ALTA ANSIEDADE
Gentes, estamos a SEIS dias da mudança para Itatiba.
A ansiedade é enorme. A Nina não para de chorar no meu ombro! Tenho que trocar de camisa a cada 23 minutos. Quanto a mim, meu analista me recomendou ficar estourando aquelas bolhas do plástico-bolha. De oito em oito horas pego um lençol de 12 m2 de plástico-bolha e estouro todas as bolhas. Uma por uma! Gasto oito horas para estourar todas as bolhas do lençol de 12 m2! Dessa forma, não me sobra tempo para ficar pensando na mudança. Só penso em bolha de plástico-bolha! Verdade que não estou com tempo nem para dormir. Estou escrevendo este e-mail com os pés, pois as mãos estão ocupadas estourando o plástico-bolha.
Abração
JF
(em tempo: na verdade, quem me recomendou estourar as bolhas do plástico-bolha fui eu mesmo. Sou meu auto-analista. Eu me auto-analiso. Fica bem mais barato e não preciso sair de casa. Me sobra mais tempo para estourar bolhas de plástico-bolha.)
A PROPÓSITO DOS CHAPÉUS FEDIDOS
Gentes, vocês estão lembrados dos chapéus de vaqueiros que eu trouxe de Fortaleza? Aqueles de couro cru, mal-cheirosos? Estão no terraço do apartamento por todo esse tempo, desde que chegaram. Já tomaram chuva, sol, vento. Já sumiu um pouco do mal cheiro. O Vagner e eu (Rodapé e Trovão) até já tentamos usar (vejam a foto, fazendo uma percussão com pandeiro e triângulo), mas ainda leva algum tempo para o cheiro passar despercebido.
MÁQUINA FOTOGRÁFICA DIGITAL
Gosto muito de recolher "causos" que, depois, são narrados nas apresentações no nosso grupo musical, o "Família Jacaré". Consegui uma "história de pescador" muita boa, lá em Fortaleza, no passeio pela fóz do Rio Mundau. A história (na verdade: estória) já está devidamente adaptada e incorporada ao repertório. Quem quiser ouvir, basta comparecer à nossa próxima audição!
Recentemente, na Internet, recolhi a historinha a seguir, já adaptada em "causo" do repertório do "Família Jacaré". É o seguinte:
A máquina di tirá retratu
Trudia eu sai du sítio i fui lá em Sumpaulo. Eita, cidade graaannndeeee! Eu tava abestalhado cum as coisa que se vê pur lá.
De repente, numa vitrine de uma loja, tinha uma porção de umas maquininha queu nunca vi coisa iguar! Fiquei lá dimirando, dimirando... todo abestalhado.
Aí, saiu lá de dentro da loja um moço e me perguntou:
"Ô moço, quer comprar uma máquina fotográfica?"
"Maquina fotográfica? Qui qui é isso?"
Ele me olhou espantado e perguntou:
"Não conhece? É uma máquina que pode pegar sua imagem e reproduzí-la em um papel."
"Ahhhh!!! Máquina de tirá retrato!!! Agora intindi o qui qui é isso daí. Mas na minha terra é muito deferente! De dumingu, quando a gente vai na missa lá na vila, lá na pracinha tem o Bastião Lambe-Lambe qui tem uma máquina di tirá retrato. Mais a máquina é enorme. Ele infilera toda a famia, manda todo mundo ficá queto, depois infia a cabeça pru baixo dum pano preto, grita prá todo mundo oiá u passarinho ( agente até óia, mais num tem passarinho ninhum!). Dispois, ele dá prá nóis u retrato da famia e cobra cinco merréis."
"Ah! Mas essa é uma máquina muito antiga. Esta é moderna. Quer ver como funciona?"
O moço pegô uma maquininha daquelas, apontô prá mim e saiu um clarão que me deixô cego. Aí ele me disse:
"Pronto! Está tirada a foto. Olhe aqui na parte de trás da máquina."
Eu oiei e, sem brincadêra, lá na bundinha da máquina, tava meu retrato agrudadu. Coisa do ôtro mundo! Até parecia coisa do Demo! Ele viu que eu gostei e já começou a me contá das vantage da máquina. Eu num intindia nada: quatro mir pixéus, lente bejetiva, sei lá mais quê! I us retrato, era só baixâ eles nu computadô!
Aí eu já num gostei. Achei que ele estava sendo disrespeitoso cumigo.
"Óia aqui! Mi arrespeite! Nem cum dor i nem sem dor! Num vô mi abaxá na frente di ninguém!"
Ele mi oiô ispantado e cuntinuô ispricando as vantage da máquina.
Agora, o qui eu gostei memo foi quando ele me disse que a máquina pudia batê a foto suzinha! Com um tar de disparadô otomatis! Era só eu ajustá a máquina, apertá um botão, corrê pra minha posição, e a máquina batia a foto suzinha, suzinha!
Aí mi intusiasmei! Imagina só a cara daquele povo todo lá da roça, que só conhece a máquina de tirá retrato do Bastião Lambe-Lambe, se eu apareço cum essa máquina muderna pur lá! Hêhê! Eles num vão nem sabê u qui é!!! Cumprei a máquina e lá mi fui eu pro sítio.
Chegando lá, chamei toda a famiage prá vê a novidade e tirá um retrato. Ninguém quiria criditá qui aquela maquininha, daquele tamanhiquinho, fosse di tirá retrato!
"Ué! Num teim pano preto prá infiá a cabeça? I cumé qui ocê vai falá prá nóis oiá us passarinhu?""
Eita capiaus qui num intendi di coisa muderna!!!
Fiz tudu eles se juntá perto da cerca di arame farpado e preparei prá tirá a foto Coloquei a máquina im cima de uns morão de cerca, vi qui tava tudu mundo nu seu lugar fazendo pose de retrato. Carculei um lugar prá mim entrá i sair na foto, bem du ladu da minha véia, a Nhá Nina. Só qui eu num falei nada prá eles du disparadô otomatis. I falá prá quê? Eles num ia intendê memo! Até iam achá qui otomatis era coisa di botá na salada! Mais qui eles ia ficá espantado di vê a máquina tirá retrato suzinha, lá isso ia! Hêhêhê! Qui surpresa qui ia sê!
Carculei tudu direitinho, mandei tudo mundo ficá queto i pará di si mexê, dei mais uma cunfirida na máquina prá vê que tava tudu mundo no lugar, apertei u disparadô (pru dentro di mim eu dava rizada suzinho só di pensá nu ispanto deles quando vissi a máquina tirá retrato suzinha!!!) e saí correndo pru meu lugar no retrato.
Ni qui qui eu sai correndo, tudo mundo saiu correndo tambeim. Cada um prum lado. Nhá Nina, que num é muitu alta (ocêis conhece minha véia, né?) quis pulá a cerca de arame farpado, tropeçô i ficô estatelada no meio dus arame. Um escândalo! Deu um trabaião prá tirá ela di lá e ponhá nu chão otra veiz.
Aí, num guentei mais i recramei:
"Mais u qui deu im oceis? Ceis istragaro u retratu. Prá mó di quê qui oceis sairu tudu correndo?"
Nhá Nina intão falô:
"Ara! Nóis é caipira mais num é besta! Si ocê que conhece a máquina ficô cum medo i saiu correndu, ocê quiria qui a gente ficasse lá parada? Saimu tudo correndo tambeim!"
Nhô JF
8 comentários:
Ah, eu estaria super contente em poder mudar pra Itatiba! Claro que separar-se do restante da família não é bom, mas temos aí mais uma desculpa para toda a família se reunir na nova moradia!
Ainda vou ver um show da Família Jacaré! Da última vez que fui a SP perdi por muito pouco.
Um grande abraço!
Itiro do
http://gaijin4ever.blogger.com.br
Oi querido,
Vim retribuir sua visita em meu blog e as palavras de carinho que deixou por lá.
Adorei tudo por aqui e ri mto com o lance do plástico bolha e dos chapéus fedidos...pena não poder ler tudo pois tô com chefe no pé hoje...rs
Vim aqui escondida...rs
Bem, voltarei com certeza.
Beijos
http://eueminhascaraminholas.zip.net
eu vou ficar com saudade quando voc~es mudarem para o sitio!
mas pelomenos nos poderemos ir mais veses pro sitio!
beijão!
Esse texto eu lembro e foi inspirado em mim. Num foi? Morri de rir e depois para dormir que foi difícil, toda vez lembrava e dava uma gargalhada do povo correndo com medo da máquina.
Só vc JF para fazer textos tão maravilhosos e que fazem a gente viajar neles.
Beijos para esta família maravilhosa e talentosa.
Juliana Coelho
Fortaleza- CE
Oi JF
Não entendo nada de blog,
mas que o seu está bom de se ler, ah, isso está mesmo!!!
Voltarei mais vezes, pois não é sempre q se encontra jacarés falantes, muito menos escreventes, rsrsrsrsrs.
abçs
Pr
Oi Nho JF, me acabei de tanto rir
Em Itatiba nem lembrará que existe plástico bolha, mas um detalhe me chamou a atenção: porque exatamente a cada 23 minutos?????????
bjs
Sr. JF!!!!!!
Precisa colocar esses causos num livro!!!! Você é mesmo muito bom!!!!! Abração!!! Guilhermina/Sorocaba.
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