domingo, março 16, 2008

FOGÃO DE LENHA

TATO FISCHER NO VILLAGIO(SP) E NO PANORAMA(RJ)

No próximo sábado (22), às 22 horas, no Villaggio Café (Praça Dom Orione, 298 - Bela Vista - Sampa - reservas (11) 3571-3730 ou villaggiocafe@terra.com.br), meu amigo Tato Fischer estará se apresentando. A mesma apresentação acontecerá no Rio de Janeiro, no Panorama, na segunda-feira (24).

Tato Fischer (Carlos Eduardo Fischer Abramides)


20/6/1948 Penápolis, SP

Músico. Ator. Diretor teatral. Irmão de Iso Fischer (cantor, compositor e pianista). Bacharel e licenciado em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. É formado em Piano pelo Conservatório Musical de Lins (SP).

Foi fundador e primeiro pianista do conjunto Secos & Molhados, integrado por Ney Matogrosso, Gerson Conrad e João Ricardo. Participou em festivais de música, dirigiu e integrou grupos de teatro como ator e músico, tendo recebido diversos prêmios, dentre os quais o APCA por "Foi bom, meu bem?".

(Dados acima extraídos do Dicionário Cravo Albin de Música Popular Brasileira - http://www.dicionariompb.com.br/verbete.asp?tabela=T_FORM_A&nome=Tato+Fischer)


Tato Fischer é dono de uma excelente voz e de uma afinação excepcional. Instrumentista de muita qualidade. Cantor, compositor, instrumentista, diretor teatral, diretor musical, mágico. Professor de canto, criou e rege o coral "Amídalas Cantantes", de Santo André-SP.

Mais sobre Tato Fischer: http://www.tatofischer.com.br/

Não deixem de ver Tato Fischer. É uma apresentação imperdível.

_ _ _ _ _ _

FOGÃO DE LENHA

Meus pais compraram o sítio em 1970. A casa era uma casa grande, mas velha. Não antiga. Velha! Mas, na cozinha, havia um fogão de lenha. Minha mãe, nascida e criada no interior de São Paulo, ainda nas primeiras décadas do século vinte, gostou muito da idéia de poder cozinhar num fogão a lenha, embora não prescindisse de um moderno fogão a gás, instalado ao lado do primeiro. Tradição é tradição, mas o progresso é mais prático. Mais tarde, na casa nova, foram feitas duas cozinhas. A cozinha normal, com o fogão a gás, e a cozinha da Dona Amélia, nos fundos da casa, com o fogão de lenha.

O fogão a gás servia para a caseira preparar almoço e jantar. No fogão de lenha, minha mãe, principalmente, cozinhava feijão, fazia doces, etc.

Mais para a frente, numa ampliação da casa, a cozinha de Dona Amélia foi desativada e, no lugar, foi feita uma grande suíte para meus pais. A partir disso, sobrou apenas fogão a gás. Mesmo porquê, nessa altura, minha mãe já não cozinhava mais.

Do antigo fogão de lenha sobraram as lembranças. Uma dessas lembranças é justamente o prazer que minha mãe tinha de usar aquele fogão. Um cozimento lento mas perfeito. Por igual. Por dentro e por fora. Os doces, principalmente, estão na memória de todos: doce de mamão em calda, doce de abóbora, doce de laranja, etc.

Algumas histórias também ficaram.

Uma ocasião, só por folia, coloquei milho de pipoca dentro do fogão. Minha mãe acendeu o fogo e começou a preparar suas coisas. De repente, aquele milho todo começou a pipocar dentro do fogão. Ela tomou o maior susto e aquilo rendeu muita risada.

Outra coisa que rendia muita risada era a fumaceira do fogão da cozinha velha. A chaminé estava meio entupida. O resultado era que aquele “fumacê” vinha da cozinha e invadia a casa inteira. Minha mãe não reclamava disso. Mas, bastava meu cunhado, acender um cigarro e lá vinha ela reclamar da fumaça do cigarro invadindo a casa inteira. E, assim, o Paulo, único fumante da família, se via obrigado a fumar apenas fora da casa.

Mesmo em dias de muita chuva, a criançada não dispensava a piscina. Para secar biquínis e tênis molhados, minha irmã Maria Amélia colocava essas peças sobre o fogão a lenha. Só que, às vezes, esquecia. Quando alguém entrava na cozinha, encontrava tênis e biquínis assados.

São lembranças boas e divertidas.

Agora, tendo nos mudado para o sítio, a Nina começou a fazer os doces que minha mãe fazia. No próximo sábado, 15, estaremos recebendo umas 40 pessoas, entre amigos e familiares, para uma de suas especialidades culinárias: feijoada.

Hoje, a Nina veio com uma conversa:

“Nós poderíamos fechar este terraço da porta da cozinha. Na parte da frente, colocaríamos uma porta metálica envidraçada. Uma das laterais, fecharíamos com vidro. A outra lateral fecharíamos com alvenaria e, nessa parede, construiríamos um fogão de lenha. Já pensou esses doces caipiras feitos e apurados em fogão a lenha, com fogo bem lento?”

Fiquei pensando!

E pensei, também, na feijoada apurada de um dia para o outro sobre as brasas de um fogão de lenha. Isso vai ficar bom demais!

Volta ao passado? Não! É que comida preparada no lento, prosaico, mas romântico fogão de lenha fica bem mais gostosa que a comida feita no prático, rápido e moderno fogão a gás. Ah! Isso fica!

_ _ _ _ _ _

COMENTANDO UM BLOG

Já andei comentando e recomendando vários blogues. Gostaria de comentar todos de uma vez, mas não é possível. Mas, como sempre digo, recomendo a leitura de todos os blogues que estão na minha relação de links de “blogues amigos”. Todos eles são excelentes blogues.

No dia de hoje, está completando três anos de existência, com mais de cento e tantas mil visitas, o “Antigas Ternuras” - http://antigasternuras.blogspot.com/

Nesse blogue, de uma forma absolutamente descontraída, meu amigo Marco conta reminiscências, explica o significado de expressões usuais, narra curiosidades, etc. Os escritos do Marco têm o poder de prender a atenção de seu leitor de tal forma, que nos sentimos dentro do texto. É um blogue digno de ter seu endereço nos “favoritos" de todo leitor de blogues de 8 a 100 anos de idade.

Abração.

8 comentários:

Anônimo disse...

Fogão de lenha e tudibom!!!!

Faça mesmo.

Eu bem queria ter comido essa feijoada!
Beijos JF

Luciana L V Farias disse...

hmmmmmm..... com a volta do fogão de lenha teremos a volta da tia Memé queimando pés de tênis???

beijão!!!

Anônimo disse...

Lendo seu post não pude deixar de rir ao constatar, o que, alias, todo mundo sabe, que estamos sempre querendo o que não temos e deixamos de valorizar o que temos.Quando me casei, na cidadezinha onde morávamos o fogão era de lenha e o meu sonho era ter um a gás igual o que uma cunhada "rica" que morava em SP tinha. Meu maridinho novinho em folha me prometeu, é claro, mas só quando mudassemos, pois lá não havia gás.
Hoje o dificil é arranjar lenha para os obsoletos fogões de lenha.
Minha mãe exigia lenha de qualidade, madeira de lei. Eu não entendia de lenha e queimava qualquer coisa( muitas vezes até a comida rs rs
Eu vim aqui para convidá-lo para ver no http://www.bisavo.blogger.com.br
o meu desabafo de sãopaulina sofredora.
Achei tão interessante o seu texto que acabei ficando aqui batendo papo e olhe lá que eu sou bem capaz de derrepente aparecer ai no seu sitio para comer feijoada.
tchau!
Maith

Anônimo disse...

Oi! Vim conhecê-lo a convite da querida Bisa Maith. Adorei tudo por aqui e seus textos me fizeram sentir uma saudade enorme do meu Pai "que já virou Luz"...
O fogão de lenha, era uma idéia que ele queria por em prática na nossa área... Mas... Não teve tempo.
Com certeza voltarei mais vezes.
Se quiser nos conhecer, será muito bem vindo.
Abraços... Zel e Othávio.

Marco disse...

Meu caro amigo de infância! Não bastando nos brindar com essa delícia de história sobre fogão de lenha (eu sei muito bem o que é isso! um ensopadinho, um feijãozinho gordo no fogão à lenha é provavelmente a primeira grande maravilha do mundo!), ainda me faz essa recomendação. Ah, venha de lá um abraço, caro J.F! Obrigado, muito obrigado mesmo por essas palavras carinhosas. Espro sempre poder contar com a sua atenciosa leitura em meus escritos cheirando a naftalina. Um forte abraço. Carpe Diem. Aproveite o dia e a vida.

Blog do Beagle disse...

JF eu me lembrei do fogão à lenha da casa de minha vó, lá em Tambaú. Enquanto os netos corriam pelo jardim e jogavam bolonhas de barro obtidas na olaria mais próxima, ela cozinhava. Aos poucos nós íamos comer as porpetinhas que deveriam enfeitar a macarronada ... Comida boa e muitas histórias contadas por minha Mãe... Senti saudade. Obrigada por reavivar minha memória. Bjkª,. Elza

Anônimo disse...

No meus tempos de garoto, lá pelas bandas de Uberlândia, tive o meu primeiro contato com um fogão a lenha. Eu, garoto da cidade, recém chegado da terra da garoa, nunca tinha visto algo assim, tão...tão...tão...arcaico! Onde já se viu ter que sair por aí catando galhos, madeira e não sei mais o que pra cozinhar? afinal tínhamos um possante fogão a gáz, seis bocas, forno enorme e sonho de toda família feliz. E não dei mais bola para aquela curiosidade pré-histórica. Não dei bola até o dia em que a empregada recém contratada pra cuidar da casa, que era grande, e dar uma folguinha para a Dona Lucy cuidar dos seus tres pimpolhos, resolveu colocar o fogão a lenha para funcionar e fez um refogadinho de quiabo com ovo frito que me lembro até hoje. Depois desse dia minha curiosidade e respeito pela estranha construção cresceu e fui acompanhando (e saboreando) os quitutes que eram preparados. Foram muitos mas o que sempre me lembro é o da galinhada, preparada com uma galinha (pobre coitada...) do nosso galinheiro, abatida na véspera para deliciar a família. Esse era o prato principal, preparado e servido com esmero, quando vinham os parentes lá de São Paulo, visitar os novos mineiros. Recordações e sabores tão bons!

Abraço proceis
Eduquirino

Unknown disse...

Adriana.
Moro em Santa Catarina (Joinville), e vou fazer um fogão à lenha na minha casa. Pois vou amar voltar aos tempos passados, onde tudo era mais simples e também com pouco a gente se realizava.
Amo fazer comida pra minha família e ainda mais agora num fogãozinho de lenha. Hummm. Que delícia.
E vou viver aqui com a máxima simplicidade de eu puder. Porque é ela que nos faz feliz.