domingo, maio 15, 2011

"PICATA À LOMBARDA"

Meus amigos casados! Por acaso algum de vocês já foi vítima de experiências culinárias da esposa? Eu já fui! É o seguinte.


A Lu (...eeepa!) e o Adriano ainda eram pequenos. Num domingo, fomos a uma cantina almoçar. Como sempre, na hora da escolha do prato as preferências eram as mais variadas possíveis: “eu não gosto de legumes...”, “eu quero chocolate”, “quero a minha coca-cola, agora”, e por aí a fora. Pois nesse dia, a escolha geral, minha e da Nina, com a concordância forçada das crianças, foi um prato chamado “Picata à Lombarda”. Trata-se de um filé ao molho madeira, acompanhado de um arroz especial, com muito cogumelo, queijo, vinho, molho branco, e sei lá mais o quê, muito bom.

Domingo seguinte, a Nina sentenciou que iria preparar a tal de “Picata à Lombarda”. Eu ainda ponderei: ”Será que não é mais fácil irmos ao restaurante? Assim, não haverá panela prá ser lavada!”

Vocês não conhecem a Nina. Quando ela cisma... E tem que ser na hora! Munida de todos os ingredientes, ao menos ela pensava que sabia todos, começou a “operação Picata à Lombarda 1”.

Gentes, preparar a carne foi fácil. Mas, e o arroz? Ficou uma papa parecida com argamassa de areia e cimento usada por pedreiros para levantar uma parede de tijolos. Verdade! (Espero que ela não leia isto aqui!)

Resultado? Domingo seguinte, lá estávamos nós no restaurante comendo “Picata à Lombarda”, pois ela precisava entender o que era colocado no arroz.

Obviamente, final de semana seguinte, desencadeou-se a “operação Picata à Lombarda 2”. Mais uma vez, o arroz ficou aquela gororoba. Se a gente jogasse arroz para o alto, ele grudaria no teto. Juro!

Preciso contar o que aconteceu no final de semana seguinte? Adivinharam, né? Pois foi isso mesmo! Fomos à cantina comer “Picata à Lombarda”, pois ela precisava descobrir o que é que entrava naquele arroz misterioso. Arroz, ela sabia que levava. Também os cogumelos. Mas, qual era o tipo de queijo? Que tipo de vinho? E o que mais levava?

Resumindo: foi um ano comendo “Picata à Lombarda”. Semana sim, na cantina. Semana não, a gororoba lá em casa. Na verdade, depois do primeiro mês, ninguém mais agüentava falar daquele prato. Nessas alturas, já se aceitaria qualquer outra coisa, jiló, abóbora, rapadura... Mas, não! Tinha que ser a “Picata à Lombarda”, pois ela tinha que descobrir o segredo. E quem era suficientemente besta para contrariá-la?

Um dia, quando estávamos completando nosso primeiro aniversário de “Picata à Lombarda”, finalmente, ela resolveu dar uma de “esperta”. Quando o garçon se aproximou para anotar as bebidas (Sim! Nessa altura, ele já nem perguntava mais o que iríamos comer, pois já era do conhecimento geral da casa.), a Nina perguntou:

“O que é essa “Picata à Lombarda”?”

O garçon deixou o bloquinho de notas e a BIC caírem no chão e ficou olhando para ela, sem fala. Sem fala, propriamente, não. Pois ele ainda conseguiu balbuciar:

“Co... co... como?”

Bom, ele forneceu a receita, tintim por tintim, para ela. Precisei amarrá-la à cadeira, pois não queria mais almoçar na cantina. Queria voar para casa e desencadear a malfadada “operação Picata à Lombarda 27”. Com muita paciência e carinho consegui convencê-la a ficar e que deixasse a “Picata” caseira para o domingo seguinte.

E assim foi. Deixamos de ir à cantina e, por muitos anos, aos domingos, almoçávamos a famosa “Picata à Lombarda”, a da Nina.

Hoje em dia esse prato já ficou raro, aqui em casa. Mas, como ia contar a história, aqui no blogue, pedi a receita à Nina, pois acredito que muita amiga gostaria de preparar. A resposta dela:

“Sei lá! Eu já mudei tanto essa receita. Depende do que eu tiver disponível, na hora!”

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Pessoal, nesta segunda feira, 16, Nina e eu estaremos completando 42 anos de casamento. Se eu me arrependo? SIIIMMMMM!!! Me arrependo de não ter começado a namorar com ela mais cedo (apesar de ela quase me intoxicar com a “Picata à Lombarda”). É verdade que ela tinha só dezesseis aninhos! Se começasse a namorar antes disso, talvez dissessem que era pedofilia... Não! Tá bom como foi, como é e como continuará sendo.

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Vocês acharam que eu exagerei quando falei das experiências culinárias da Nina? Perguntem para minha filha, a Lu, lá do blogue “...eeepa!” Certamente ela lerá a história e confirmará tudinho. Mas, esperem até eu contar prá vocês sobre a explosão da panela de pressão, com uma lata de leite condensado dentro, provocada pela Nina. Vocês nunca mais irão duvidar dos meus relatos. Enquanto isso, façam uma visitinha à Lu, no HTTP://eeepa.blogspot.com .

Abração e até à próxima.
JF

8 comentários:

maray disse...

Sua Nina parece a minha - sim, eu também tenho uma Nina, minha filha- não sossega enquanto não descobre as coisas. E nunca passa pela cabeça dela fazer a coisa mais simples, que é perguntar. Parece meu marido quando se perde. Roda SP inteiro mas não dá o braço a torcer e pergunta. Eita gente que gosta dos caminhos mais pedregosos, né não?
E parabéns pelo aniversário de casamento! Logo eu te alcanço!
abração pros dois!

Nina Maria disse...

Você vê como eu o amo!
Durante todos estes anos me esmero em dar tema para os seus "causos".
Nestes 42 anos,você continua sendo o meu namorado, parceiro, amigo para todas as horas e, principalmente, a realização de tudo que eu sempre sonhei em ter como marido.
Beijos, beijos

Magui disse...

Parabéns! Ter a sorte de viver tanto tempo junto com a pessoa que escolhemos e amamos,também tem que ter a benção de Deus.Eu, infelizmente, não tive.

Espero que a comemoração seja alegre e com a mesa farta.Quem sabe a picata?

Miguel disse...

Ô meu amigo, mas que aventura, não? Imagino que hj o prato já deva estar completamente sob o domínio da esposa, não é mesmo? Contudo observo que há uma coisa, ou melhor, duas:

Primeiro, a perseverança de Da. Nina em assimilar corretamente os conceitos do prato, fosse qual for o preço,

Segundo, tua generosidade em colaborar transformando-se em um bom voluntário nos experimentos culinários da guloseima.

Meu caro, ótimo texto, até outras muitas vezes.

JuJu disse...

Quando você descreveu, no início de texto, como era essa tal "Picata à Lombarda", a primeira coisa em que pensei foi "E essas crianças ainda querem só chocolate e coca-cola???!!!". E a situação dos arrozes grudentos deve ter sido bem parecida com a situação vivenciada por uma personagem de um mangá que eu fazia no ano passado. Ainda bem que isso já passou, né...
Aqui em casa (Foi?) também já aconteceu de uma panela de pressão explodir. Mas não tinha nenhuma lata de leite condensado dentro... Eita, essa você vai ter de me contar!
...
Até! Ah, lembre a sua filha de atualizar o "EEPA", tá?

Rosamaria disse...

Parabéns pra ti e pra Nina pelos 42 anos de casados.
Aqui também é assim, nós estamos a caminho dos 48, em dezembro.
Confesso que fiquei querendo saber a receita da Picata. Vocês dois são persistentes, a Nina por fazer até acertar e tu por continuares comendo enquanto ela não acertava.
Por uma dessas que vocês continuam juntos por tanto tempo.
Bjim procês.

Maria Helena disse...

JF
Parabéns para a Nina pela determinação, e pela paciência dos envolvidos. heheheh!!!!!!!
Abração

Maze Oliver disse...

Amigo, seus textos sempre bem humorados como sempre, adorei!
Mas estou passando para pedir uma forcinha! Estou participando de uma COPA DE BLOGS, Estou no 6º páreo concorrendo com a Lindalva. Dá um votinho lá para sua amiga. É so entrar no meu blog e clicar no link dado.pag/ Divulga aí no teu blog. Bjs.