Gentes, desde que Nina e eu nos mudamos para Itatiba que as pessoas nos chamam de sortudos. Dizem que não mais enfrentamos os problemas do trânsito. Em parte, em parte! Cidade pequena também tem seus acidentes de trânsito. Sexta-feira passada, por exemplo, em um espaço de duas horas, pude presenciar três acidentes de trânsito. Verdade! Mas, diferentemente de São Paulo, aqui as pessoas se entendem e não chamam a polícia. Assim, livrei-me de precisar testemunhar. Aqui, ninguém é estressado.
Vou contar tudo o que aconteceu e, assim, verão que essa história de trânsito tranqüilo, nas pequenas cidades, é mito.
Levei meu carro à oficina para um conserto bem simples. Consertar a maçaneta da porta. Uma coisa que, em São Paulo, levaria uns quinze minutos para arrumar. Em Itatiba, duas horas! É a tranqüilidade do interior! Naturalmente, como não podia voltar a pé para o sítio, e nem ficar olhando para a cara do mecânico, resolvi fazer alguma coisa pendente usando o velho modo de transporte: o andar.
Mal havia saído da oficina uns trinta metros e eis o primeiro acidente. Junto à guia, perpendicularmente à calçada, estava estacionada uma moto. Logo após ela, coisa de metro e meio a dois, estava estacionado um fusquinha. Pois não é que, nessa hora, o motorista do fusca deu a partida e saiu, desviando da moto. Bom, ao menos tentando desviar da moto. O motorista era um velhinho. Sim, porque em Itatiba, existem muitos velhinhos dirigindo fusquinhas. Pois não é que o velhinho, apesar de todo o espaço, conseguiu que a parte direita frontal de seu velho Fusca batesse na roda da moto? Não deu outra: a moto foi ao chão. Bem ao meu lado! Parei e fiquei aguardando para ver o que acontecia. O velhinho recuou seu carro e o parou no mesmo lugar que estivera. Desligou o motor e saiu para ver o estrago. Nesse exato momento, chega... Quem? Exatamente! Acertou quem respondeu “o motoqueiro”. Meio bravo, levantou a moto do chão e procedeu a um minucioso exame, sob os olhares atentos dos provectos; o velhinho e eu. Diferentemente de São Paulo, não juntou o bando de motoqueiros solidários. O estrago? Quebrou o espelhinho retrovisor direito. Como os dois, velhinho e motoqueiro, começaram a confabular sobre o pagamento do espelhinho, a coisa toda perdeu a graça e eu fui embora.
Fui até uma relojoaria pegar meu relógio que fora trocar a pilha e mais uma pequena peça... Vocês lembram quando contei a história de que havia quebrado o pininho que muda horas, dias, e tal? Pois é, só agora mandei consertar. Ritmo de Itatiba! Mas, voltando ao assunto: para trocar a pilha e o tal pininho, gastei a enorme soma de vinte reais e mais uma enorme quantidade de idas à relojoaria para saber se o relógio estava pronto. Nunca estava! Foi quase um mês para consertarem. Ritmo de Itatiba!
Saí da relojoaria, passei no jornaleiro, comprei o jornal, e voltei à oficina.
Pessoal, em Itatiba, não existe gás encanado. O pessoal cozinha com gás de bujão (sinônimo: botijão). Normalmente, o gás acaba bem no meio do preparo da refeição. Aí, toca trocar o botijão (sinônimo: bujão – é verdade! Procurei no dicionário!). É uma chatice. Haja paciência, afinal, sempre sou o convocado para a troca. E toca a ligar para o fornecedor trazer um botijão cheio (de gás, naturalmente. Não de paciência!). Mas, isto é uma introdução ao segundo acidente por mim presenciado.
Circulando quase totalmente à direita, devagar, uma moto com um pequeno reboque metálico preparado para transportar dois bo... Ta! Dois cilindros de gás. Mas, a moto estava vazia. Vazia, não! Estava com o motoqueiro que a dirigia, como já disse, devagar. E distraído. Mas, sem nenhum bujão. Pois não é que, atrás da moto, aparece uma van, em velocidade pouco maior que a da moto, mas, também, com motorista distraído? Não deu outra! A van deu uma chacoalhada na traseira do reboque da moto. Não aconteceu nada, além do susto do motoqueiro que se pôs a esbravejar com o motorista. Gentes, mais uma vez eu parei e fiquei presenciando. Juro que tive muita vontade de rir. Mas, não ri. Como não juntou nenhuma horda de motoqueiros e os dois trataram logo de ir cuidar de seus afazeres, pois deviam ter coisa melhor para fazer, eu tratei de voltar a andar. Pessoal, falando, parece que foi um tempão. Porém, foram apenas uns rápidos segundos, se tanto. Mas, assim que eu recomecei a andar, em sentido contrário, mas muito próxima de mim, vinha uma senhora que também presenciara tudo. E, pelo jeito, ela também teve vontade de rir e não riu. Mas quando passei por ela, uma fração de segundo depois, um olhou nos olhos do outro e, aí, não deu mais. No meio da rua, nós dois caímos na gargalhada. Só Itatiba, mesmo, para provocar uma reação dessas.
Fui para a oficina, cacei uma cadeira, e fiquei lendo meu jornal até o carro ficar pronto.
Agora, motorizado, fui tratar de outro assunto, do outro lado da cidade. Estacionei o carro e, a pé, fui tratar de assunto na Santa Casa. Nada sério, nada relativo à saúde. Apenas resolver uma dúvida. Ninguém precisa se preocupar. Saí da Santa Casa e fui em direção ao meu carro. Ainda estava passando pela calçada em frente ao Asilo de Velhinhos quando vi uma charrete que vinha da direção oposta, num trote bem firme. Sim, em Itatiba ainda existem charretes.Quem dirigia a charrete era uma senhora de idade. Ao lado dela, a co-pilota, uma outra senhora, magrinha, com um chapéu de vaqueiro e par de óculos tão escuros que eu duvido que ela estivesse vendo alguma coisa. Enfim, uma visão de chamar a atenção de todos.
Pois não é que quando a charrete já estava bastante próxima, um carro, grande e velho, um Opala, bem nos moldes de Itatiba, resolve dar a partida e sair para o meio da rua? Gentes! Já vi motorista bom de direção e com reflexos rápidos, verdadeiro “piloto”, mas aquela charreteira também era “piloto”. Ela deu um puxão nas rédeas para o lado esquerdo e o cavalo, literalmente, no meio do seu trote apressado, pulou para a esquerda e conseguiu livrar a charrete do automóvel. Bem, este não foi propriamente um acidente. Foi um quase-acidente. Agora, quanto ao velhinho do Opala, já tinha feito mesmo a besteira, caiu no mundo e se mandou. Mas, não sem ouvir o palavreado da velhinha magra com chapéu de vaqueiro e óculos totalmente negros que, percebi, fazia as vezes de buzina da charrete. Gentes, como a mulher conhecia palavrão! Eu até fiquei prestando atenção para ver se aprendia algum novo. Só que, neste item, ela só conhecia os velhos, de acordo com a idade dela. Não aprendi nenhum palavrão novo. Mas, o que mais me chamou a atenção foi o pulmão dela. Que pulmão! Ela podia ter um repertório antigo para palavrões, mas o pulmão... Garanto que não foram só os velhinhos do Asilo e os pacientes da Santa Casa que ouviram. Itatiba inteira ouviu.os xingamentos.
SARAU NO ALTO DA LAPA
Sábado passado, depois de quase um ano, o “Família Jacaré” voltou a apresentar-se em público, no Alto da Lapa, em São Paulo-SP, em um sarau. Também se apresentaram uma cantora lírica e um grupo de rock, além de uma apresentação de dança moderna, e de apresentação de uma técnica recém importada do Japão de uma massagem contra dores. O sarau foi encerrado com a apresentação de poesias de autoria de três poetas presentes, inclusive a blogueira Luna Guedes, uma das organizadoras do sarau. Depois, foi oferecido um coquetel às pessoas presentes. As fotos que ilustram esta postagem são do evento. Naturalmente, nós (Nina, JF, Lu, Vagner, Juliana e Vanessa) somos os de camiseta branca com a inscrição “Família Jacaré”. Por que a platéia ri? Bom, são as nossas músicas “interpretadas”. O ápice (palavrinha rara) é quando eu “estrangulo” a Nina. Mas vocês só saberão mesmo vendo uma apresentação nossa. Aliás, estamos aceitando convites para nos apresentarmos. Nós podemos animar festas de aniversário, de formatura, casamentos, comícios, velórios, enterros... Enfim, animamos qualquer ajuntamento de pessoas. Menos pátio de cadeia!
BLOG ORQUIDÁRIO TERRA DO SOL
Combinei com minha amiga Vera Coelho que, todos os meses, o seu blog publicará um “causo” sobre orquidófilos escrito por mim. Já foi publicado o primeiro “causo”, onde conto as peripécias de um amigo para que suas orquídeas se beneficiassem de um pouco de sol. O blog está muito interessante, com muitas fotos e muitas “dicas” de cultivo para aqueles que possuem uma ou mais plantas e querem saber como cuidar, mesmo que não se considerem verdadeiros orquidófilos possuidores de centenas ou milhares de plantas. Muito interessante. Vale a pena conferir. O endereço? Ah, sim! É http://orquidarioterradaluz.blogspot.com/
É isso, pessoal.
Um abração a todos.
18 comentários:
Ai que saudade do sarau da Família Jacaré! É só quando desopilo o fígado, o coração, o pulmão! Que gostosura ver vocês se apresentando, as quatro gerações.
Impressionante como você transforma umas batidinhas bestas num conto tão maravilhos! Olha, estou aguardando novo conto para outubro. rsrrsrs
Um beijo bem grande no coração de cada jacarezinho. Vera
Meu grande amigo de infância J.F.!
Olha, tem uma surpresa para você no Antigas Ternuras.
Sobre a sua crônica a respeito da "vida mansa" de interior de Itatiba, olha, maravilha! Não imaginava que este plácido e bucólico recanto fosse o campeão nacional de acidentes de trânsito, incluindo automóveis e bucéfalos.
Olha, se vocês não estivessem tão longe de mim, eu contrataria a Família Jacaré (os von Trapp brasileiros) para apresentações aqui na minha sala. (Aliás, porque Família Jacaré?). Vocês são organizados! Têm até uniforme! Quem teve o prazer e a honra de conhecê-los pessoalmente como eu sabe o quanto vocês todos são simpáticos. Imagino o quão prazeroso seja para você e Nina perceberem que da união de vocês surgiu uma família fantástica, que leva adiante o DNA de vocês com tanto talento e simpatia. Parabéns mesmo a cada um dos jacarés. Carpe Diem. Aproveite o dia e a vida.
ADorei, paiê!!!! HAHAHAHAHAHA!!!!
Só faltou contar de um certo habitante da cidade de São Paulo, que muito antes de virar morador de Itatiba, bateu em um outro carro de São paulo, no único cruzamento que tinha semáforo em itatiba na época.... :-))))
Beijão!!!
Ai, delícia de vida e de ritmo!
Agora, estrangular a sua Sra. Nina, bom, só pode ser palhaçada das boas!
Estão contratados!
beijão, J.F!
Oi JF!
A vida em Itatiba é "leve" - boa de viver. Você sabia que meu genro tem casa aí? Vai ver que se conhecem... (rs)
Obrigada pelo carinho na mensagem que me deixou. Bom fim de semana.
JF, é um privilégio estar num lugar em que aspessoas se tromab e não surge nenhuma arma para acalmar os ânimos!. Tenho vontade de me esconder num lugar assim. Bjkª. Elza
O segredo é não ficar comparando os costumes mas aceitar a cidade e seu povo.Botijão de gáz , se não tem um sobressalente tem que colocar no carro e pegar no posto mais próximo de sua casa porque o entregador acha que vc tem um.
Deve ser mesmo mto boa a apresentação de vcs! qq dia desses quero ver...
e os acidentes, bo.. acho q eles estao em todos os lugares ne.. mas jamais serao resolvidos de maneira pacifica e tranquila com no interior.
beijoss
JF
Imaginei as cenas...pitorescas, bucólicas,interessantes, quase singela, não fôsse a velhinha magricela com seu pulmão a todo vapor. ahahaha....rsrsrs.
Que família talentosa!!!!!Essa união com as artes é muito bonito e raro, de se ver. Parabéns
Abração.
Adorei o ritmo de Itatiba. E depois que parei de rir ao imaginar os gritos da velhinha consegui ler o resto do post. Gostei... Beijos a vc e a Nina
Olá JF! Timidamente estou voltando para a blogosfera! Meu Deus, o trânsito está mesmo caótico em todo lugar. Até aqui que é cidade pequena os acidentes estão terríveis. Ontem perdemos um garoto muito popular numa batida de moto. Mas falando do lado alegre... Parabéns a toda família! Que delícia! E a Luna? Quanto tempo que não a leio e não sei dela, mais um contato a nos unir!
Bem, sobre seus shows, mandei pra você via orkut o vídeo do novo cantor da família, ele propõe fazer um dueto com Ed, que tal? Beijo!
Ah, que história é esta de enforcar a Nina? Creio que você dorme com um lado do cérebro e o outro fica de guarda não é? Hahaha. Beijos!
Lendo você dá até vontade de ir morar em Itatiba! eta cidadezinha gostosa! Sei o que vocêr deve estar pensando:" Essa velha idiota que nem de casa sai, para ela tanto faz Itatiba Sorocaba ou os confins da China " Bem, é verdade, como é verdade que por aqui acontecem acidentes de verdade como o que matou estes dias um amigo de meu neto. Eu não conhecia o rapaz mas participei da tristeza do meu menino por perder o amigo.
Quanto a apresentação da Familia Jacaré, fiquei com inveja de quem pode assisti-loa mais vezes e eu estive pensando: O que acha da gente agendar para meu próximo aniversário? (6 de Mais)? Se eu chegar lá, é claro!
Beijos para todos vocês;
Lendo você dá até vontade de ir morar em Itatiba! eta cidadezinha gostosa! Sei o que vocêr deve estar pensando:" Essa velha idiota que nem de casa sai, para ela tanto faz Itatiba Sorocaba ou os confins da China " Bem, é verdade, como é verdade que por aqui acontecem acidentes de verdade como o que matou estes dias um amigo de meu neto. Eu não conhecia o rapaz mas participei da tristeza do meu menino por perder o amigo.
Quanto a apresentação da Familia Jacaré, fiquei com inveja de quem pode assisti-loa mais vezes e eu estive pensando: O que acha da gente agendar para meu próximo aniversário? (6 de Mais)? Se eu chegar lá, é claro!
Beijos para todos vocês;
Oi, J.F.
Foi um prazer visitar seu Blog, sou aposentado e também moro num sítio. Estou no interior do RS, na cidade de Rio Grande. Seus "acidentes" renderam boas risadas, parabéns!
Por favor, se desistiu , me avise.
Mas bah! J.F.
É meu primeiro comentário e gostaria de extrear em grande estilo! Mas não posso perder a piada:
Volta pra São Paulo! Lá, parado no congestionamento você corre menos riscos!
Muito Prazer! Diler...
QUEREMOS POST!!! QUEREMOS POST!!! QUEREMOS POST!!!
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