Nestes últimos dias, com a proximidade do jantar de confraternização pelos 50 anos da formatura no curso clássico do Colégio São Luiz, tenho lembrado de algumas histórias daqueles tempos de passado tão longínquo e, ao mesmo tempo, um passado sempre presente na memória.
Outro dia contei a história da contusão que me "tirou" da seleção brasileira do mundial de 62. Hoje vou contar duas histórias do Miguel.
O prédio ainda era o antigo casarão da avenida Paulista, 2324, cuja fachada pegava quase toda a quadra, entre as ruas Bela Cintra e a Haddock Lobo, apenas limitado pela igreja, na esquina da Bela Cintra. Evidentemente, isso foi em uma época em que o casarão, do final do século 19 ou início do século 20, não estou certo, ainda não tinha sido derrubado na calada de uma noite, para evitar protestos de saudosistas.
Durante uma aula de física, do Padre Fortuna, velhinho amigo da turma e que tinha uma prótese de madeira em uma das mãos, por tê-la perdido em uma experiência de laboratório, o Miguel pediu licença para ir ao banheiro.
Enquanto ele estava "lá fora", uma tremenda explosão sacudiu o velho prédio.
Gentes, minutos depois surge o Miguel, mais branco que papel branco lavado com um bom alvejante e, inclusive, com um tremendo zumbido noo ouvidos. Enquanto êle estava "lá", pensando na vida em um dos reservados, se é que vocês me entendem, alguém entrou e colocou uma tremenda bomba em outro dos reservados do banheiro. Precisamente como previa e pretendia o autor, a bomba explodiu. E que explosão! Derrubou todos os azulejos do reservado, além de destruir a bacia. Isso com o pobre do Miguel devidamente acomodado dentro de outro reservado.
Mas, o que marcou mesmo o momento, foi o comentário do Padre Fortuna ao ouvir o estouro:
"Puxa! O Miguel estava mal, mesmo!"
Mas, o Miguel gostava de aprontar. Lembram que eu falei no Luiz "O Forte", halterofilista fanático, grande amigo de todos, e que fazia parte da inexpugnável zaga da seleção de futebol da classe? Aquela zaga que deixava passar todas as bolas, mas nenhum jogador adversário? Pois o Miguel desafiou o Luiz para uma luta de "Braço de Ferro". É assim: Os participantes ficam um de frente para o outro, com os cotovelos apoiados em uma superfície plana, em geral uma mesa, um pega a mão do outro e procura, sem tirar o cotovelo da superfície em que se apóia, puxar o braço do outro para a esquerda. Vence aquele que fizer o braço do outro, em sua totalidade, tocar na superfície. Evidentemente, o Miguel não teria a mínima condição de vencer o Luiz. O rapaz era forte, mesmo! A notícia do desafio correu o colégio. Na hora do recreio, veio todo mundo assistir à derrota massacrante do Miguel. Lógico que, por folia, a imensa maioria dos assistentes torcia pelo Miguel, enquanto uns pouquíssimos faziam as vezes de torcida do Luiz. Começado o jogo, ao contrário do que se poderia imaginar, o Miguel, firme e inamovível, conseguia sustentar o braço do Luiz e não caia. E o Luiz, cada vez mais ia ficando vermelho pela força cada vez maior que ia empregando. E o Miguel, só sustentando posição, com um leve sorriso trocista na boca, o que deixava o outro ainda mais furioso. E O Luiz fazia força! E o Miguel, firme como o rochedo de Gibraltar. E o povaréu já chegava ao delírio!
Bom, o Miguel lutava vestido com uma camisa de mangas compridas, abotoada nos punhos, e, ainda por cima, vestia um paletó, embora eu não lembre se era um dia frio. Escondido pelo punho abotoado, o Miguel tinha uma ponta de cinto presa ao redor do pulso. O cinto avançava por dentro da manga da camisa, atravessava por dentro dela e saia por baixo do paletó, para trás, onde três outros "sócios" seguravam o cinto e faziam uma força dos diabos para conter a força do Luiz. O qual, evidentemente, com tanta gente junta ao redor de ambos, não percebia o que estava acontecendo. Mas, aquela gente toda, que via o que estava acontecendo, estava era se divertindo às custas do pobre halterofilista desavisado que, acho, nunca fez tanta força na vida.
E, assim, heroicamente, o Miguel ia resistindo ao Golias Luiz. Até que o inesperado aconteceu. Um baita de um estalo e o cinto partiu-se em dois, arremessando os três asséclas do Miguel, agora desequilibrados com o repentino movimento, para longe. Logicamente, o Luiz em uma fração de seguno dobrou o braço do Miguel e venceu a luta. Mas vocês precisavam ver a cara dele quando percebeu o que havia acontecido. Era raiva e ao mesmo tempo satisfação por ter vencido daquela forma.
Grandes tempos! Grandes amigos!
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Pessoal, minha filha a Lu Farias, desenhista, ilustradora, voltou a postar seus desenhos no seu blogue específico, o http://lucianadesenhista.blogspot.com/ Vale a pena dar uma conferida.
Igualmente, meu cão beagle, o Eddie Wood, aquele que me obriga a digitar seus textos doidos em seu blogue, está com postagem nova. Deve estar entrando neste momento ou em minutos. Desta vez, ele deixou de lado a sua proverbial (e falsa) modéstia, para falar da Carol, uma menina que tem prazer em recolher cães abandonados, aqueles que não sabem nem procurar água e comida, e arrumar um novo lar para eles. Uma mensagem bem bonita. http://edbeagle.blogspot.com/
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Pessoal, este adendo estou colocando após a publicação do post. Não deu para esperar a próxima blogagem, pois refere-se a uma postagem que acabo de ler em excelente blogue.
O Marcos Dhotta edita um blogue muito bom de suas lembranças e, muitas delas, lembranças de todos nós. É o blogue CARÍSSIMAS CATREVAGENS. Gosto muito desse blogue e até tenho o link para ele, aí na relação dos blogies amigos. Vale a pena ser lido e estar na relação de Favoritos. Postagens muito interessantes! A última postagem é uma crônica que precisa ser lida. Nem vou dizer o assunto. Apenas o título: DESMANTELO SÓ PRESTA GRANDE! Confiram! O endereço: http://carissimascatrevagens.blogspot.com/
Abração e até à próxima.
JF
16 comentários:
Essa do cinto decerto foi muito bem planejada, hein! Hehe!
E o que aconteceu no caso da bomba?
...
Passe lá no meu blog e deixe seu comentário!!!
Meu caro JF! Estes casos de escola são deliciosos de se lembrar... Ah como devem ter rido do pobre Miguel assutado em pleno trono e, depois da queda de braço, o Miguel não teve problemas com o grandalhão? rsrsrsrs
Eu vou lá ver a Lu e ler o Ed! Beijões procês!
Boas lembranças. Fez-me recordar de uma casa do tempo do Brasil colônia em Bitória/ES e que foi derrubada na calada da noite para ser construído ( o que efetivamente o foi) o Forum. Uma aberração de granito preto.O desembargador, presidente do tribunal e lider do vandalismo justificou dizendo que a casa já estava "naturalmente " tombada.
É por isso e apenas por isso que acho os tempos colegiais interessantes. Lendo seu post fui lembrando de tantas coisas e comecei a rir sozinha aqui.
Beijos "pro cê e pra Nina.
Lunna
Coitado do "Xará" no episódio do reservado, cara, é pra voltar tudo pra dentro novamente, hehe. Agora, que sacanagem a queda de braço, ri muito, que engenharia para vencer o halterofilista, mas acho que tudo terminou em risadas, não é mesmo? Tenho também inúmeras recordações do meu tempo de colégio em Jaboticabal, cidade que morei até meus 14 anos. Grande abraço Jota, bons pulinhos no carnaval..hehe. Até a próxima.
ps: estou visitando o blog da filhota.
Paiê! Sempre fui fã das suas histórias, e essas passagens são das melhores.
Tão bom de ler quanto sempre foi de ouvir.
Beijocas!!!!
Eu gavo a criatividade da história do cinto. Fiquei com dó do Miguel pelo susto que levou e depois por ter sido descoberto. Devem ter feito muita chacota.
Vou lá ver a Lu e o Eddie Wood.
Bjim
OI JF! Voltei para fazer uma visitinha!
Novidade: Meu "Tamanquinho" vai ter uma ninhada de umas 30 flores imensas!
Beijos!
POW!! Miguel só entrava em fria!! Ele ainda é desastrado? (rs*). Saudade do Ed, vou lá!! Beijuzinhos na Luciana, faz tempo que não vou no blogue dela, vou lá também matar saudades!! Boa semana! Beijus,
Grande J.F.! Meu amigo de infância!
Como é bom ouvir histórias de colégio... Eu gosto muitíssimo de ficar lendo as aprontações dos amigos. Eu também fiz uma coisinha ou outra no meu tempo. Volta e meia eu conto no meu Antigas Ternuras.
Eu fiquei imaginando o que deve ter acontecido com o Miguel, em pleno número dois, levando um susto daquele. Acho que até o intestino dele deve ter saído. Quanto ao fortão... Pô o cara era forte mesmo!
Carpe diem. Aproveite o dia e a vida.
Esqueci de comentar: seu novo template ficou ótimo!
Carpe diem.
JF
Belos tempos...ótimas lembranças, esse Miguel deve ter sido uma figura e tanto, heheheheh!!!!!!!!!
Aqui em Campinas, o Teatro Municipal Carlos Gomes, obra magnífica projeto de Ramos de Azevedo, foi derrubado na calada da noite em 1965. Abração
Caríssimo "J", passando pra deixar um grande abraço, saudades de seus agradabilíssimos post's. Saúde meu caro, logo mais estaremos por aqui. Inté
Oi!
Que bom estar de volta ao convivio de tão queridos amigos!
Gente velha quando some a gente sempre pensa: "Será..." Não me diga que não pensou, mas se pessou errou porque a velhota aqui está cada vez mais ocupada e imperdoavelmente abandonou um pouco os blogs.Mas estou retornando, prometo! Eu estou publicando uma novelinha no Recanto das Letras. Vá conferir e se achar que vale a pena já tem 12 capitulos publicados. Nesse mesmo site participo com um grupo que desenvolve um desafio por semana. De uma olhada e se achar que vale a pena junte-se a nós. O grupo é muito bom! Estou tambem participando de um desafio da Camara dos jovens escritores. Começa segunda feira com um texto humoristico sobre um incêndio. Alem disso minha neta que é professora de portugues me pediu uma historia de fada conteporanea para ela dar aos alunos dela ( você não quer me ajudar nessa? Você é tão criativo!)Como vai a divertida familia Jacaré? Quando vem comer um churrasquinho, tocar violão e jogar conversa fora? Você sabe que o convite é permanente.Até a próxima! MAITH http://recantodasletras.uol.com.br/contoscotidianos/2843303
Confirmando o endereço do site
http://recantodasletras.uol.com.br/contoscotidianos/2843303
Num tem causo do Santo Inácio também, quando você ia a Buzios gargalhadas
M RIta
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