" Felizmente, um outro passageiro, mais calmo e que já tinha puxado e respirava através de uma máscara de oxigênio, pegou a velhinha e jogou-a pela janela. Isso fez com que todos se acalmassem e ficassem bem quietos em seus lugares, obviamente após todos puxarem suas máscaras e passarem a respirar o oxigênio puro.

Gentes, a situação era tão dramática que, de repente, começamos a ouvir um barulho estranho. Imaginem que o piloto automático estava tão incomodado com o cheiro que resolveu pisar fundo no acelerador. O avião ultrapassou a velocidade do som! Verdade! O bom é que, com isso, acabamos chegando mais rapidamente ao destino.

Com esses probleminhas, descemos em Cumbica. Foi dada prioridade absoluta de aterrisagem ao nosso avião, com direito a recepção pelos bombeiros e ambulâncias, que nos esperavam no início da pista, juntamente com a Defesa Civil, o Esquadrão Anti-Bombas, a imprensa, etc.

Quando a porta do avião se abriu, disfarçadamente, peguei a sacola fatídica e tratei de cair fora. Ao descer do avião, as aeromoças, que normalmente nos desejam um bom dia e um até breve, para mim disseram "Adeus! Até nunca mais!".

Eu sai correndo e consegui trazer os chapéus até aqui em casa. Espero que consigamos, o Família Jacaré, obter um estrondoso sucesso com a música "Forró do Bodocó", do compositor, nosso amigo, Tim Max.

"Eu sou do norte, eu sou lá de Bodocó.
Eu sou do norte, eu sou lá de Bodocó.
Eu sou do norte, vim aqui tentar a sorte,
Quem sabe um dia eu vorte
Quando a vida miorá."

JF

terça-feira, novembro 13, 2007

Notícias

Alô, pessoal.

Agora, fiquei assustado. Um mês sem postar nenhuma mensagem. Que vergonha, Zeca!!!

É a correria. Uma série de coisas acontecendo ao mesmo tempo.

Finalmente, depois de um ano, vendi o apartamento. Vendi, mas não entreguei! Hehehehehehe! Brincadeira! É que o negócio ainda não foi concluído. Assinamos o Instrumento Particular de Compra e Venda. Recebi o valor do sinal e... saí correndo para pagar um monte de dívidas. Sim! Como bom brasileiro, eu também vivo "pendurado". No início de janeiro, a negociação se encerra e... vida nova!

Antes disso, entretanto, ou seja: na primeira quinzena de dezembro, já estaremos nos mudando de São Paulo para o sítio, em Itatiba-SP. Vamos fazer companhia para meu pai, o "Seu" Amélio, de 92 anos.

Na próxima quinta feira, dia 15, a Nina e eu estaremos voando para Fortaleza. Fui convidado para fazer parte da comissão julgadora da exposição de orquídeas organizada pela Assoociação Cearense de Orquidófilos. Na 6ª feira é o julgamento. No domingo de manhã, será a minha palestra "Julgamentos de orquídeas, segundo os critérios do American Orchid Society". A exposição vai de 6ª feira até o domingo. A partir daí, ficaremos hospedados no apartamento de nossa querida amiga Vera Coelho, até a 5ª feira, quando retornamos a São Paulo.

Por incrível que pareça, em 38 anos de casados, é a segunda vez que a Nina e eu viajamos sem ser a trabalho. A primeira vez foi na lua-de-mel. Segunda vez? Já não é mais a segunda.

Hoje pela manhã, comentei com uma cliente a ida a Fortaleza. Essa cliente possui alguns imóveis naquela cidade. Coincidentemente, também estará viajando para lá no dia 15. Pois não é que acabamos marcando uma reunião para a 2ª feira, em Fortaleza, ela, dois filhos e eu? Pronto! Já posso dizer que a única vez em que a Nina e eu viajamos sem preocupação de trabalho, nos 38 anos de casados, foi na lua-de-mel. Só uma vez! Uma única viajenzinha! Pode?

Outra notícia.

Como a maioria dos leitores do blog já devem ter percebido, minha esposa Nina e eu, mais minha filha Lu Farias (do blog Eeeeeeeeepa - opa! acho que coloquei alguns "e"s a mais!) e o marido Vagner, mais nossas duas netas Juliana e Vanessa (as duas também são blogueiras - vejam lá na minha lista de links para outros blogs) formamos o grupo vocal Família Jacaré. E, interessante!, gostamos de nos apresentar. E onde somos convidados, lá vamos nós. No dia 11 de outubro fizemos uma apresentação de 40 minutos na E. E. Profª Carmosina Monteiro Vianna, lá na Vila Medeiros, um bairro daqui de São Paulo. Sabem onde é? Nós, também não! Só sabemos que conseguimos chegar lá. Mas, não perguntem como. A apresentação foi um tanto improvisada, sem equipamentos de amplificação de som e sem a nossa percussão. Só as vozes e um violão. Foi na Biblioteca da escola, um local pequeno mas com bastante gente assistindo. Deixando a modéstia de lado, sentimos que agradamos bastante, com nosso estilo de músicas bem alegres, engraçadas, algumas até teatralizadas. Ontem, recebemos da Direção da escola o e-mail abaixo:



From: E. E. profª Carmosina Monteiro Vianna <e001296a@see.sp.gov.br >
Date: 08/11/2007 16:14
Subject: Agradecimento
To: coraldojacare@gmail.com

Nós da E.E. Profª Carmosina Monteiro Vianna , vimos por meio deste agradecer pela apresentação realizada nesta escola no dia 11 de outubro .
Eu achei muito bom, e interesante, prinsipalmente a cação da da Maria das dores.muiobrigado por te vindo a nossa escola.
( ricardo ,14 anos 7°c )
Eu achei um trabalho diferente, legal e interesante.E gostei muito das cantigas prinsipalmente do mistereco e Maria das dores.
Agradeso a sua por sua cultura antiga que quisseram passar para nos. MUITO OBRIGADO
( thiago ,13 anos 7°c )
A apresentação foi belíssima, muito entusiasmante e esperamos poder assistí-los novamente...
(Cristina Aparecida Sanches, Diretora da escola .)


Gentes, viram que coisa mais linda? Jovens de 13 e 14 anos se encantando com músicas de Alvarenga e Ranchinho, que foram sucesso nas décadas de 40 e 50, lá no século passado.

Não poderia deixar de agradecer à manifestação. Enviei à escola o e-mail seguinte:



Sra. Cristina Aparecida Sanches,
Diretora da
E. E. Profª Carmosina Monteiro Vianna

Professora,

O grupo todo ficou muito feliz com estas opiniões. Para nós, cantar em grupo é uma manifestação íntima de carinho familiar. Poder levar esta nossa forma de amor a outras pessoas nos é muito gratificante. E vermos as opiniões favoráveis de jovens, só nos entusiasma e nos anima a cada vez mais desenvolver esta nossa forma de alegria familiar.

Quero, em nome de todo o grupo, agradecer a acolhida muito gentil que tivemos em sua Escola e nos colocar à disposição para outras apresentações. Para isto, basta um contato telefônico ou por e-mail, com uma boa antecedência, como foi feito pela Profª Sueli.

Gostaria de pedir um favor. Na nossa apresentação, estava presente um professor de português. Infelizmente, não lembro o nome, mas a Profª Sueli deve lembrar quem era. Ficou sentado na frente, próximo da porta. Esse professor nos solicitou a letra da música "Linda Meu Bem", pois esse texto lhe seria útil nas aulas. Fiquei de lhe enviar por e-mail, mas perdi a anotação do endereço e do próprio nome do professor. Dessa forma, estou enviando, em anexo, a gravação original, com o cantor Ary Toledo, e a letra da música. Peço que tente identificar o professor e encaminhar esses anexos a ele.

Um grande abraço do grupo Família Jacaré a todas as pessoas ligadas à E. E. Profª Carmosina Monteiro Vianna.

José Francisco Vannucchi



Tanto o e-mail da diretora da escola quanto meu e-mail de resposta, transcrevi nas listas de discussão NESO e TatoFischer.

Nosso querido Tato Fischer, Diretor Artístico do nosso grupo, compositor, cantor, instrumentista, mágico, professor de canto, diretor teatral e diretor musical, que participou do grupo Secos e Molhados, entre outras qualidades, nos mandou a mensagem abaixo:



PARABÉNS, FAMÍLIA JACARÉ!
SUCESSO, SEMPRE!
Beijo e Luz
TAto


Obrigado, Tato! Você, que acreditou em nós antes mesmo que nós acreditássemos, tem um lugar especial no coração de todos nós.



Na lista NESO, minha amiga Lana Silveira, que vocês já conhecem através de um texto muito lindo escrito por ela, sobre a Mãe, e que eu transcrevi aqui no Blog, umas duas ou três postagens atrás, pois a Lana, que é dotada de uma sensibilidade enorme, postou lá na NESO a sequinte mensagem:



Oi JF,
é muito gratificante ter amigos como voces! Desejo de coração que voces tenham muito sucesso como Família Jacaré. Que sempre tenham esse carinho com todos.
dona Amélia deve estar toda orgulhosa da família que deixou muito bem formada, equilibrada, amada por muitos, e transmitindo sempre muito amor.
No plano invisível onde se encontra junto a Deus, muitas vezes está presente em suas apresentações, pra matar as saudades......
Aprendi com voce JF, a amar dona Amélia. Criatura divina que amava tanto os seus e os animais. Lembro sempre da arara vermelha que ela na sua bondade punha ovos de galinha para a arara chocar. Só um espírito evoluido como dona Amélia poderia sentir o desejo materno de uma arara.
O céu anda mais calmo,prestem atenção, dona Amélia cuida com desvelo das aves de Deus.
Parabéns JF, sucesso, pra voces todos.
beijos
Lana



Lana, amiga querida. Você conseguiu me arrancar algumas lágrimas. Mostrei sua mensagem à Nina e ela ficou igualmente emocionada. Minha mãe foi mesmo uma criatura excepcional. Que bom ver esse seu carinho para com ela, mesmo sem conhecê-la pessoalmente. Obrigado. Que Deus proteja você e os seus.

Hoje, o Blog está meio jornalístico. Outra notícia. Agora sobre a Maith.

A Maith é uma blogueira sensacional. É a bisavó mais jovem da Internet. Não estou falando em cronologia, pois não sei a idade da Maith. Mas, acho que, mesmo cronologicamente, ela é jovem. Mas, quanto ao espírito, a Maith está na juventude.

Como minha filhota Ma (ela adotou a Nina e eu como pais e nós a adotamos como filha querida também - adoção mútua), lá de Sorocaba, ela é torcedora do glorioso e insuperável São Paulo Futebol Clube e do São Bento.

Pois é! A Maith me deixou uma mensagem estranha. Imaginem que ela enviou uma mensagem e ... sumiu! Sumiu a mensagem, não a Maith!

Maith, amiga. Sumir uma mensagem sua é uma coisa lamentável! Nem imagino como isso pode ter acontecido. Você tem toda a razão de ficar triste, pois isso me deixa triste, também. Mensagem sua é algo que não dispenso. Infelizmente, essa eu também não entendi. Acho que vou reclamar com o titio Bill Gates!

Pessoal, os blogs da Maith são bem fáceis de serem encontrados e valem a pena serem vistos. A originalidade e a alegria já começa nos nomes. Vão lá ver e depois me contem. E deixem, lá mesmo, nos dois blogs, mensagens para ela. Na minha página de entrada, na coluna dos links para blogs amigos, vocês encontrarão o caminho. Basta clicarem sobre os nomes dos blogs da Maith: "Cuidado, Estão te Espiando" e "A Bisavó Blogueira". Depois que entrarem nos blogs, não esqueçam de colocá-los entre os seus "Favoritos". Assim, será mais fácil retornarem sempre.

Bem, pessoal. Por hoje, foram essas notícias. Prometo trazer, brevemente, novos "causos", ainda antes da mudança para Itatiba, mas depois da quase segunda lua-de-mel com a Nina (esses clientes!).

Abração,
JF




quinta-feira, outubro 11, 2007

TATU É TRETA!


Oi, pessoal.


Recuperei esta crônica na lista de discussão NESO. Na época, dezembro de 2005, meus pais, Amélio e Amélia, estavam com 90 e 88. Infelizmente, em fevereiro último, faleceu minha mãe. Esta historinha é uma homenagem à sua dedicação à natureza.


TATU É TRETA!

"Ai Tatu! Tatuzinho,
Me abre a garrafa
e me dá um poquinhonhonhonho!!!"

Gentes,

Vocês lembram desse antigo comercial de pinga?

Meus pais já moram no sítio há muitos anos. Nascidos no interior de São Paulo, depois de construírem sua vida na capital, retornaram à vida do interior. Se bem que, agora, essa vida já não tem mais nada a ver com a vida de antes dos anos "vinte", quando eles nasceram.

Mas, estão lá em Itatiba, firmes!

Uma das coisas que meu pai mais gosta é ver a terra produzindo. Só que, com 90 anos e praticamente sem visão, e num sítio com relevo bem acidentado, o "seu" Amélio já tem dificuldades para se locomover por lá. Ao lado da casa, temos um antigo e pequeno terreiro de secar café. Não é muito grande. Talvez uns quinze metros de comprimento por quatro ou cinco metros de largura. O chão é revestido de antigos tijolos e é levemente caído para um dos lados, para evitar acúmulo de água. E, para alegria de meu pai, resolvemos transformar essa área em horta. Foram construídos murinhos de 30 cm de altura, dividindo a área em duas enormes floreiras. Ou “verdureiras”, se preferirem.

Um empregado muito caprichoso colocou uns pilares de madeira e cobriu tudo com "sombrite". Foram colocados portões e, em um dos lados, mais "perigoso", foi colocado telado de galinheiro. Assim, o Heros, o Scooby, o Haroldo, e os demais cachorros ficaram impedidos de entrar no local.

"Seu" Amélio, com grande entusiasmo, trouxe da "agro-pecuária" bandejas e mais bandejas com mudinhas de 4.538 (ou quase isso! rsrsrsrs) variedades de alfaces, couves, rúculas, almeirão, e tudo o mais de verduras a que tinha e não tinha direito. Logicamente, sem esquecer das sementes de cenoura, erva-doce, pepino, etc.

A horta ficou uma lindeza. Todo mundo gostou. Principalmente o empregado que já não precisava mais ir cuidar da horta lá em baixo da barragem do último lago, em baixo de um solzão terrível. Uma grande "poupança" de pernas. Meu pai, herbívoro contumás, ficou feliz de ter suas verduras bem ao lado da casa, onde, apesar de sua dificuldade, pode, não digo vê-las, mas vislumbrar-las. Os filhos também ficamos contentes. Antes, dava preguiça de andar aquelas 200 léguas, até lá embaixo, na horta, para garantir as verduras da semana! Agora, não! As verduras estão bem ali, ao alcance da mão, para felicidade do nosso dinheirinho e desespero dos donos do super-mercados!

Sábado fui ao sítio. Lá, tomei conhecimento do desastre.

O empregado, logo cedo, entrou na horta para os seus afazeres. Ao passar pelo portão, viu pés de alface esparramados por todos os lados, misturados aos pés de rúcula, de couve, de almeirão, de acelga, e todos os demais verdes. A terra dos canteiros totalmente revirada, deixando à mostra um bando de cenouras desenterradas. Seria suicídio coletivo? Os legumes teriam se revoltado contra as verduras? Seria a sublevação dos vegetais? Era preciso apurar. E ele deu início ao inquérito!

O culpado? Lá estava ele, todo formoso, em um canto, olhando pela ponta de seu focinho gozador, para o atônito Cícero, que, nessa hora, esquecendo-se da eloqüência com que o seu homônimo, o ilustre Cícero romano, convencia seus opositores, passou a mão em uma enxada e partiu para cima do enorme e fortemente encarapuçado tatu, disposto, também a convencê-lo de seus erros, mas de uma forma mais contundente.

Para sorte do tatu, nesse momento chegou a Dona Amélia, que, apesar de seus 88 anos, e depois que operou da catarata, tem a visão mais firme que lince, mais forte que consciência vigilante, viu tudo, e é, acima de todas as coisas, ecologista fanática, ferina, firme, foribunda e furiosa. Sob o olhar severo de Dona Amélia, o Cícero teve de engolir toda a sua "eloqüência" e apenas espantar o bichinho de quase um metro para fora da horta. E, assim, a farra do tatu, que ele pretendia que fosse a festa do tatu, acabou em fiasco do tatu, expulso à força. E acabando-se, assim, o fuzuê do tatu.

Esta semana eu não trouxe verduras do sítio, mas ficou uma lição: tatu não sabe abrir portão, mas sabe muito bem passar por baixo de alambrado de galinheiro! hehehehehehe!

Abração
JF
São Paulo e Itatiba-SP

Publicado, originalmente, na lista de discussão NESO, aos 07/12/2005.


terça-feira, setembro 25, 2007

Uma homenagem ao seu aniversário

O texto escrito hoje não é meu. É de minha querida amiga Lana Silveira, das listas de discussão Orquídeas-Mundo Orquidófilo e NESO. É um texto muito lindo e que só alguém com muita sensibilidade pode escrever. Me emocionou e pedi à Lana para reproduzi-lo aqui.
Obrigado, Lana, por este momento de tanta ternura.

- - - - - - - -



Mamãe
Não sei se adiantaria dizer o seu nome completo: Maria Nazareth Azevedo Toledo Alves, ou, simplesmente seu singelo apelido: Ná!.....
Ah!...sim ela está aí em Itajubá onde foi menina, moça, e se casou!...
Em Itajubá, fui à sua procura, e a encontro em todos os lugares!...E fico sentada em seu canto predileto, recordando esse tempo que passou e que vivi ao seu lado.
A cidade, hoje tão estranha às minhas recordações, não se lembra mais da sua fisionomia e nem sabe o quanto ela amou essa terra!... Também não importa! É tão natural esquecer e ser esquecida ao longo dos anos! E os anos foram tantos, que também a cidade mudou sua face, cresceu e se esqueceu de nós!..
Assim se hoje venho a Itajubá procura-la nas saudades que acumulam em meu coração, deixa que eu o faça livremente! Porem agora invisível aos olhos humanos, já integrada no silêncio dos que estão junto de Deus.
Começo a procura-la na igreja justamente na capela das filhas de Maria.
Ajoelhada diante do altar, só de olhos fechados posso ver a igreja e sentir a sombra da minha mãe debruçada sobre minha cabeça ensinando-me a rezar!..
Sinto vibrações que permanecem no local!
Escuto os canticos sacros que marcaram minha fé! As lembranças se avivam, tomam forma e entro em contato com o passado que está ali nas paredes da igreja, nas colunas que sustentam o teto, nos bancos da nave e no silêncio que me envolve, recuo despertando em mim, a criança que dorme em meu íntimo!...
Volto a procura-la, lá fora no chão que ela pisou, no ar que respirou,nas ruas por onde andou,no horizonte que ela fitou talvez sonhando coisas que se desgastaram com o tempo!....
Em todas as minhas buscas, encontro uma resposta afetuosa que me enternece!...
Aqui viveram meus avós, minha mãe, tios, primos, o que justifica este clima de aconchego e amor que é todo meu!...
Neste silêncio da cidade pequena encontro mamãe!...juntas percorremos todos os recantos onde a vida escreveu a sua história, a nossa vivência!...
Lugares onde foram guardadas as alegrias mais ternas, as esperanças mais acalentadas, os afetos mais puros, as tristezas sofridas, as lágrimas derramadas!...
Ponho o ouvido no chão e escuto seus passos através do tempo!... Adivinho suas angustias, seus medos, suas esperanças e alegrias, neste pedaço de vida que ficou por aqui!...
Seu coração pulsa no agitar das arvores, no vôo dos pássaros, na beleza das flores, no repicar dos sinos, no marulhar das águas do rio que passa lá em baixo!...
Se chove, nesta cidade, escuto seu choro nas águas que rolam... nas noites estreladas seu vulto passa conduzindo um bando de crianças que foram sua vida e ainda são o seu amor!...
Algumas vezes ela segura a minha mão e me leva aos passeios da minha infância. De novo me sinto menina correndo atrás das borboletas, brincando nas águas limpidas dos córregos, voltando cansada pra casa...
Minha mãe foi MARAVILHOSA!
Lutou como heroina junto ao meu pai, e nos deu segurança, devotamento e muito amor! Ela foi a mulher forte que nos fala a Bíblia! Foi nossa estrela guia, nosso anjo, nossa luz!...
Tinha um porte altivo, um andar elegante, um olhar firme, um gênio autoritário e independente!....
Era rigorosa em seus métodos de educação! Suas convicções religiosas foram inabaláveis!...
Amava a família com intensidade!
Morreu idosa, lúcida, brava como sempre! Em seu olhar havia paz imensa e doçura infinita!
..................................................................................................................
Volto a cidade, procurando por ela junto as lembranças doces da vida!...
Que importa seu nome completo ou seu singelo apelido?
Mamãe é mamãe e eu sou a sua Eliana, que tão docemente me chamava de
Lana


Lana-SP


(Transcrito da lista de discussão NESO (Yahoo), 25/09/2007)

segunda-feira, setembro 24, 2007

O primeiro "virus" a gente nunca esquece!

Gentes,

Vocês lembram daquela propaganda do “primeiro soutien”, o inesquecível? Pois é. Como o soutien, também o primeiro vírus de computador a gente nunca esquece.

Isso foi em 88, quase vinte anos atrás. Nosso – meu e da Nina - computador era novinho em folha... na nossa mão, marinheiros de primeira viagem. Na verdade, era um computador de terceira ou quarta mão, sei lá. Mas, isto é história para outro dia. Sim, existe a história do primeiro computador. E que história!

Na escola onde eu dava aulas, ganhei dos alunos alguns joguinhos, num daqueles disquetões antigos.

Instalados os jogos, a Nina e eu passamos a nos divertir com eles.

Certa noite, no meio de um trabalho, surgiu uma bolinha que ficava pulando na tela. Batia numa lateral, vinha para a parte inferior, ia para o outro lado, voltava para baixo... Uma movimentação ininterrupta. Eu, que não imaginava o que era aquilo, fiquei ali apreciando. E a bolinha pulando, pulando, cada vez mais forte, sobre o texto digitado..

De repente... puffffff!!! Apagou todo o texto. Horrorizado, desliguei o microcomputador e fui dormir, todo preocupado. O que teria acontecido?

No dia seguinte, logo cedo, liguei para um amigo que tinha um microcomputador em seu escritório e lhe contei o fato.

“É o ping-pong! É vírus! Isso acaba com o computador. Você deve ter contaminado todos os disquetes...”

Um escândalo.

Dois ou três dias depois, era dia de eu dar aulas. Na escola, procurei pelo professor de informática e lhe contei o que havia acontecido.

“É o vírus ping-pong! Os alunos conseguiram contaminar todos os microcomputadores da sala de informática. Estamos aguardando a chegada de um anti-virus.”

Gente, que horror. O ping-pong! E eu que sempre imaginei que pingue-pongue era apenas aquele jogo com uma bolinha branca e uma rede sobre uma mesa!!!

Os microcomputadores da escola ficaram um bom tempo desligados, até que chegasse o tal de anti-virus. Obviamente, o meu também ficou desligado, à espera. Resolvido o problema na escola, o professor de informática esteve em casa e acabou com o “ping-pong” do meu micro e dos disquetes. Que sufoco! E, de quebra, ganhei uma cópia do anti-virus.

Depois disso, fiquei calejado. Cada vez que trazia algum disquete de fora, de forma preventiva, aplicava-lhe uma carga de anti-virus.

Passado algum tempo, em uma noite em que eu preparava umas petições, deu um xabu qualquer e no texto apareceram, no lugar de algumas letras, umas carinhas risonhas, outras tristes... VIRUUUSSSSSSSSSSSSSSS!!!!!

Peguei o disquete anti-virus e dá-lhe uma carga no velho CCE. Não acusou nada. Quando volto ao arquivo em que estava trabalhando, lá estavam as carinhas rindo da minha cara apalermada! O VIRUS CONTINUA INSTALADOOOOO!!!!! Desliguei a máquina e fui dormir.

No dia seguinte, procurei pelo meu amigo.

“O anti-virus não resolveu? Então é grave! É algum vírus novo e o seu anti-virus está desatualizado. Vou mandar para você um anti-virus novo.”

E assim fez. Passei o anti-virus, que não encontrou nada, mas as carinhas lá continuavam.

Minha nossa... O que poderia ser? O pior é que a escola já estava em período de férias e o professor de informática, meu amigo, só poderia ser contatado na volta às aulas, em um mês. Assim, durante um mês, ninguém mexeu no microcomputador, para evitar-se que o vírus se espalhasse pelos demais arquivos.

Finalmente, as intermináveis férias chegaram ao fim. E lá vem o professor de informática – como é bom ter amigos! – ver o meu equipamento.

Ligou e já colocou um disco com anti-virus no drive. Nada! Olhou o arquivo em que eu estava trabalhando. Lá continuavam as mesmas carinhas risonhas e as carinhas tristes. Não haviam aumentado. Mas, também, não haviam diminuído. Olhou outros arquivos e nada de carinhas. Nem alegres e nem tristes.

Gente, que loucura! Já estávamos para procurar o endereço da Agatha Christie quando me lembrei de um detalhe.

Na noite em que eu estava trabalhando, pouco antes de aparecerem as risonhas tristes, houve uma brusca queda de voltagem. É lógico que, na minha improvisada entrada para o mundo da informática eu não providenciara um regulador de voltagem. Foi o erro fatal. Fora a queda de voltagem que dera uma ligeira pane no computador e no arquivo em que eu trabalhava. Ufaaa... Nada sério. Apenas um arquivo que precisou ser re-digitado.

Tempos heróicos e saudosos! Quantas aventuras provocadas pela inexperiência. Quando eu vejo minhas netas, nos dias de hoje, mexendo nos micros e lembro dos sustos que nós levamos, a Nina e eu, no começo!...

Mas, a experiência se ganha com o dia a dia. E nós viramos veteranos. Todo o cuidado com vírus eram poucos.

Um dia, no meio da papelada, a Nina achou um disquete. E agora? Seria de antes ou de depois do ping-pong? Na dúvida... anti-virus nele.

Positivo! Ping-pong.

Gente, vocês não imaginam a cena. Eu me lembro como se tivesse ocorrido ontem.

A Nina ficou branca de susto. Com as pontas das unhas retirou o disquete contaminado por vírus do drive e o atirou no lixo. Em seguida, foi lavar as mãos muito bem lavadinhas. Para não correr risco de contágio. Juro!

JF

quinta-feira, setembro 20, 2007

A "vingança" de Santo Antonio, o santo casamenteiro

No começo de minha carreira de advogado, todo caso que aparecia eu “pegava”. E, no meio do que aparecia, começaram a surgir os casos de separação matrimonial.

Fiquei um bom tempo cuidando disso, mas precisei parar pois não tive sucesso financeiro.

Alguns colegas têm em sua mente uma poderosa máquina de calcular. Naquela época, a coisa funcionava mais ou menos assim, para esses colegas matemáticos.

“Doutor, quero me separar!”, O advogado abria a última gaveta de sua escrivaninha e pegava o bloco de “Procuração”.

“Assina aqui.”

“Mas, o senhor não quer ouvir a história?”

“Depois! Assina aqui!”

Assinada a procuração, o “doutor” começava com as perguntas:

“Existem bens a serem divididos? Qual o valor deles?”

“Mas, o senhor não quer ouvir a história?”

“Depois! Por enquanto, vamos cuidar dos bens a partilhar.”

À medida em que esses bens iam sendo relatados, o advogado, mentalmente, ia calculando a proporção do que seriam seus honorários. Logicamente, nem todos os advogados agiam assim. Mas que existiam alguns, existiam.

Em função de um caso que vou narrar a seguir, minha primeira preocupação, quando era procurado para cuidar de uma separação, era ver se a separação era irremediável. Se eu vislumbrasse, na história, alguma possibilidade remota de reconciliação, era por esse caminho que eu ia. E, graças a isso, passados tantos anos, existem alguns casais que permanecem unidos até hoje.

Mas, essa postura me trazia um problema. Eu cobrava para separar casais. Quando não havia separação, eu não cobrava nada. Uma ocasião, uma ex-futura descasada que conseguiu reconciliar-se com o marido (que eu saiba, eles continuam juntos até hoje), sabendo que eu era (e sou ainda) orquidófilo, agradecida e emocionada, me deu de presente um enorme vaso de orquídeas, dessas que, entre nós – orquidófilos de olhos críticos - costumamos chamar de “repolhão”. Um gesto muito bonito e tocante, mas que não me ajudava no meu problema principal: prover o sustento de minha família. E foi assim que eu acabei abandonando o Direito de Família e enveredando para os campos do Direito Comercial (sociedades) e do Direito Tributário, muito mais rentáveis.

Mas, vamos ao caso que se passou com um colega que dividia o escritório comigo. O casal, digamos assim, eram o João e a Maria, amigos comuns nossos. O José que aparece na história, evidentemente, sou eu mesmo, que continuo casado com a Nina há 38 anos.

Uma segunda-feira, ele chegou ao escritório logo cedo:

“José. Ontem, João e Maria estiveram em casa e querem separar-se. Querem, não! O João até chora. Mas, a Maria está irredutível e com tanta raiva que faz questão cerrada que a audiência da separação seja no dia 13 de junho (Dia de Santo Antonio). Diz ela que quer vingar-se do santo.”

Realmente, era pouco tempo para preparar tudo. Mas, bom advogado, ele conseguiu. Assim, no dia 13 de junho, para fazer desfeita a Santo Antonio, o santo casamenteiro, foi homologada a separação.

E Santo Antonio? Concordou? Não!

Uma segunda feira, início de agosto, a novidade.

“José. Ontem, João e Maria estiveram em casa. Querem que eu desfaça a separação o mais rápido possível, porque eles são marido e mulher, novamente.”

Dava para entender. Eles tinham apenas o apartamento. Com a separação, João não tinha para onde ir e a Maria, compreensiva que era, concordou que ele dormisse no sofá da sala, enquanto não conseguisse outro local. Daí, sabem como é, assistiam à novela juntos... Comentavam... "Você quer que eu prepare pipocas para nós?"... Era inverno e estava frio... João, gentilmente, se ofereceu para esquentar os pés da Maria... E daí para... Vocês sabem... Enfim, sejamos claros, já estavam dormindo na mesma cama e com direito a tudo o que marido e mulher fazem sob os lençóis. Ou mesmo o que fazem quando não existem lençóis, que eles não são necessários para isso. Vocês entenderam... E muito bem entendido, seus maliciosos!

Lá, comigo mesmo, pensei: “foi a vingança de Santo Antonio”. Vingança no bom sentido, lógico, pois santo não quer o mal às pessoas. Ou vocês acham que o santo casamenteiro iria concordar com uma separação de casal?

Foi esse fato que me levou, a partir daí, a sempre verificar se era possível uma reconciliação. Vocês não imaginam quantas separações poderiam ter sido evitadas se os advogados pensassem, inicialmente, nessa possibilidade, ao invés de se preocuparem com cálculos mentais do valor dos honorários a cobrar.

Eu sei! Cuidar de manter marido e mulher unidos não sustenta a própria família! Ora, passe a dar consultoria de impostos para empresas.

José Francisco
Ou Zeca, em alguns casos, ou JF, em outros


terça-feira, setembro 11, 2007

A porta da discórdia

A Jack aposentou-se e passou a narrar “causos” muito bons, de seus tempos de bancária. São crônicas escritas com bastante leveza e humor em seu excelente blog “Jack não tá Fazendo Nada” (link na coluna ao lado – vale a pena ler). A leitura me fez lembrar “causos” de minha vida profissional, como contador, advogado e professor.

Este é um causo de advocacia e só vou contar porque não chegou a correr processo. Evidentemente, conto o milagre mas não os santos. Os nomes não são verdadeiros.

Giovanni procurou-me. Queria separar-se de Anunciata. Não a suportava mais. Mal se falavam e ela fazia de tudo para irritá-lo.

“A separação será consensual?” perguntei.

“Sim. Ela passa procuração e o senhor será advogado dos dois.”

Pedi que ele passasse um recado para Anunciata me procurar. E ela veio.

“Doutor, eu concordo com a separação. Mas, só assino se ele devolver a porta do quarto!”

“Devolver a porta do quarto?”

“É! A porta do quarto que ele tirou e jogou fora.”

“Mas que história é essa? Você trancava a porta para ele não dormir no quarto?”

“Não! Ele já dormia na sala há muito tempo. Não precisava tirar a porta do quarto.”

Mandei vir o Giovanni.

“Giovanni, a Anunciata não concorda com a separação enquanto você não devolver a porta do quarto.”

“Danou-se! Dei a porta a um desses catadores de bagulhos que passam pela rua.”

E, assim, como Anunciata queria “a” porta, não servia nenhuma outra, não pode ser formalizada a separação consensual. Giovanni desapareceu no mundo. Parece-me que se mudou para alguma cidadezinha de Minas Gerais. Nunca mais tive notícias dele.

Passaram-se alguns anos. Um dia, Anunciata me procurou. Queria separar-se de Giovanni e eu deveria cuidar de tudo.

“E a porta?”

“Não quero mais saber daquela porta!”

Acontece que Anunciata tinha arrumado um namorado e queria casar-se, novamente, independentemente de seu quarto ter ou não ter porta.

Mandei procurar outro advogado. Ora!

Mas, o que nunca consegui entender é o que leva um marido, que não suporta mais a mulher, que se irrita com tudo o que ela faz ou fala, que dorme na sala, a arrancar e sumir com a porta do quarto dela.

JF