terça-feira, setembro 25, 2007

Uma homenagem ao seu aniversário

O texto escrito hoje não é meu. É de minha querida amiga Lana Silveira, das listas de discussão Orquídeas-Mundo Orquidófilo e NESO. É um texto muito lindo e que só alguém com muita sensibilidade pode escrever. Me emocionou e pedi à Lana para reproduzi-lo aqui.
Obrigado, Lana, por este momento de tanta ternura.

- - - - - - - -



Mamãe
Não sei se adiantaria dizer o seu nome completo: Maria Nazareth Azevedo Toledo Alves, ou, simplesmente seu singelo apelido: Ná!.....
Ah!...sim ela está aí em Itajubá onde foi menina, moça, e se casou!...
Em Itajubá, fui à sua procura, e a encontro em todos os lugares!...E fico sentada em seu canto predileto, recordando esse tempo que passou e que vivi ao seu lado.
A cidade, hoje tão estranha às minhas recordações, não se lembra mais da sua fisionomia e nem sabe o quanto ela amou essa terra!... Também não importa! É tão natural esquecer e ser esquecida ao longo dos anos! E os anos foram tantos, que também a cidade mudou sua face, cresceu e se esqueceu de nós!..
Assim se hoje venho a Itajubá procura-la nas saudades que acumulam em meu coração, deixa que eu o faça livremente! Porem agora invisível aos olhos humanos, já integrada no silêncio dos que estão junto de Deus.
Começo a procura-la na igreja justamente na capela das filhas de Maria.
Ajoelhada diante do altar, só de olhos fechados posso ver a igreja e sentir a sombra da minha mãe debruçada sobre minha cabeça ensinando-me a rezar!..
Sinto vibrações que permanecem no local!
Escuto os canticos sacros que marcaram minha fé! As lembranças se avivam, tomam forma e entro em contato com o passado que está ali nas paredes da igreja, nas colunas que sustentam o teto, nos bancos da nave e no silêncio que me envolve, recuo despertando em mim, a criança que dorme em meu íntimo!...
Volto a procura-la, lá fora no chão que ela pisou, no ar que respirou,nas ruas por onde andou,no horizonte que ela fitou talvez sonhando coisas que se desgastaram com o tempo!....
Em todas as minhas buscas, encontro uma resposta afetuosa que me enternece!...
Aqui viveram meus avós, minha mãe, tios, primos, o que justifica este clima de aconchego e amor que é todo meu!...
Neste silêncio da cidade pequena encontro mamãe!...juntas percorremos todos os recantos onde a vida escreveu a sua história, a nossa vivência!...
Lugares onde foram guardadas as alegrias mais ternas, as esperanças mais acalentadas, os afetos mais puros, as tristezas sofridas, as lágrimas derramadas!...
Ponho o ouvido no chão e escuto seus passos através do tempo!... Adivinho suas angustias, seus medos, suas esperanças e alegrias, neste pedaço de vida que ficou por aqui!...
Seu coração pulsa no agitar das arvores, no vôo dos pássaros, na beleza das flores, no repicar dos sinos, no marulhar das águas do rio que passa lá em baixo!...
Se chove, nesta cidade, escuto seu choro nas águas que rolam... nas noites estreladas seu vulto passa conduzindo um bando de crianças que foram sua vida e ainda são o seu amor!...
Algumas vezes ela segura a minha mão e me leva aos passeios da minha infância. De novo me sinto menina correndo atrás das borboletas, brincando nas águas limpidas dos córregos, voltando cansada pra casa...
Minha mãe foi MARAVILHOSA!
Lutou como heroina junto ao meu pai, e nos deu segurança, devotamento e muito amor! Ela foi a mulher forte que nos fala a Bíblia! Foi nossa estrela guia, nosso anjo, nossa luz!...
Tinha um porte altivo, um andar elegante, um olhar firme, um gênio autoritário e independente!....
Era rigorosa em seus métodos de educação! Suas convicções religiosas foram inabaláveis!...
Amava a família com intensidade!
Morreu idosa, lúcida, brava como sempre! Em seu olhar havia paz imensa e doçura infinita!
..................................................................................................................
Volto a cidade, procurando por ela junto as lembranças doces da vida!...
Que importa seu nome completo ou seu singelo apelido?
Mamãe é mamãe e eu sou a sua Eliana, que tão docemente me chamava de
Lana


Lana-SP


(Transcrito da lista de discussão NESO (Yahoo), 25/09/2007)

Um comentário:

Anônimo disse...

Lana querida,

Falar de mãe já me emociona, quanto mais da maneira tão saudosísta que falou. Na verdade eu me transportei para este texto tão lindo e tão sincero, feito numa hora de grande inspiração e saudades.
Meu abraço a você, a quem tanto aprecio.