quarta-feira, maio 17, 2017

RECEITA PARA UM CASAMENTO ETERNO

A propósito da mensagem postada por ela, ontem, no Facebook, comemorando nossos 48 anos de casamento, embora eu já tenha postado isto, e repetindo postagens antigas na lista de discussão NESO e no meu blogue, aí vai, de novo:
RECEITA PARA UM CASAMENTO ETERNO
Sugeriram-me que escrevesse um livro ensinando a receita para o sucesso no casamento. Disseram-me que ganharia muito dinheiro com isso. Como não sou mercantilista, mesquinho, e nem nada dessas coisas, vai aí a receita, gratuitamente, para meus "milhões" de seguidores.
1-Certesa do par perfeito
Antes de namorar a Nina, namorei uma amiga dela por quatro meses. Ou melhor: um período de uns 30 dias, dois meses e meio sem um olhar na cara do outro, 15 dias de "volta". A Nina fazia o papel da "intermediária confidente", que tentava arrumar a situação entre os dois (será que a malandrona tentava mesmo?). Até que poderia dar certo, pois nós éramos iguais: os dois capricornianos! Mas, era a única coisa que combinava. Se tivéssemos prosseguido, hoje, um estaria na cadeia e o outro no cemitério. Não sei bem quem estaria em um ou outro lugar.
Com a Nina, não! Somos totalmente diferentes um do outro. Eu, como todos sabem, sou introspectivo, caladão. Já, a Nina é totalmente expansiva, muito falante. E isso é uma certesa de que o casamento dará certo. Vejam bem: a característica do introspectivo (eu) é não falar, só ouvir. Já o extrovertido (ela): não ouve, só fala. É isso! Fica impossível uma briga, quando um só fala e o outro só ouve!
2-Casamento na Hora Certa
As pessoas devem perceber o exato momento de se casarem. Se o casamento acontecer em momento errado, estará fadado ao insucesso.
Na primeira vez que eu fui à casa da Nina, convidaram-me para lanchar. Eu, lá, afundado em uma cadeira, sendo atentamente observado e devidamente avaliado pelo avo dela, pelos pais dela, pelos 37 primos dela, pelos 28 tios dela. Meu cunhado, como era meu amigo e não queria morrer de rir, sumiu e não lanchou em casa. Bom, com toda aquela gente olhando para a minha cara e sorrindo, querendo mostrar benevolência, a mãe dela me pergunta:
"Gosta de chá?"
Suspense! Eu, lá em baixo, afundado na cadeira. A platéia sem respirar, esperava que eu, afinal, falasse alguma coisa e eles pudessem perceber minha vpz. A sogrona, lá no alto, com um baita bule fumegante na mão, uns 30 cm acima da minha cabeça. Já pensou? Eu vou falar que não gosto? Qualquer descuido meu e ela vira aquele bule de chá fervente prá cima de mim. Não na cabeça, mas um pouco na frente, para que caia exatamente "lá", deixando-me "desprovido" para sempre.
"Com bastante açucar, por favor!"
Toda a assistência sorriu satisfeita. “Ele fala!” Eu fora aprovado! Resignado, tomei três xícaras cheinhas de chá. Com bastante açucar, diga-se de passagem!
Foi minha condenação! Durante todo tempo de namoro e noivado, todo sábado, domingo e feriado, e às vezes quando eu ia lá durante a semana, invariavelmente, lá vinha o indefectível chá! Namorado (e noivo) sofre!
Depois de quatro anos e meio, um dia o pai dela me aparece na frente com um calhamaço de folhas de papel.
"Sabe o que é isso?"
"A folha corrida criminal do Fernandinho Beira-Mar?" Tentei fazer uma piada, mas ele não riu.
"Não! É a conta dos lanches que você já tomou aqui em casa. Casa ou paga."
Nem olhei os detalhes. "Casa ou paga"? Fui direto ao total. Barbaridade! Só não fiquei certo foi quanto à quantidade de lanches. Bem que ele poderia ter lançado alguns a mais. De qualquer forma, lembrei de minha velha e sábia avó italiana e seus "ditados". Numa situação dessas, ela costumava, sempre, dizer o seguinte
"Dé lus mális, u minori!"
Entenderam? Pois é! Fui para o mal menor. Ou seja era o momento exato para o casamento. Casei-me! Era o que tinha que fazer, diante de conta tão alta (e isso porque ele, generosamente, não lançou os 10% da garçonete, minha sogra).
3-Garantia de continuidade
Dizem que alguns casamentos são para toda a vida. O meu é! Isso porque, quando casei, pedi ao sogrão um documento de quitação da dívida. Muito vivo, ele respondeu:
"Nada disso! É minha garantia de que você não irá devolvê-la." E guardou o calhamaço. Compreendi direitinho o recado: "se não quiser pagar a conta, terá que ficar casado com ela a vida toda. É sem direito de devolução!"
Entenderam? É isso! A receita corretinha para um casamento perfeito, até que a morte os separe.
Abração,
JF
(NESO - 22/12/2008)
A continuação:
Eu ainda completaria minha receita dizendo que é a "receita do casamento eterno". Por que?
Já pensaram no dia em que eu passar "para o lado de lá"?
Vou chegar ao balcão da Recepção:
"Bom dia, São Pedro. Posso ficar por aqui?"
E ele:
“Você não é o Zeca, casado com a Nina?”
“Sou!”
“Ah, meu filho. Então você já tem um lugarzinho garantido. Só que tem alguém querendo falar com você."
Olho para o fundo da sala e vejo ele lá. De camisolão branco, um par de asas nas costas, uma auréola de luz iluminando sua calva, e, nas mãos, um calhamaço de papéis já bem amarelados pelo tempo. Isso mesmo! O sogrão! Ele nem precisa falar, pois o sorrisinho maroto já o diz:
"Continua casado ou paga a conta!"
E, assim, o casamento permanecerá eterno.
(www.blogdojf.blogspot.com - 24-04-2009)

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